Muito se tem falado sobre a eficácia e a segurança da vacina CoronaVac, aprovada pela Anvisa. Confira os dados de sua eficácia e saiba mais.
Julia Monsores | 13 de Janeiro de 2021 às 16:04
Muito se tem falado sobre a eficácia e a segurança da vacina CoronaVac, que recebeu o aval da Anvisa e estará disponível no Plano de Imunização neste ano. Ontem (12), o Instituto Butantan, responsável pela produção da vacina no Brasil, compartilhou que a taxa de eficácia geral contra a Covid-19, apresentada em seu estudo com 12.508 profissionais de saúde voluntários, foi de 50,38%.
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Apesar de estar abaixo dos 78,38% divulgado anteriormente, que representa a taxa de casos leves e moderados da doença, a vacina cumpre todos os requisitos universais para ser considerada um imunizante viável.
“Ao olharmos os dados da CoronaVac ontem, nós vimos que quanto mais grave é a análise do parâmetro para eficácia (se é para hospitalização, se é para casos graves, se é para casos que mereceram atendimento médico) melhor é a estimativa de eficácia. Então isso já antecipa um cenário, do ponto de vista de saúde pública, onde visualizamos que uma vacinação com essas características que foram apresentadas ontem traria um impacto positivo para reduzir mortes, hospitalizações e sobrecarga dos serviços de saúde”, explicou o Dr. Marco Aurélio Sáfadi, presidente do Departamento de Infectologia da SBP em reportagem à BandNews FM.
Na última sexta-feira (6), médicos e cientistas do Instituto Butantan comemoraram a eficácia da vacina de 78% contra casos leves da doença e de 100% para casos moderados e severos.
No entanto, nesta terça-feira (13), em documento entregue à Anvisa para formalizar o pedido emergencial de uso da CoronaVac, surgiram novos números, o que causou confusão de entendimento por parte de muitas pessoas.
Isso ocorre porque a eficácia geral divulgada no estudo da CoronaVac inclui todas as formas de Covid-19. Ou seja, até mesmo os infectados considerados como “casos muito leve”, que não apresentaram sintomas que necessitassem de atenção médica.
Desse modo, foi incluído até mesmo quem registou queixas de inflamação da garganta por um dia ou somente dores de cabeça. O que traz maior credibilidade quando comparado a outros estudos de outras vacinas que não incluíram essas manifestações mais leves.
No entanto, apesar da eficácia comprovada nos estudos da CoronaVac, de acordo com o diretor de pesquisa do Instituto Butantan, Ricardo Palácios, ainda faltam estudos sobre a efetividade da vacina.
“Precisaremos fazer estudos de efetividade, nos quais a gente verifique qual impacto que tem em geral nas comunidades vacinadas”, afirmou.
Diferente da eficácia, a efetividade mostra, no cenário real, fora do laboratório, os resultados da vacina. O ideal é que ela se mantenha bem próxima à taxa de eficácia. No entanto, ela pode ser maior ou menor, dependendo de uma série de fatores presentes durante a vacinação.
A eficácia de uma vacina indica o percentual de pessoas que estarão protegidas do vírus depois de tomar as doses. O quanto uma vacina precisará ser eficaz para proteger a população irá depender, entre outros fatores, da taxa de transmissão da doença.
O Sarampo, por exemplo, por apresentar uma taxa de transmissão de até 90%, precisou de uma vacina com alta eficácia para ser controlado. E isso porque uma pessoa infectada com Sarampo consegue infectar até 13 outros indivíduos saudáveis.
Mas felizmente, esse não é o caso da Covid-19, cuja taxa de infecção é expressivamente menor do que a do Sarampo (2,5%). Por isso, é possível que haja uma vacina segura com taxa de eficácia menor e que mesmo assim consiga promover a redução do número de casos.
Além disso, outro fator deve ser levado em consideração no cenário real de imunização é a imunidade coletiva, que é atingida depois que grande parte da população é vacinada.
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E isso acontece porque em um cenário de vacinação em massa as pessoas vacinadas criam uma barreira que impede a transmissão do vírus adiante. E assim, evitam a propagação do vírus para pessoas que não foram imunizadas pela vacina.
Assim posto, vale ressaltar que a vacinação não é eficaz apenas para a proteção individual, mas sim parte de uma estratégia de proteção coletiva. E que mesmo após torna-se uma realidade para os brasileiros deve ser uma aliada das medidas de proteção, como o uso de máscaras e distanciamento social.