Solange Couto comemora o retorno de Dona Jura, personagem da novela "O Clone", e fala como ela marcou sua carreira.
Quem não se lembra do bordão “Né brinquedo não”, de Dona Jura, de “O Clone”, interpretada por Solange Couto? Inesquecível, não? Para matar a saudade de muitos, a atriz está de volta à TV com a reprise do folhetim de Gloria Perez e tem comemorado o retorno da emblemática personagem, que é uma referência em sua carreira.
“Esse bordão foi criação do pai do céu. Costumo conversar com ele e, na época, pedi que ele me inspirasse em algo diferente. E me fez falar isso de repente, quando eu estava dirigindo. Passei a ter uma popularidade que nunca imaginei por conta dessa personagem”, conta a atriz, que também compôs a música, gravada pelo grupo Molejo, que tem o bordão como título. “A música fez muito sucesso. Ainda escrevi o livro ‘Receitas de Botequim’ a partir dos pratos servidos pela Dona Jura. A obra teve mais de 150 mil cópias vendidas”, relembra Solange, que, às vezes, faz o pastel de camarão – na época da novela era um sucesso no bar da personagem. “É a mesma receita!”, garante.
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E, realmente, o botequim da personagem em “O Clone” fez o maior sucesso. Não é à toa que diversas personalidades passaram pelo concorrido boteco. Teve de Pelé a Zeca Pagodinho.
“Tenho inúmeras lembranças dessas participações. Algumas foram muito especiais como o Pelé, que foi o primeiro a ir ao bar; depois foram os campeões da seleção brasileira de futebol e o Sargentelli – que me mandou uma mensagem e falei com a Gloria Perez para trazê-lo para gravar a novela. Foi emocionante demais”, revela a atriz que foi uma das Mulatas do Sargentelli, um grupo de dançarinas que se apresentava em espetáculos de samba, em casas noturnas do país e do exterior, entre as décadas de 60 e 80.
Uma personagem inesquecível
Sem ter ideia que Dona Jura seria todo esse sucesso e a marcaria para sempre, Solange Couto diz que a personagem foi um divisor de águas na carreira.
“Passei a ter uma popularidade que nunca imaginei. A construção da personagem começou pelo figurino. O vestido que a Jura usava era cópia do meu que eu tinha em casa. Pedi a figurinista Marília Carneiro para trazer a peça para o estúdio e ela me atendeu. A faixa do cabelo, marca registrada da Jura, eu também sugeri, assim como as sandálias que comprei e apresentei à produção para aprovação”, conta Solange, que buscou nas lembranças da infância a construção da personagem. “É muito comum no subúrbio do Rio de Janeiro encontrar centenas de mulheres como a Jura. Então, eu busquei as lembranças da minha infância e a interpretei com suas dores, amores e atitudes. Acho que daí veio essa identificação das pessoas com ela”.
Ativa nas redes sociais, Solange conta que os seguidores estão assistindo a reprise da novela e falam que estão se divertindo com as tiradas de dona Jura.
“Essa personagem nem precisa de reprise para ser lembrada. Como a Jura existem centenas de mulheres que também são chefes de família. Até hoje, muitos se identificam com a personagem”, explica a atriz, que faz questão de dizer que é bem diferente de dona Jura.
“Costumo dizer que Dona Jura não é personagem, é uma entidade! Na época das gravações, eu não dominava aquele ser, ela tinha atitudes próprias que eu, Solange, jamais teria. Sou mais tranquila. Ela chegou a morder o lutador Vitor Belfort, tem noção? Uma loucura! (risos)”, brinca a atriz.
Cheia de projetos para o próximo ano, Solange conta que está produzindo um filme para a Netflix e um projeto para o canal Multishow – com previsão de lançamento em 2022.