A compulsão alimentar é um problema que atinge milhares de pessoas no mundo inteiro. É importante saber distinguir quando o excesso se diferencia da doença.
Quem já se viu diante de uma mesa de guloseimas sabe que todos exageramos de vez em quando. Embora possamos chamar isso de “compulsão”, a definição médica para o termo compulsão alimentar se aplica quando o consumo excessivo se torna um hábito regular e incontrolável. “A principal característica é que não se consegue evitar comer, nem parar depois que se começou”, explica a Dra. Eva Conceição, pesquisadora em Psicologia da Universidade do Minho, em Portugal.
A compulsão alimentar foi oficialmente reconhecida como doença mental na quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), da Associação Psiquiátrica Americana, publicado em 2013 e usado no mundo inteiro.
Os cientistas não têm certeza da causa do transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP), mas desconfiam que haja um componente genético, como acontece às vezes com o alcoolismo.
35% a 40% dos pacientes com TCAP são homens.
Como costuma se ligar à ansiedade e à baixa autoestima, o TCAP pode ser tratado com psicoterapia. Os médicos também receitam várias opções farmacêuticas off-label, ou seja, como antidepressivos ou antiepiléticos. Um medicamento oficialmente sancionado para o TCAP por um órgão de saúde americano é o demesilato de lisdexanfetamina (nome comercial, Venvanse). Já usado por pacientes com TDAH, acredita-se que essa substância reduza a compulsão alimentar de difícil controle. No entanto, não é uma “pílula da dieta” e não é recomendado para quem quer perder alguns quilinhos. E como distinguir o TCAP do simples excesso alimentar?
Nem sempre é fácil. Os problemas de peso não bastam para fazer o diagnóstico: embora cerca de dois terços dos comedores compulsivos sejam obesos, o contrário não é verdadeiro. Muitos gordos devem seu estado à vida sedentária, à alimentação desequilibrada ou às porções grandes demais.
O DSM-5 lista as características que distinguem o TCAP: nos episódios, que costumam acontecer pelo menos uma vez por semana, os compulsivos comem depressa e muito, estejam ou não com fome, e tendem a fazer isso sozinhos.
Caso soe familiar, procure um médico. Além de tratar os aspectos psicológicos do TCAP, ele pode aconselhar uma dieta e instituí-lo a evitar estratégias insalubres. Pular refeições ou restringir demais as calorias, que poderiam provocar novos episódios, pode ser uma delas.
Por Samantha Rideout