Iniciativa do Orla Sem Lixo recolhe detritos nas praias
Carol Ávila | 26 de Julho de 2023 às 15:53
Durante décadas, a poluição industrial, a falta de saneamento básico adequado e o descarte inadequado de resíduos deixaram a Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, altamente contaminada. Recebendo cerca de 80 toneladas de lixo por dia, as águas da baía sofrem consequências devastadoras para o ecossistema local, bem como para a saúde e qualidade de vida das pessoas em torno.
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Felizmente, uma iniciativa pelo meio ambiente está minimizando a poluição na Baía de Guanabara. O projeto "Orla Sem Lixo", vinculado à Escola Politécnica da UFRJ, visa a interceptação, coleta, transporte e reciclagem do lixo flutuante presente na Prainha e na Orla da Enseada da Ilha do Fundão.
Em entrevista exclusiva à Casa Vogue, a coordenadora do projeto sem Lixo e professora do Departamento de Recursos Hídricos e Meio Ambiente da Politécnica-UFRJ, Susana Beatriz Vinzon, revela os esforços para despoluir a Baía de Guanabara.
"A Enseada do Fundão, que é um ambiente de praia e restinga, e a Enseada de Bom Jesus, um manguezal. Estamos trabalhando no desenvolvimento de barreiras, como meio efetivo de recolher o lixo que já está na Baia de Guanabara e também proteger áreas de Orla do impacto do lixo flutuante. O projeto prevê a interceptação, coleta, transporte, desembarque e destinação desse lixo, incluindo reciclagem", disse.
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Em junho, uma barreira flutuante inovadora, com aproximadamente 250 metros, foi instalada em um trecho da Prainha. Essa barreira, produzida com materiais doados pela empresa Huesker, especializada em geossintéticos para engenharia, tem como objetivo impedir a passagem de lixo, protegendo a região e garantindo a subsistência dos pescadores locais.
"Estamos focados na tecnologia das barreiras e são feitas coletas para pesquisa, pois ainda não há recolhimento de quantidades expressivas do lixo. Uma unidade experimental de reciclagem está testando esse material e avaliando o potencial da pirólise, uma reciclagem química (que transforma materiais plásticos em óleo combustível bruto)", diz a coordenadora.
Embora o Projeto Orla sem Lixo tenha começado a ser idealizado em 2019, foi apenas em setembro de 2021 que as ações foram iniciadas com recursos da UFRJ. Desde então, o projeto tem avançado em parceria com comunidades de pesca da Ilha do Fundão e contou com o apoio do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) e de outras instituições.
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Uma unidade experimental de reciclagem está testando o material recolhido pelas barreiras e avaliando o potencial da pirólise, um processo de reciclagem química que transforma materiais plásticos em óleo combustível bruto. Essa abordagem pode se tornar uma solução promissora para lidar com o lixo plástico de maneira mais sustentável.
Susana afirma que a equipe é ampla. "É um projeto acadêmico, orgânico, que vai se organizando em diferentes frentes de trabalho. Ao todo o projeto tem em torno de 100 integrantes. É composta por professores e alunos nos diversos níveis, da graduação à pós, e integrantes de duas comunidades de pesca da Ilha do Fundão. Contamos também com a participação de professores de outros Institutos de Nível Superior como a Universidade Federal Fluminense (UFF), a Universidade Estadual do Rio (UERJ) e o Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ)", explicou.
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