Saiba o que é a cirurgia bariátrica e suas principais indicações, bem como os riscos envolvidos no procedimento, além dos cuidados do pós-operatório.
Em maio, o filho do apresentador Faustão submeteu-se a uma cirurgia bariátrica. Agora, tem chamado atenção nas redes sociais pela drástica redução das medidas — ao todo, menos 40 kg.
Cirurgia bariátrica: um procedimento de risco
É comum que quem apresente grau de obesidade elevado, depois de muito tempo sem resultados expressivos para perder peso, tenda escolher a cirurgia bariátrica como alternativa final para o emagrecimento.
E, de fato, ela deve ser a última opção, visto que é uma cirurgia de risco. Mas com o intuito de alcançar os melhores resultados, é necessário prestar atenção em alguns detalhes.
Em primeiro lugar, a indicação da cirurgia bariátrica é geralmente sugerida a pessoas com grau de obesidade 2, quando o índice de massa corporal (IMC) está entre 35 e 50.
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Ninguém deve buscar alternativas que não sejam acompanhadas por um médico especializado ou sem preparo anterior. Por outro lado, quem está apto a realizar o procedimento deve seguir todas as etapas de preparação e pós-operatório à risca.
Muitas doenças estão relacionadas a altos graus de obesidade. Nesse sentido, a hipertensão, por exemplo, diabetes mellitus e doenças articulares são algumas das ocorrências mais comuns.
Por esse motivo, quem cogita a hipótese deve buscar conselhos médicos sobre a eficácia da cirurgia bariátrica, que não é indicada para todos.
Para quem a cirurgia bariátrica é recomendada?
- Indivíduos com IMC maior que 50 kg/m²;
- Indivíduos com IMC maior que 40 kg/m², com ou sem doenças clínicas, que não responderam ao tratamento
clínico (reeducação alimentar, medicação, atividade física, suporte psicológico) durante um período mínimo de dois anos;
- Indivíduos com IMC maior que 35 kg/m² que tenham doenças associadas, tais como doença cardiovascular de alto risco, diabetes melito e/ou hipertensão arterial de difícil controle, apneia do sono, doenças articulares degenerativas, que não responderam ao tratamento clínico (reeducação alimentar, medicação, atividade física, suporte psicológico) durante um período mínimo de dois anos;
- Indivíduos motivados que aceitem e que, principalmente, conheçam os riscos da cirurgia.
É preciso respeitar os limites clínicos de acordo com a idade.
Ou seja: a cirurgia bariátrica não pode ser realizada antes da consolidação das epífises de crescimento no caso de pessoas entre 16 e 18 anos de idade.
No caso de pessoas com mais de 65 anos a avaliação tem de ser individualizada (relação risco-benefício, risco cirúrgico, existência de doenças associadas, expectativa de vida e benefícios do emagrecimento).
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Contraindicações
- Limitação intelectual significativa quando o paciente não tem suporte familiar adequado;
- Transtorno psiquiátrico não controlado;
- Dependência de bebidas alcoólicas ou drogas ilícitas;
- Doença cardiopulmonar grave e descompensada;
- Hipertensão porta, com varizes gastresofágicas;
- Doenças imunológicas ou inflamatórias da parte alta do sistema digestório que predisponham a sangramento;
- Causas endócrinas como síndrome de Cushing (hiperplasia das glândulas suprarrenais) e tumores endócrinos.
Exames pré-operatórios para a cirurgia bariátrica
- Hemograma;
- Coagulograma;
- Tipo sanguíneo e fator Rh;
- Glicemia;
- Perfil lipídico;
- Provas de função hepática;
- Dinâmica do ferro;
- Exame de urina;
- Eletrocardiograma;
- Radiografia de tórax;
- Endoscopia digestiva alta;
- Espirometria;
- EcoDoppler venoso dos membros inferiores;
- Ultrassonografia de abdome (se houver alterações nas provas de função hepática);
- Sorologia para hepatite (se houver alterações nas provas de função hepática).
O paciente tabagista deve parar de fumar por pelo menos 8 semanas antes da cirurgia.
A paciente em idade fértil deve usar sobretudo um método contraceptivo seguro até estabilizar o peso após a cirurgia (pelo menos durante os primeiros 12 meses).
Não há consenso quanto à segurança dos contraceptivos orais após a cirurgia bariátrica.
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Tipos de cirurgia bariátrica
- Banda gástrica ajustável (reversível);
- Balão intragástrico (só pode ser deixado por 6 meses);
- Gastroplastia vertical com banda;
- Desvio gástrico ou derivação gástrica com Y de Roux (redução gástrica ou gastroplastia com desvio intestinal com Y de Roux, com ou sem anel de estreitamento ou contenção na saída do estômago reduzido);
- Derivação biliopancreática (DBP) com gastrectomia distal ou com gastrectomia vertical, preservação pilórica
e desvio duodenal.
A cirurgia bariátrica mais realizada no mundo é a redução ou desvio gástrico com Y de Roux.
A intervenção pode ser realizada por via videolaparoscópica ou por laparotomia. Porém, dá-se preferência à via videolaparoscópica, por causa da menor incidência de complicações na ferida cirúrgica, menor tempo de internação e recuperação mais rápida.
Possíveis complicações da cirurgia bariátrica
A taxa de mortalidade varia entre 0,1% a 1,1%, dependendo da intervenção realizada.
As complicações pós-operatórias são, geralmente:
- Tromboembolismo pulmonar;
- Deiscência da sutura;
- Fístulas;
- Estenoses (estreitamento);
- Infecções;
- Hemorragia;
- Hérnia;
- Torção de alça intestinal.
Acompanhamento
Os pacientes devem ser acompanhados regularmente, por meio de consultas, exames laboratoriais e avaliação nutricional, com o propósito de detectar precocemente quaisquer alterações metabólicas e nutricionais.
No entanto, todos os pacientes precisam principalmente de suplementos polivitamínicos diários. Como ferro, cálcio, vitamina D, zinco e complexo B.
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