Entenda mais detalhes sobre a nova variante do vírus que pode estar aumentando os casos de febre oropouche
Thyago Soares | 12 de Novembro de 2024 às 17:16
A febre oropouche está entre as doenças que mais afetou a população brasileira este ano. E de acordo com uma pesquisa recente, o surto desta febre pode ter sido causado pelo surgimento de uma nova variante do vírus.
O Oropouche é uma enfermidade viral transmitida pelo mosquito da espécie Culicoides Paraensis, também conhecido como mosquito-pólvora, ou ‘maruim’, e tem como principais sintomas dores de cabeça, febre muito alta e dores nas articulações e nos músculos.
Em um estudo liderado pela Fiocruz, os pesquisadores determinaram que a nova onda de contaminação da febre oropouche está ligada ao surgimento de uma nova variante do patógeno que causa a doença. O ensaio científico acusa que o surgimento desta nova variação do vírus teve o seu surgimento na região amazônica.
O alerta vermelho para o aumento dos casos de febre oropouche se acendeu ainda em 2022, contudo, em 2024 a situação ficou alarmante. Entre agosto de 2022 e 2024 foram contabilizados cerca de 6 mil diagnósticos da doença em 140 municípios da região norte do Brasil, gerando um alerta epidemiológico.
A Fiocruz realizou uma análise do sequenciamento genético do patógeno referente à 382 casos registrados no Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima. O estudo apontou que as infecções eram derivadas por uma nova variante do patógeno, que foi identificada como OROV BR-2015-2024, segundo publicação da Agência Brasil.
A pesquisa ainda foi capaz de determinar que o surgimento desta variante se deu por volta dos anos de 2010 e 2014, possivelmente no estado do Amazonas. O ensaio científico aponta que a nova variante do vírus seria fruto de uma mutação genética das cepas que circulavam entre o Brasil, o Peru, a Colômbia e o Equador, tendo se espalhado de forma sorrateira e provocando o surto que está acontecendo em 2024.
Sim, é normal que vírus e patógenos sofram mutações. Essas modificações genéticas acontecem quando um mesmo hospedeiro, seja ele um animal ou uma pessoa, é infectado por duas linhagens diferentes de um mesmo vírus. Isso faz com que o processo de replicação do patógeno no organismo combine elementos dos dois tipos de micro-organismos e crie uma nova cepa.
A Fiocruz acredita que essa nova variante do vírus da febre oropouche apresenta alterações que podem facilitar o escape do vírus às defesas naturais do corpo.
"Pessoas infectadas anteriormente pelo vírus Oropouche podem ter proteção reduzida contra a nova linhagem. Além disso, um estudo preliminar, feito por outro grupo de cientistas, e ainda não revisado por pares, indica que a nova cepa se replica mais rapidamente nas células do que a primeira linhagem do vírus Oropouche isolada no Brasil, nos anos 1960", declarou a instituição à Agência Brasil.
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