Descubra como lidar com a seletividade alimentar infantil. Nutricionista explica por que crianças recusam comida e dá dicas para reverter o quadro.
Depois que o leite materno deixa de ser o único alimento, os pais devem apresentar as crianças a frutas, legumes e verduras. É comum que crianças pequenas façam cara feia para certos alimentos, afinal, elas passam a entender o que gostam e ter preferências é normal.
Mas quando a recusa é frequente e persistente, pode se tratar de seletividade alimentar. Os pratos tornam-se repetitivos e pobres em nutrientes, o que pode trazer consequências para sua saúde. Por isso, é importante que os responsáveis se dediquem a encontrar formas de garantir uma dieta nutritiva para os filhos.
O que é a seletividade alimentar?
Segundo uma publicação da Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil (RBSMI), a seletividade alimentar é a recusa a uma grande quantidade de alimentos, que podem ser novos ou já conhecidos. Essa rejeição causa uma ingestão de uma baixa variedade de comidas, que consequentemente gera um quadro de monotonia alimentar e consumo insuficiente de nutrientes.
A nutricionista Gabriela Kapim explicou ao G1 que isso costuma acontecer entre os 2 e 3 anos de idade. As crianças normalmente aceitam bem as frutas, legumes e verduras até os 2 anos, já que exploram o mundo através da boca. E então, a seletividade vai se manifestando de forma gradual.
"Aos 4 ou 5 anos, os pais já sabem o que o filho aceita. O prato passa a ter apenas o que ele não rejeitou — e, sem perceber, a família para de tentar novas estratégias", afirma a nutricionista.
O que causa a seletividade alimentar?
Fatores internos e externos influenciam a relação da criança com a alimentação, conforme aponta o artigo da RBSMI. Estas são algumas das possíveis causas da seletividade alimentar:
- Genética;
- Sensibilidade a cheiros e texturas;
- Personalidade;
- Depressão e ansiedade materna;
- Estilos e práticas parentais.
Portanto, os pais desempenham um papel fundamental na obtenção de um comportamento alimentar positivo das crianças.
Consequências da seletividade alimentar
A seletividade alimentar impacta negativamente a saúde física e emocional das crianças, além de também ter efeitos sociais. A baixa ingestão de nutrientes pode ocasionar em deficiências de vitaminas e minerais e afetar o crescimento e desenvolvimento da criança. Prisão de ventre e alterações de colesterol e triglicerídeos também podem acontecer.
"O intestino fica ‘preguiçoso’ para experimentar coisas novas. Além disso, a monotonia alimentar abre espaço para o excesso de açúcar e ultraprocessados", ressalta Gabriela.
A nutricionista chama atenção para a dificuldade em ir à casa de amigos ou dormir fora, já que não sabem o que vai ter para comer. É importante ter atenção também à possibilidade de distúrbios alimentares.
Dicas práticas para lidar com a seletividade alimentar
É importante que os pais tenham paciência e não desistam no caso de uma primeira resistência.
"A careta é parte da exploração. O erro é o adulto interpretar como recusa e desistir. A frustração dos pais desestimula a curiosidade da criança", explica Gabriela.
1. Crie um ambiente agradável para as refeições
As refeições devem ser um momento tranquilo de concentração e conexão com a comida, sem dispositivos eletrônicos e qualquer outro tipo de distração. Ter uma boa experiência ajuda a desenvolver um comportamento alimentar melhor. E nada de telas, pois o cérebro precisa registrar os estímulos visuais, olfativos e gustativos.
2. Prepare os alimentos de formas diferentes
Aqui vale formas diferentes de fazer certo ingrediente, como oferecer a cenoura cozida e em cubos, ou crua e ralada, mas também organizar os pratos de forma criativa e divertida. Novamente, não desista nas primeiras recusas!
3. Inclua a criança no preparo das refeições
A nutricionista Gabriela Kapim recomenda também que a criança ajude em tarefas seguras e na tomada de decisões, pois ao se sentir parte do processo, seu interesse pela comida cresce naturalmente.
4. Dê o exemplo aos filhos
Considerando a importância das ações dos pais na relação que a criança tem com a comida, é evidente que a forma com que os adultos se alimentam é refletido nos filhos.
"As crianças aprendem mais pelo olhar do que pela fala. Se os adultos não comem frutas, legumes e verduras, não dá para cobrar isso delas. Se o adulto quer envelhecer saudável, precisa ser exemplo de alimentação equilibrada", complementa a nutricionista.
5. Observe com atenção a relação da criança com a comida
Podem existir casos em que os esforços dos pais não serão o suficiente para resolver a seletividade alimentar, especialmente se for algo relacionado a alergias, sensibilidades ou dificuldades na mastigação. Se identificar alguma situação que exija cuidados específicos, não hesite em buscar ajuda de um profissional.
Profissionais como pediatras, nutricionistas, fonoaudiólogos ou terapeutas ocupacionais são os mais indicados, a depender da situação. Pode dar trabalho, mas é um esforço que vale a pena, afinal, seu filho merece o melhor! E para mais conteúdos valiosos de saúde, considere assinar a revista Seleções.