Especialista explica como o consumo de lactobacilos pode ajudar no tratamento de pacientes oncológicos
Luana Viard | 2 de Dezembro de 2024 às 18:51
Dentro do nosso intestino, existe um verdadeiro ecossistema formado por cerca de 39 trilhões de bactérias, a maioria delas benéficas para o nosso organismo. Essas bactérias, chamadas de microbiota intestinal, têm um papel crucial no fortalecimento do sistema imunológico e, recentemente, têm se mostrado cada vez mais importantes no tratamento do câncer.
De acordo com Felipe Cruz, professor de Oncologia do Centro Universitário São Camilo, estudos recentes indicam que ampliar a diversidade da microbiota intestinal pode potencializar os efeitos da imunoterapia em pacientes com câncer. "O entendimento da interação entre a microbiota intestinal e a resposta imune é crucial para a eficácia do tratamento. O equilíbrio da microbiota pode afetar a atividade do sistema imunológico, em especial as células T, responsáveis pelo tratamento com imunoterapia”.
Além de aumentar a produção de serotonina, influenciando na sensação de bem-estar, as bactérias intestinais também podem amplificar a resposta imunológica do corpo, tornando-o mais eficiente no combate às células cancerígenas.
"Estudos apontam que mudanças na dieta, favorecendo o consumo de alimentos ricos em fibras, como frutas, vegetais e legumes, além do consumo de prebióticos em suplementação, estão associados à maior resposta ao tratamento. Estão em andamento mais estudos com probióticos, com Lactobacilos presentes em iogurte, por exemplo, não sendo ainda conclusivo se esses podem interferir na resposta ao tratamento”, explica o professor Felipe Cruz
E as novidades não param por aí. Pesquisas estão em andamento sobre o uso de transplante de lactobacilos intestinais em pacientes com câncer que estão fazendo imunoterapia. Essa abordagem, chamada de transplante fecal, tem o potencial de modificar a microbiota intestinal de maneira ainda mais eficaz, melhorando os resultados do tratamento.
Os estudos realizados até agora indicam que a combinação de transplantes de microbiota fecal com imunoterapia tem mostrado resultados promissores em pacientes oncológicos. O processo envolve a coleta de fezes de um doador saudável, a filtragem do material em laboratório e, posteriormente, a implantação dessa microbiota no intestino do paciente em tratamento, com o objetivo de potencializar a resposta à imunoterapia.
“Embora os dados preliminares sejam animadores, esse tipo de tratamento ainda está em pesquisa, sem prazo para uso em larga escala. No momento, o mais importante é nos conscientizarmos de que a forma como nos alimentamos tem relação direta não só com o surgimento de doenças, mas também com a capacidade de nosso organismo combatê-las”, alerta o especialista.
Portanto, cuidar da nossa microbiota intestinal, por meio da alimentação saudável e rica em fibras, evitando alimentos ultraprocessados e o excesso de açucares e gorduras saturadas, pode ser uma aliada oculta e poderosa no combate do câncer.
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