Se preocupa com a saúde da sua voz e quer preservá-la da melhor forma possível? Leia nosso artigo e veja como cuidar bem da voz.
Se você vive rouco ou costuma ter muita dor de garganta, sabe que, apesar de existirem diversas formas caseiras de resolver esse tipo de problema, é complicado conviver com esse desconforto. Além disso, o esforço excessivo e constante no uso da voz pode lesionar as cordas vocais e acarretar em rouquidão permanente. Por isso, saber como cuidar bem da voz e aprender a relaxá-la é o segredo para que a saúde dela seja preservada.
O estresse que afeta o corpo todo e, consequentemente, a voz pode ser visto de dois modos: primeiramente, como manifestação da reação emocional a uma situação se houver um sentimento de perda de controle. Essa é a resposta de “luta ou fuga” que prepara o corpo para a ação: qualquer que seja a decisão, a voz entra em ação. O grito aumenta a agressividade, que ajuda na luta, ou chama a atenção dos outros para a fuga. Em segundo lugar, opta-se conscientemente pelo estresse para maximizar sua resposta, como ao participar de uma corrida ou cantar uma ópera.
Esses dois exemplos são situações de estresse fisiológico, condição em que o corpo é instruído a realizar atividades muito distantes de sua capacidade habitual. Essa é uma circunstância que costuma exigir a voz – basta lembrar o número de vezes que você levantou a voz além do necessário, para falar ou cantar, na semana passada – e isso é prejudicial para as cordas vocais.
Atividades que causam estresse imediato nas cordas vocais
Para serem capazes de produzir tamanha variedade de sons, as cordas vocais são muito sensíveis, e o estresse excessivo pode ter efeito imediato, e às vezes prolongado, sobre elas. Veja abaixo algumas coisas que podem prejudicar a sua voz:
- Gritar para pedir silêncio: quando você grita, pode causar danos ao revestimento das cordas vocais e rouquidão. Os músculos da garganta se contraem e a respiração torna-se mais superficial em resposta à tensão excessiva. Isso exige maior esforço para recuperar a voz, o que pode agravar a situação. Se não há tempo para a recuperação da voz – se você grita enquanto ainda está rouco e com a garganta doendo –, a lesão das cordas vocais pode piorar. Se você grita com frequência, por raiva ou frustração, é melhor procurar ajuda para descobrir o motivo do estresse do que colocar a voz em risco. Quem costuma fazer esforço vocal excessivo pode precisar de fonoterapia para eliminar os maus hábitos vocais.
- Pigarro: muita gente tosse e “limpa a garganta” quando está tensa. Esses hábitos, se forem muito agressivos, também lesam as cordas vocais. É bem melhor tentar relaxar a garganta, engolindo em seco ou bebendo pequenos goles de água.
- Refluxo: o estresse também provoca o refluxo de ácido gástrico para a laringe, o que causa desconforto e, às vezes,perturbação da voz. Para diminuir o refluxo, dê ao seu corpo tempo suficiente para digerir o alimento antesde sair apressado por aí, procure comer com calma e não se deite logo após uma refeição.
- Voz estressada: a voz estressada pode soar agressiva, suscitando reações negativas nas outras pessoas, e a respiração torna-se mais superficial à medida que a fala se acelera. Ao afastar a tensão da voz, a respiração tende a melhorar, o que torna a fala clara e eficiente e propicia respostas bem mais favoráveis.
Atividades que causam estresse a longo prazo nas cordas vocais
Às vezes, a lesão resulta da insistência, apesar dos sinais que indicam a necessidade de relaxar, aí incluídas a rouquidão e a dor de garganta, além da tensão corporal.
Algumas profissões estão associadas a maior risco de dano para a voz do que outras. Alguns exemplos são cantores, professores, advogados, sacerdotes, instrutores de ginástica aeróbica e políticos, que frequentemente colocam a voz em risco ao fazer esforço vocal excessivo.
Em alguns casos, o problema na voz pode ser agravado por fatores ambientais: em muitas salas de aula, por exemplo, o ar é seco, o que prejudica a garganta. Além disso, inúmeros edifícios comerciais são construídos sem tratamento acústico, assim os profissionais precisam ocupar um espaço que não foi projetado para a voz humana. O ruído também agrava a situação. Estudos mostraram que tendemos a elevar a voz em cerca de 3 decibéis (dB) para cada aumento de 10 dB do nível de ruído do ambiente. Como o nível médio de ruído em um jardim de infância pode ser de até 80 dB, não é surpresa que os professores tenham problemas de voz. Se você pertence a um desses grupos de risco, é importante ter cuidados especiais com a laringe.
Veja abaixo alguns pontos que podem estar prejudicando a sua voz!
Cantar no karaokê
Os cantores costumam ter problemas de voz por causa do esforço excessivo da garganta. Cantores profissionais aprendem a aquecer a voz antes de ensaios ou apresentações, a cantar notas médias antes de emitirem gradualmente as notas mais altas e baixas da escala, e a praticar escalas e arpejos, além de exercícios respiratórios que ajudam a produzir o som com eficiência e sem tensão. Os amadores, no entanto, não costumam ter tanto cuidado. As dificuldades vocais geralmente decorrem da emissão inadequada de uma voz alta, com o objetivo de ser ouvido em um bar ou salão. Esses sons facilmente provocam lesão nas cordas vocais. Convém não cantar sem aquecer a voz, como já descrito, principalmente se você estiver com dor de garganta, pois as cordas vocais podem ficar vulneráveis à inflamação.
Mesmo com treinamento, são possíveis os seguintes problemas:
- uso excessivo das cordas vocais por conta de muitos ensaios e agendas cheias;
- viagens – sobretudo aéreas, que são ruidosas e cansativas, além do ambiente pressurizado e da baixa umidade – podem sobrecarregar a voz de um cantor;
- como os desportistas, os cantores precisam aclimatar-se a grandes altitudes antes de se apresentar, para que não haja risco de tensão vocal;
- em muitos auditórios, o ar é frio, seco e empoeirado, o que pode prejudicar as cordas vocais;
- alguns clubes e espaços pequenos permitem o fumo, o que afeta a voz dos cantores.
Frequentar locais com música muito alta
Se você vai a uma boate ou a um show em que a música é alta, aceite que o ambiente não é propício para longas conversas. Os níveis médios de ruído são muito altos para serem superados com a voz. O ar nesses locais pode ter fumaça, o que também prejudica a garganta e a voz.
Não relaxar a mandíbula
Pessoas muito tensas podem ranger os dentes à noite e cerrar a mandíbula. Essa é outra causa bastante comum de tensão vocal, que faz a voz parecer “presa” ou abafada. Se você notar que está engolindo os sons e que precisa fazer mais esforço com a garganta porque não é ouvido, talvez sejam necessárias providências para aliviar a tensão. Todos cerramos a mandíbula e rangemos os dentes em momentos de estresse, mas isso não deve acontecer com frequência.
Beber e fumar
Dois dos principais recursos sociais para aliviar o estresse – o tabagismo e a bebida alcóolica – deixam a voz seca e irritam a laringe, o que torna a voz mais grave, além de causar rouquidão e várias outras alterações. A longo prazo isso “envelhece” a voz.
Ingerir líquido insuficiente
O estresse pode levar à negligência da alimentação ou à ingestão insuficiente de líquidos durante o dia, o que acarreta desidratação e ressecamento da garganta.
8 dicas para cuidar bem da voz
- Se você precisa falar muito no trabalho, faça períodos de repouso durante o dia.
- Não fale mais alto do que o ruído de fundo se não for necessário.
- Se você grita sempre que está com raiva, considere a possibilidade de aconselhamento ou treinamento assertivo.
- Não exagere nos alimentos condimentados, pois irritam a laringe.
- Evite substâncias químicas irritantes à garganta, como aerossóis e produtos de limpeza.
- Evite o tabagismo e o excesso de álcool.
- Não fique curvado sobre o teclado do computador ou sobre a mesa. Essa posição tensiona os músculos do pescoço, que são importantes na produção da voz.
- Não fique muito tempo em um ambiente com ar seco e frio. A laringe gosta de umidade e calor. A inalação de vapor dilui o muco aprisionado no nariz e na garganta.