O infarto feminino pode se manifestar muito ates de ele de fato acontecer. Exames comuns podem não identificar nas mulheres a obstrução de artérias.
Redação | 4 de Junho de 2018 às 15:00
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia, só em 2011, 43.317 mil mulheres, o que corresponde a 41,90% dos casos, morreram de doença coronariana no país. Ou seja, uma mulher a cada 12 minutos. Naquele mesmo ano, segundo o Instituto Nacional de Câncer, 13.225 mulheres morreram de câncer de mama no Brasil. Os homens ainda sofrem 16,8 mil mortes por ano a mais por doença coronariana do que as mulheres. Talvez seja por esse motivo que a maioria das mulheres ainda considere a doença cardiovascular como primordialmente masculina. Veja a seguir sete fatos novos sobre o infarto feminino que toda mulher precisa conhecer:
FATO 1
Estudos feitos na Noruega, no Canadá e nos EUA constataram que a maioria das mulheres se queixa de algum sintoma importante até um ano antes de um infarto. Em geral, esse sintoma é fadiga incomum, transtornos do sono e falta de ar. Outros são ansiedade, indigestão, períodos de dormência nos braços e dor em algum ponto do peito, do maxilar, das costas, dos braços ou das pernas.
FATO 2
A redução do fluxo sanguíneo no coração, a chamada isquemia, é atribuída à presença de obstruções distintas causadas por placas nas artérias coronárias. A ruptura dessas placas é a causa do infarto na maioria de homens e mulheres. No entanto, descobertas mais recentes mostram que a isquemia pode ter várias causas, como vasos sanguíneos do coração estreitados ou enrijecidos a ponto de restringir o fluxo de sangue: a chamada disfunção microvascular coronariana. Um importante estudo conduzido nos Estados Unidos na década passada, a Avaliação da Síndrome Isquêmica em Mulheres, verificou que cerca de 50% das mulheres com dor no peito, falta de ar e mau resultado na prova de esforço não apresentam obstruções em angiografias comuns. Essas descobertas podem, sobretudo, ajudar a explicar por que os exames mais comuns para diagnóstico talvez não acusem o infarto sofrido por algumas mulheres.
FATO 3
Por causa do efeito protetor do estrogênio, a maioria das mulheres sofre infartos sete a dez anos depois dos homens. Em média, em geral após a menopausa, com o pico de incidência depois dos 70 anos. Mas estudos mostram que, nas últimas duas décadas, o número de infartos em mulheres de meia-idade (entre 40 e 65 anos) vem aumentando, enquanto o número de infartos em homens da mesma idade vem diminuindo. Essa mudança pode estar ligada ao aumento da incidência dos principais fatores de risco cardiovasculares: tabagismo, diabetes, pressão alta, obesidade e vida sedentária.
FATO 4
Os principais fatores de risco cardiovasculares são os mesmos para homens e mulheres. Mas nas mulheres o tabagismo e o diabetes apresentam importância crescente nos últimos 20 anos. E as mulheres têm alguns fatores de risco importantes que os homens não têm. As complicações da gravidez, principalmente a pré-eclâmpsia, aumentam de forma substancial o risco cardiovascular. Outros fatores de risco são diabetes gestacional e restrição do crescimento intrauterino do bebê. Entre os fatores de risco exclusivamente femininos também estão a menopausa precoce (antes dos 40 anos), momento no qual a mulher perde a proteção hormonal cardiovascular natural. Lamentavelmente, essa proteção não pode ser garantida com a reposição hormonal. A doença chamada síndrome do ovário policístico, que provoca infertilidade, ganho de peso e menstruações irregulares, também aumenta o risco de cardiopatia.
FATO 5
Em 1990, pesquisadores japoneses foram os primeiros a identificar um problema cardíaco temporário, mas capaz de ser fatal, em geral causado por estresse, tristeza ou choque extremos, de tal forma, que é nove vezes mais comum em mulheres depois da menopausa do que em homens. É a síndrome do coração partido, ou cardiomiopatia de Takotsubo ou ainda balonamento apical transitório do ventrículo esquerdo. A doença interfere na eficácia do bombeamento do coração e pode provocar sintomas de infarto e alterações no eletrocardiograma. Contudo não há obstrução de artérias. Cada vez mais a síndrome vem sendo identificada nos pacientes, e há estudos em andamento no mundo inteiro para encontrar a causa subjacente.
FATO 6
Na “dissecção espontânea das artérias coronárias”, uma laceração ou um inchaço numa das artérias coronárias interrompe o fluxo sanguíneo. Ao passo que, dos que sofrem de dissecção espontânea, 70% são mulheres. A doença geralmente surge entre os 30 e os 40 anos e é extremamente rara, atingindo pacientes jovens e do sexo feminino, e corresponde a 0,1% a 1,1% dos casos de infarto agudo do miocárdio. Além disso, na maioria das vezes, estão ausentes os fatores de risco clássicos para doença aterosclerótica coronária.
FATO 7
Embora a compreensão dos infartos femininos tenha melhorado muito na última década, por certo, os especialistas observam que são necessárias mais pesquisas com maior representatividade de mulheres. Além disso, é fundamental que elas levem muito a sério os riscos e os sintomas. Ainda assim, os mais de 75% das mulheres com o conhecido sintoma de dor no peito como característica dominante ainda costumam desdenhá-lo por supor que não pode ser infarto.