Alvo de polêmicas, o andador infantil (ou andador para bebê) é desaconselhável, uma vez que aumenta a chance de acidentes.
Julia Monsores | 10 de Março de 2021 às 14:00
Alvo de polêmicas, o andador infantil (ou andador para bebê) é visto por muitas pessoas como um ponto de auxílio para o desenvolvimento infantil. E isso porque, em teoria, ele permite que o bebê aprenda a andar com mais facilidade.
No entanto, seu uso é desaconselhável pela Sociedade Brasileira de Pediatria, e em alguns lugares do mundo, como o Canadá, sua venda chega até mesmo a ser proibida.
“Além de não ajudar no processo do aprendizado de andar, pode atrasá-lo, interferindo negativamente na marcha e equilíbrio da criança”, explica a Dra. Lilian Cristina, pediatra e homeopata.
Passando uma falsa sensação de liberdade para a criança, que se locomove mais facilmente sob rodinhas, o andador pode, na verdade, provocar sérios acidentes.
“O principal ponto problemático sobre o andador infantil é que ele tomba. E assim, causa muitos acidentes”, explica o Dr. Charles Schmidt, médico com ênfase em Pediatria e Pesquisa Clínica.
A controvérsia é antiga. E já deu pano para muita discussão. No entanto, atualmente a literatura científica traz posições ainda mais incisivas contra o uso do andador infantil.
“O andador infantil não ajuda no desenvolvimento do andar da criança. Aprender a andar é um processo natural. A criança aprende a se apoiar, cai, se levanta, cai.. E assim, vai adquirindo conhecimento, o seu cérebro vai se adaptando e criando o hábito de andar”, explica o Dr. Charles.
Além disso, o pediatra ressalta para o fato de que o andador para bebê ainda pode causar complicações na postura da criança.
“No andador, a posição não é uma posição fisiológica, ela fica com a perna aberta, não há um equilíbrio certo para se desenvolver. E assim, pode acabar desenvolvendo uma posição anormal no seu andar”, explica o doutor.
Além de prejudicar o desenvolvimento dos bebês, o andador ainda pode ser causa de muitos acidentes. Alguns, inclusive, que podem pôr à vida da criança em risco.
E não pense que apenas uma boa supervisão impedirá a ocorrência dos acidentes. Na verdade, algumas pesquisas mostram que cerca de 70% das crianças que sofreram traumatismos com andadores estavam sob a supervisão de um adulto.
“Quedas, traumatismos cranianos e afogamentos são os acidentes mais comuns relacionados ao andador. E as vantagens? Nenhuma!”, explica a Dra. Lilian Cristina.
De fato, os andadores permitem aos bebês uma maior independência. No entanto, vale ressaltar que, com a pouca idade, eles não têm noção de perigo — essa noção só começa a se desenvolver aos cinco anos de idade. E assim, o andador os expõe ao perigo com maior facilidade.
“Inclusive há um projeto de lei tramitando na Câmara dos Deputados desde 2018 que pede a proibição da venda de andadores em território nacional”, salienta a Dra. Lilian Cristina.
“O andador é péssimo para qualquer criança. Com amor, incentivo e supervisão, toda criança normal irá andar naturalmente, sem necessidade de andador”, conclui.