O projeto busca criar versões pessoais através de informações coletadas durante a vida.
O luto é um dos sentimentos mais intensos que uma pessoa pode sentir. Fora a sensação de vazio, saber que nunca mais encontrará uma pessoa querida é bastante difícil. Pensando em tornar esse momento menos doloroso, a empresa de inteligência artificial HereAfter AI, sediada na Califórnia, nos Estados Unidos, está desenvolvendo uma espécie de "eu virtual".
Leia também: Morre Lauro Fabiano, dublador de Dumbledore e de personagens que marcaram época.
O projeto irá combinar diferentes respostas pessoais que serão registradas enquanto a pessoa estiver viva, sobre a infância, relacionamentos, personalidade e gostos, através de uma recriação fiel de voz, rosto e expressões faciais e corporais.
Questões éticas implicam em "reviver" os mortos
Um texto publicado na MIT Techonology Review, revista científica do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos, aponta sobre os cuidados que devem ser tomados com esse tipo de tecnologia, descrita como "imortalidade digital". O fato do avatar ser o resultado das informações fornecidas é uma preocupação, principalmente no que diz respeito ao uso da voz, e no comportamento da "versão" pessoal, que pode acabar sendo utilizada para outros fins que não auxiliar na perda de um ente querido, como campanhas comerciais e políticas.
Outro fator existente sobre esse tipo de tecnologia são as reações que elas podem causar em pessoas em processo de luto, servindo como uma impedimento para seguir em frente, ou até mesmo gatilho.
Psicólogos alertam sobre o perigo da tecnologia
Em entrevista ao portal Viva Bem da Uol, Nazaré Jacobucci, psicóloga e membro da ABMLuto (Associação Brasileira Multiprofissional sobre Luto), afirmou que a tecnologia pode trazer complicações para o que ela denomina como sequência no processo de luto.
De acordo com a escritora do livro "Legado Digital: Conhecimento, Decisão e Significado - Viver, Morrer e Enlutar na Era Digital", o uso desse tipo de aplicativo pode prejudicar a compreensão da perda definitiva, pois inviabiliza a vivência da morte.
"Quem foca demais no que já viveu ou teve, tende a se tornar alguém recluso e repetitivo sem perceber, podendo achar que a vida de antes era melhor, e desenvolver depressão e compulsões. Por isso, deve ser encorajado para seguir em frente e se abrir para o novo", adverte Leide Batista, psicóloga pela Faculdade Castro Alves, em Salvador.
E aí, curtiu essa matéria? Então conheça e siga a gente em nossos perfis no Facebook, Instagram, Twitter e Pinterest para conferir muito mais!