Neste Dia da Prevenção ao Suicídio, veja o que a professora e pesquisadora Renata Rezende falou sobre o tema e os sinais para ter atenção.
Carol Peres | 10 de Setembro de 2024 às 16:15
Embora a relação entre as mídias e o suicídio seja complexa, sendo um dos principais fatores relacionados a essas mortes, elas também são grandes aliadas da prevenção a morte autoinfligida. Nesse sentido, a Organização Mundial de Saúde oferece um manual para os profissionais da mídia, pois a abordagem cautelosa exerce grande impacto em evitar esse grave problema.
No entanto, a participação nas iniciativas de prevenção ao suicídio não deve ser feita somente por esses profissionais, e existem outras formas de identificar a ideação suicida. Veja a seguir.
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Durante o nono mês do ano, acontece a campanha Setembro Amarelo, que serve para conscientizar sobre o suicídio. No entanto, as iniciativas de prevenção acontecem em todo o ano, não só em setembro, e é muito importante estar em alerta.
Na Universidade Federal Fluminense, pesquisadores de diferentes áreas integram o grupo "Mídia, Juventude e Suicídio", que busca explorar a relação desses três fatores. Segundo a professora do Programa de Pós-graduação, do Departamento de Comunicação Social da UFF e coordenadora da pesquisa, Renata Rezende, o estudo é dividido em três eixos com focos e abordagens diferentes.
O primeiro eixo estuda relatos de tentativas de jovens através das redes sociais, o segundo se concentra nas produções audiovisuais sobre o suicídio desse público e o terceiro é de oficinas formativas sobre o assunto em sala de aula.
Apesar do projeto ainda estar em desenvolvimento, os pesquisadores já conseguiram chegar a algumas conclusões. Pois, mesmo que a mídia seja o terceiro maior causador do suicídio, segundo relatório do IPEA, ela também é indipensável para prevenir a morte autoinfligida. O que constitui o caráter paradoxal da relação entre mídia, juventude e suicídio defendida pelo grupo.
Portanto, em primeiro lugar pode-se ressaltar uma identificação mais simples de pessoas com ideação suicida através do uso de softwares de mapeamento de perfis.
"Algumas empresas já estão trabalhando com essa ideia de identificação da ideação suicida. Então, por exemplo, a gente já viu uma mudança no próprio Instagram ou TikTok sobre a questão do conteúdo suicida", explicou Renata.
Entretanto, esses softwares podem apresentar algumas falhas na identificação da ideação suicida, devido à complexidade da abordagem do tema. Se você digita "suicídio" no Instagram ou no TikTok, ele te indica links para obter apoio, não mostrando conteúdos. Mas conteúdos produzidos com cuidado poderiam ser úteis na prevenção, e acabam não chegando nas pessoas por conta das ferramentas.
"Isso gera um novo paradoxo, porque de acordo com a OMS, não é que a gente deva deixar de falar sobre suicídio, mas a gente deve falar de uma maneira correta. Ou seja, tem esses softwares que mapeiam essa retórica da ideação suicida, mas como se tratam de ferramentas robotizadas, digamos assim, muitas vezes eles não chegam a mapear de uma forma eficiente o que realmente seria uma ideação suicida e o que seria um conteúdo de uma página que fala sobre suicídio de uma forma consciente. Então, isso é uma complexidade, mas já é um início", completou a professora .
Considerando que os softwares podem falhar, o acompanhamento por parte de pessoas torna-se mais importante, pois os jovens que estão passando pela ideação suicida costumam apresentar alguns comportamentos.
"Geralmente esses sinais vêm através da fala, das postagens. Então, que tipo de discurso, que tipo de retórica o jovem está manifestando ali naquele ambiente. Se você começar a perceber uma narrativa mais melancólica, ou algumas frases mais indicativas mesmo, como 'ai, eu não aguento mais', 'tudo para mim dá errado', 'não quero mais viver', essas frases, digamos assim, pouco motivacionais, são alguns indícios. É claro que às vezes é muito difícil fazer esse mapeamento, mas pode ser um indício, Renata concluiu."
Então, identificar a ideação suicida já é um importante passo na prevenção do suicídio. Através do site do projeto "Mídia, Juventude e Suicídio" você consegue acessar manuais e cartilhas que podem te orientar em uma situação dessas. Além disso, o Centro de Valorização da Vida (CVV) também disponibiliza apoio emocional gratuito e materiais muito esclarecedores sobre medidas preventivas.
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