Câncer de mama: mulheres negras correm maior risco

Um estudo da UFMG comprova que as mulheres negras (pretas e pardas) têm menos acesso aos programas de controle do câncer de mama.

Redação | 3 de Outubro de 2022 às 15:54

MargoeEdwards/iStock -

No mês de outubro, é iniciada a campanha de prevenção do câncer de mama: o Outubro Rosa. No Brasil, as mulheres negras (termo que inclui pretas e pardas) têm menos acesso às ações do plano de controle do câncer de mama.

A informação é da pesquisa Diagnóstico em estádio avançado do câncer de mama na América Latina e Caribe e sobrevida de mulheres tratadas para essa doença pelo Sistema Único de Saúde segundo raça/cor.Trata-se de uma pesquisa de doutorado, da Universidade Federal de Minas Gerais,que trabalhou com dados do SUS.

Segundo o estudo da pesquisadora Lívia Lemos, a taxa de sobrevida das mulheres negras é 10% menor que a de mulheres brancas que são tratadas pelo SUS. “O câncer de mama afeta diferentemente as mulheres segundo a cor da pele. Nós pensamos que seria muito relevante demonstrar a magnitude desse diagnóstico tardio no Brasil”, explica Lívia Lemos.

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Diagnóstico tardio e mortalidade

O câncer de mama é o terceiro tipo de câncer mais incidente no mundo. E o mais incidente entre mulheres no Brasil e no mundo. No Brasil, está entre a segunda maior causa de mortalidade do país. Para Lívia, os planos nacionais de controle do câncer de mama precisam focar na detecção precoce. 

(Imagem: AaronAmat/iStock)

Isso se deve ao fato de que a pesquisa revelou que, em países desenvolvidos, o câncer é descoberto em seu estágio inicial. Enquanto em países mais pobres é descoberto, muitas vezes, em estágios avançados, onde a perspectiva de cura é quase nenhuma e o tratamento pouco eficaz. 

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O estudo notou que na América Latina e Caribe, 40,8% das pacientes que tiveram câncer de mama foram diagnosticadas em estágio 3 ou 4. Mas, se acrescido o estágio 2b, que é considerado de risco, o número cresce para 64%. E quando feita a comparação com alguns países da Europa Ocidental, o estudo chegou a números que vão de 8,3% a 23,5% de detecção nos estágios 3 e 4.

Desigualdade social e racial na saúde

(Imagem: AaronAmat/iStock)

Contudo, o estudo também mostrou que, pelo SUS, mulheres pretas realizavam menos mamografia que mulheres brancas e pardas. Além disso, as pretas e pardas apresentam menor probabilidade de ter passado por um exame clínico. 

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Outro ponto é que as mulheres negras apresentaram maior risco de morte por câncer de mama na pesquisa realizada em todo território nacional, independentemente do estágio. Ademais, também são as que recebem mais diagnósticos em estágio avançado da doença e ainda têm maior chance de iniciar o tratamento apenas 60 dias após o diagnóstico. 

“Nós sabemos que as mulheres pretas têm menos acesso às ações do plano de controle do câncer de mama. Dessa forma, achamos relevante estudar a sobrevida das mulheres com câncer de mama segundo a cor de pele. Para fomentar as discussões e avançar no combate a iniquidades raciais no país”, afirma a pesquisadora Livia Lemos.