Conheça a ONG Cabelegria, que produz mais de 300 perucas por mês e conta com um banco móvel para fazer doações em hospitais pelo país.
Douglas Ferreira | 11 de Outubro de 2019 às 09:00
Quando a designer Mariana Robrahn cortou os longos cabelos e quis doar para a Santa Casa da Misericórdia, descobriu que o hospital não tinha como confeccionar as perucas. Com a ajuda da publicitária Mylene Duarte, ela então decidiu “fazer o que era preciso para entregar as perucas prontas”, conta Mariana.
Assim surgiu a ONG Cabelegria, que hoje produz mais de seis mil perucas e conta com um banco de perucas móvel percorrendo algumas cidades do país.
O trabalho de Mariana à frente da Cabelegria começou a ficar conhecido após a criação de um perfil numa rede social. Com uma semana no ar, a página da ONG já contava com mais de 5 mil inscritos.
O passo seguinte foi buscar parceiros e costureiras para executar a tarefa de transformar os fios recebidos e montar uma estrutura para dar conta das doações que chegavam. Em março de 2014, a Cabelegria conseguia produzir cerca de 16 perucas por mês. “Eu lembro até hoje da primeira peruca feita por nós, que foi doada à Ana Júlia, de 10 anos, moradora da cidade de Santa Rosa do Viterbo, em São Paulo. Ela enfrentava um linfoma e ficou felicíssima ao receber a peruca. Nada paga ver a satisfação de uma criança, como a da Ana Júlia”, destaca Mariana.
Atualmente, a Cabelegria conta com mais de 200 mil doações, vindas de todo o mundo. A ONG possui uma rede de parceiros que não para de crescer e seis bancos de perucas.
Com o sonho (realizado) de expandir fronteiras e ir além dos hospitais da cidade de São Paulo, a ONG criou o inovador serviço de banco de perucas móvel, um caminhão personalizado, equipado como um salão de beleza. No seu interior, penteadeiras e prateleiras exibem diversos modelos e cores de perucas. Esse serviço chega a hospitais e clínicas de algumas cidades e, eventualmente, a outros estados para atender os pacientes em tratamento contra o câncer. “Trata-se de um serviço único em todo o mundo. As crianças fazem a festa com tanta variedade e são elas que escolhem seus modelos”, conta Mariana.
Os destinos do banco móvel são divulgados no site da Cabelegria. “O foco é a entrega final da peruca para as crianças e adultos que enfrentam o câncer”, acrescenta Mariana. “Já chegamos com o nosso caminhão até os hospitais Mario Kroeff e Andaraí e à Casa Ronald McDonald, no Rio de Janeiro. E também à APPO (Associação Petropolitana dos Pacientes Oncológicos), em Petrópolis. Pensamos em ir mais longe, em rodar o país com o nosso banco de perucas.”
Em São Paulo, as doações chegam ao GRAAC, à Casa Hope, à Casa Ronald Mc Donald e ao Itaci (Instituto de Tratamento do Câncer Infantil), entre outros. “Do nosso ponto de vista, ganhamos muito mais do que doamos. Quando deparamos com a alegria dessas crianças ao receber sua peruca, mesmo em sofrimento, vejo como são leves os meus problemas”, finaliza Mariana.