Academia Americana de Endocrinologia atualizou recomendações e fez alterações importantes para evitar excessos
Luana Viard | 3 de Dezembro de 2024 às 19:21
A suplementação de vitamina D tornou-se um hábito comum para muitas pessoas e é recomendada há anos para diversas faixas etárias. O que começou em países com invernos rigorosos, gradualmente se expandiu para regiões mais quentes, alcançando até mesmo nações tropicais como o Brasil.
Em muitos casos, essa prática é fundamental, especialmente diante dos estilos de vida modernos, que oferecem menos oportunidades para atividades ao ar livre e reduzem significativamente a exposição solar.
Com a chegada do verão, essa dinâmica costuma se transformar. As viagens de fim de ano, as férias na praia, os churrascos de fim de semana e as partidas de futebol com os amigos ajudam a equilibrar essa situação.
De acordo com o Dr. Daniel Lerario, clínico geral e endocrinologista, mestre e doutor pela Escola Paulista de Medicina, a principal função da vitamina D no organismo é regular os níveis de cálcio e fósforo no sangue, que são essenciais para a saúde óssea. “Esta vitamina também tem efeitos relevantes em funções musculares e imunológicas, prevenindo doenças.”
Em particular, para indivíduos com doenças crônicas, como osteoporose ou câncer, certos grupos de pacientes devem receber suplementação de vitamina D mesmo sem a necessidade de medir seus níveis, já que os benefícios de manter a vitamina em níveis adequados superam o risco de uma possível superdosagem.
Essa orientação faz parte das novas diretrizes publicadas recentemente pela Academia Americana de Endocrinologia. No entanto, a recomendação de suplementar sem avaliação sanguínea não se aplica a todos, mas apenas a grupos específicos de pacientes.
Fazem parte desse grupo, além dos mencionados anteriormente, crianças e adolescentes de até 18 anos com risco elevado de raquitismo, o que também aumenta a suscetibilidade a infecções respiratórias agudas; idosos acima de 75 anos, devido ao maior risco de mortalidade; gestantes, visando à prevenção de pré-eclâmpsia, parto prematuro e baixo peso ao nascer; e pessoas com pré-diabetes, uma vez que a vitamina D reduz a chance de progressão para diabetes nesse público específico.
Segundo o novo consenso americano, a dose diária recomendada é de aproximadamente 600 unidades para a população geral e 800 unidades para aqueles que necessitam de uma suplementação maior. No entanto, mesmo nesses casos, é essencial estar atento ao uso prolongado ou considerar orientação personalizada, especialmente para quem vive em regiões de clima tropical, como o Brasil.
O excesso de vitamina D pode levar ao aumento dos níveis de cálcio no sangue, causando sintomas como náusea, vômito, fraqueza, perda de apetite, desidratação e até insuficiência renal. Em situações mais graves, podem surgir alterações neuropsiquiátricas, incluindo confusão mental, pancreatite e bradiarritmia, uma arritmia caracterizada por batimentos cardíacos mais lentos.
Por isso, é fundamental contar com orientação médica para que o paciente seja devidamente avaliado e receba a indicação correta da dose e da forma de ingestão da vitamina.
Além da suplementação, é possível obter a vitamina D2 (ergocalciferol) na alimentação, orienta o Dr. Daniel. “Por meio do consumo de peixes e frutos do mar, ovo, leite e derivados, vegetais e cogumelos, além de suplementos”.
O nosso organismo também produz a vitamina D, sob a forma de vitamina D3 (colecalciferol), mas para que isso aconteça, é preciso que haja exposição da pele à luz solar, mais especificamente aos raios ultravioletas B (UVB) do sol, explica o especialista.
“Bastam 15 minutos, de 2 a 3 vezes por semana, no caso de pessoas de peles claras, ou de 30 minutos a 1 hora, no caso de pessoas de peles mais escuras, sem o uso de protetor solar em ao menos alguma região do corpo, como por exemplo nos braços ou pernas. É importante, no entanto, que as regiões mais sensíveis, como o rosto, estejam sempre protegidas”.
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