As mãos frias são sintoma de um problema geralmente inofensivo chamado doença de Raynaud. Especialistas estimam que entre 4% e 20% das pessoas sofra com ela
Redação | 1 de Junho de 2020 às 01:01
O inverno e o frio estão chegando. Mas, se seus dedos estão gelados desde já, saiba que você não é o único. Muita gente tem mãos frias o ano todo, por causa de várias causas, que vão da genética – a tendência é familiar – a doenças crônicas.
As razões benignas mais comuns para esse desconforto são a idade (é mais provável que o metabolismo dos idosos seja lento) e magreza (há menos músculos e gorduras para o isolamento térmico). Em algumas pessoas, mudanças do estilo de vida trazem melhoras: evitar nicotina e cafeína, que contraem os vasos sanguíneos, e praticar exercícios regulares para melhorar a circulação.
Mas, se suas mãos estão sempre frias ou dormentes, é bom procurar o médico a fim de eliminar causas mais graves. Mãos frias são sintoma tanto de anemia quanto de hipotireoidismo. O diabetes, que reduz a circulação sanguínea, também pode provocá-las.
E, se seu coração é fraco por causa de cardiopatias, o corpo prioriza mandar o sangue para a região central e não para os membros.
Para muitas pessoas, as mãos frias são sintoma de um problema geralmente inofensivo chamado doença de Raynaud. Quando saímos no frio, o corpo ativa os músculos dos menores vasos do organismo e os torna ainda menores, num mecanismo de sobrevivência para manter o sangue e, portanto, a temperatura mais alta no centro vital do corpo. Nas pessoas com Raynaud, essa reação é forte demais e o sangue que chega aos dedos é muito reduzido.
Batizada com o nome de Maurice Raynaud, médico francês que a descobriu em meados do século 19, a doença é surpreendentemente comum. O Dr. John Osborne, diretor da State of the Heart Cardiology, em Dallas, no Texas, diz que entre 4% e 20% das pessoas são afetadas.
Uma característica notável da doença é a mudança da cor dos dedos. “É a chamada bandeira francesa”, explica Osborne. “Os dedos ficam brancos porque não há fluxo de sangue; depois, azuis, por conta da falta de oxigênio; em seguida, vermelhos, quando o sangue volta a eles.” Os sintomas podem surgir com o ar frio do inverno, em espaços com ar condicionado muito frio no verão e até por pegar um saco de legumes congelados no supermercado.
A doença de Raynaud é mais comum em mulheres e, em geral, surge antes dos 30 anos. Na verdade, quando surge com mais idade, em geral depois dos 40, o problema pode ser sintoma de outra doença subjacente, que pode ser algo menos importante – uma geladura anterior, o início da síndrome do túnel do carpo ou algum efeito colateral de medicamentos como betabloqueadores ou alguns remédios para enxaqueca – ou alguma doença autoimune mais grave, como o lúpus.
Uma forma mais rara e grave da doença de Raynaud afeta menos de um em cada mil indivíduos. Nesses casos, o sangue pode ser completamente bloqueado e causar feridas nas mãos. Se não forem tratadas, pode haver gangrena e, muito raramente, amputação. Ainda bem que, nesses casos, há medicamentos eficazes que aumentam o fluxo sanguíneo, como a losartana, usada principalmente para hipertensão arterial, e a sildenafila, geralmente receitada para disfunção erétil.
No entanto, para a maioria dos que convivem com a doença de Raynaud a medicação não é necessária. “Para esses, o problema não passa de um incômodo”, diz Osborne.