Se não for utilizada corretamente, a frequência cardíaca mais pode atrapalhar do que ajudar seus treinos de musculação. Entenda!
André Messias | 8 de Abril de 2021 às 11:00
Henrique é meu aluno particular há 10 anos. Tem boa frequência nos treinos, faz musculação 2x na semana e corrida ao ar livre outras 2x. Fazemos o acompanhamento do comportamento de sua frequência cardíaca durante os exercícios. Na hora da musculação sua frequência não alcança valores que o preocupam (apesar de subir bem em determinados treinos).
Todavia, quase todas as vezes que vamos correr ele fica assustado com os valores que aparecem em seu relógio e quer diminuir a velocidade da corrida e/ou correr uma distância menor (por isso muitas vezes não permito que ele use relógio e controlo o treino com o meu).
Sabendo que muitas vezes a frequência mais atrapalha do que ajuda e poderia ser uma aliada para a preguiça de Henrique (que muitas vezes mais quer papear do que treinar), foi necessária uma séria explicação sobre como devemos utilizar e considerar esses números.
É necessário saber que a frequência cardíaca é influenciada por muitas variáveis, como as condições climáticas, nível de hidratação, horas de sono, estresse, alimentação feita antes do treino, dentre outras. Em dias de muito calor, por exemplo, é praticamente certo que a frequência cardíaca alcance valores mais altos, uma vez que ocorre maior perda de água e maior elevação da temperatura corporal, fatores esses que irão gerar maior sobrecarga cardiovascular.
Obviamente o volume (duração) e a intensidade do treino (sobrecarga imposta ao organismo) são grandes responsáveis (mas nem sempre as principais) pelo comportamento da frequência cardíaca durante a atividade física.
Conhecendo a rotina de Henrique, minha hipótese é a de que muitas vezes quando saímos para correr juntos ele não está bem hidratado e o consumo insuficiente de água, além de ser prejudicial à saúde, atrapalha o rendimento. E assim, sua percepção de esforço (existem tabelas que podem ser utilizadas para verificar o quão difícil está o treino) não condiz com os valores de sua frequência cardíaca, que provavelmente está elevada por conta do baixo consumo de água.
Como o conheço há muitos anos sei que posso exigir um pouco mais de seu organismo sem colocá-lo em risco (apesar de ser necessário treinar com intensidade que exija um esforço considerável do organismo para que adaptações fisiológicas possam ocorrer, não é saudável que a maior parte do treino seja feita com valores muito elevados da frequência cardíaca).
Muitas pessoas preocupam-se em excesso com esses valores durante o treino e acabam treinando bem abaixo de suas capacidades. Todavia é preciso considerar que os fatores previamente citados podem estar sendo os principais responsáveis pela sobrecarga cardiovascular. E não o treino em si.
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É comum que muitas pessoas façam uso da fórmula 220-idade para determinar cargas de treinamento. Essa fórmula, além de não ser a mais recomendada pela ciência, não considera a frequência cardíaca de repouso da pessoa (existe todo um caminho a se percorrer para se prescrever intensidades de treinamento baseadas na frequência cardíaca). Uma recomendação é que toda e qualquer pessoa realize testes de esforço para ver o comportamento de sua frequência cardíaca.
Algo a se considerar é a queda da frequência cardíaca durante a recuperação, o que pode ser um bom indicador da saúde cardiovascular. Em geral, dependendo do treino que está sendo feito e, claro, considerando algumas variáveis já citadas, espera-se uma queda de 20 batimentos no primeiro minuto da recuperação.
Fico em cima de Henrique sobre a importância da hidratação e após explicar sobre como a frequência cardíaca realmente deve ser utilizada, os treinos passaram a render mais. Saiba usar o seu coração e certamente ele ficará saudável.
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