Os anticoncepcionais fazem parte da vida de muitas mulheres, mas apesar de prevenir gravidez indesejada, eles podem causar malefícios para a saúde
Luana Viard | 31 de Outubro de 2024 às 14:20
Um estudo divulgado na revista científica JAMA Network levantou a hipótese de que o uso do dispositivo intrauterino (DIU) poderia estar associado a um aumento nas chances de desenvolvimento de câncer de mama em mulheres.
Na pesquisa realizada na Dinamarca, com a participação de 157 mil mulheres, os resultados indicaram que as participantes que utilizavam o DIU hormonal com levonorgestrel — conhecido como Mirena no Brasil — apresentaram um risco 1,4 vezes maior de desenvolver câncer de mama.
A ginecologista Suzana Lessa, afiliada ao Instituto Nutrindo Ideais em Niterói, com especialização em endocrinologia, nutrologia e reposição hormonal, esclarece que esse é um tema ainda em debate, exigindo novos estudos para entender melhor a possível ligação direta entre o uso do DIU hormonal com levonorgestrel e o aumento do risco de câncer de mama.
É importante investigar essa relação isolada de outros fatores que podem influenciar o risco, como idade, uso prévio de anticoncepcionais orais ou injetáveis, sobrepeso, histórico familiar, consumo excessivo de álcool, entre outros.
Alguns estudos indicam um aumento do risco de câncer de mama com o uso de contraceptivos hormonais orais e injetáveis contendo progestinas, um tipo de hormônio sintético da mesma classe do hormônio contida no DIU.
“No entanto, a progestina levonorgestrel no dispositivo intra-uterino atua diretamente no útero e sua absorção sistêmica é significativamente menor do que quando comparado com pílulas anticoncepcionais orais e injetáveis, o que poderia sugerir que o impacto sistêmico, ou seja, no corpo como um todo, seja mais limitado, reduzindo o risco quando comparado com outras formas hormonais de anticoncepção”, comenta Suzana.
O DIU hormonal age liberando pequenas quantidades da progestina levonorgestrel diretamente no útero, alterando o muco cervical e deixando a camada interna do útero mais fina, o que dificulta a progressão de espermatozoide, evitando a fecundação e a implantação de um óvulo se for fecundado.
Embora sua principal ação seja local, o útero é um órgão extremamente vascularizado e pequenas doses do hormônio podem ser absorvidas pela corrente sanguínea causando alterações sistêmicas dos níveis hormonais.
Uma vez circulando pelo corpo, o levonorgestrel pode se ligar a receptores de progesterona em outros órgãos, incluindo a mama, podendo aumentar o risco para o desenvolvimento de tumores, principalmente em mulheres que possuem maior fator de risco.
O risco de câncer de mama é influenciado por fatores como idade, obesidade, sedentarismo, tabagismo, consumo alcoólico, histórico familiar e predisposição genética.
Segundo a ginecologista, embora seja raro, o risco aumentado associado ao uso de contraceptivos hormonais é uma realidade. No caso do DIU com levonorgestrel, esse risco tende a ser menor em comparação com outros métodos hormonais, mas o acompanhamento médico é sempre recomendado. É essencial realizar consultas ginecológicas de rotina ao menos uma vez por ano.
Para mulheres preocupadas com o risco de câncer, seja de mama ou de outros tipos, adotar um estilo de vida saudável é a forma mais eficaz de prevenção. Manter uma alimentação equilibrada, praticar exercícios físicos regularmente, ter bons hábitos de sono, evitar o consumo excessivo de álcool e não fumar promovem a saúde e ajudam a reduzir o risco de diversas doenças.
Além disso, é importante manter um acompanhamento periódico com o ginecologista e realizar exames de rastreamento, como ultrassonografia e mamografia, especialmente para mulheres acima dos 40 anos.
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