Quando o caso de dor no abdome chegou ao Dr. Christopher Skelly, de Chicago, ele desconfiou que fosse a síndrome do ligamento arqueado mediano (SLAM).
Redação | 28 de Novembro de 2018 às 11:31
A dor aguda no abdome que Mackenzie Hild sentia só foi diagnosticada após uma série de consultas a vários especialistas.
PACIENTE: Mackenzie Hild*, 27 anos, estudante de medicina da Califórnia.
SINTOMAS: Dor de barriga fortíssima
MÉDICO: Dr. Christopher Skelly, chefe de cirurgia vascular e terapia endovascular do Centro Médico da Universidade de Chicago
Mackenzie Hild sonhava em se tornar médica, e viajou para Uganda em 2009, depois do ensino médio, como voluntária numa clínica. Assim, em uma semana, a jovem, na época com 19 anos, começou a sentir uma dor aguda no alto do abdome toda vez que comia ou bebia. Embora também sentisse náusea. Mackenzie atribuiu os sintomas aos comprimidos contra a malária e ficou aliviada quando a dor diminuiu depois que voltou para casa e parou de tomá-los.
Além disso, no verão seguinte, Mackenzie retornou à África: dessa vez, Ruanda. Em pouco tempo, a dor ficou tão intensa que ela quase parou de comer. De fato, em três meses, perdeu 13 quilos. “Ao desembarcar, minha mãe entrou em pânico”, diz ela.
Portanto, como os sintomas não melhoravam, o clínico geral encaminhou Mackenzie a um gastroenterologista. O médico receitou medicamentos para refluxo ácido e recomendou refeições ricas em calorias para ajudá-la a engordar. A essa altura, comer se tornara intolerável por causa da dor.
Ela voltou à faculdade, mas, no entanto, começou a perder aulas. Com 1,60 m, Mackenzie pesava apenas 35 quilos. , o médico da faculdade a mandou para o hospital, onde foi internada na unidade de anorexia. Depois de eliminados os transtornos alimentares, ela fez exames de fezes, HIV, doença de Crohn, entre outros. “Eles me faziam comer e depois me davam opioides”, diz Mackenzie.
Finalmente, os médicos inseriram um tubo de alimentação em seu estômago. Como não deu certo, contornaram o estômago com um tubo que ia do nariz ao intestino. A dor sumiu.
O instestino dá sinais se as coisas não vão bem. Fique atento.
Mesmo com o tubo, Mackenzie tinha de comer uma vez por dia para impedir que o estômago atrofiasse. “Eu escolhia o momento e passava as três horas seguintes encolhida na cama”, diz ela.
Por outro lado, o tubo provocou sinusite e irritou a garganta. Um ano depois, os médicos o substituíram por outro, que entrava pelo abdome.
Assim sendo, de volta à faculdade, Mackenzie usava uma mochila que passava alimentos líquidos para o intestino. Em 2014, trabalhando na África do Sul, ela recebeu o contato de um estudante de Medicina que soubera de seu caso e queria passá-lo a mais especialistas. Finalmente, o caso chegou ao Dr. Christopher Skelly, de Chicago, que desconfiou que ela tivesse síndrome do ligamento arqueado mediano (SLAM).
“A cirurgia não dá certo para todo mundo”, diz o Dr. Skelly. “A taxa de sucesso é de 70%.”
A SLAM se desenvolve quando um ligamento da base do diafragma cruza a aorta e comprime a artéria celíaca, que leva sangue para o estômago. “É uma doença complexa porque pouco sabemos sobre ela”, diz o Dr. Skelly.
A doença ocorre em cerca de 20% da população, mas só 1% sente dor. “Assim, não sabemos se é causada pela compressão da artéria, pela compressão dos nervos ou por inflamação”, observa o Dr. Skelly.
Mackenzie já fizera exames para verificar se tinha SLAM, mas o exame fora malfeito e o resultado dera negativo. O Dr. Skelly refez o exame e viu indícios de compressão celíaca na tomografia. Sendo assim, para a maioria dos especialistas, a única solução é a cirurgia laparoscópica. Ele disse a Mackenzie: “Se você quiser, eu faço.”
Logo depois, em fevereiro de 2015, Mackenzie passou pelo procedimento de duas horas. Contudo, “A cirurgia não dá certo para todo mundo”, diz o Dr. Skelly. “A taxa de sucesso é de 70%.”
Ou seja, ao acordar da cirurgia, Mackenzie comeu ovos mexidos e chorou de alívio quando não sentiu dor.
Em outras palavras, aos 27 anos, agora Mackenzie está no terceiro ano da faculdade de Medicina. “Ainda tenho alguns problemas, e meu estômago ainda é muito pequeno, mas consigo aguentar um pequeno desconforto comparado ao que era”, diz ela.
*Nome trocado para proteger a privacidade.POR SYDNEY LONEY