Entenda como a constelação familiar pode ajudar a compreender os problemas que você tem com a sua família e ter uma relação melhor com ela.
Thaís Garcez | 18 de Julho de 2020 às 11:00
Todo mundo já teve ou terá problemas com a família. Sejam problemas com os pais, com os filhos, ou até mesmo com um parente distante. A questão é que esses problemas familiares são passados por gerações, sem que tenhamos consciência disso, e acarretam novos problemas. Identificando esse processo é que o psicólogo, teólogo, filósofo e pesquisador alemão Bert Hellinger criou a Constelação Familiar.
O objetivo dessa terapia familiar sistêmica é ser uma ferramenta de reconciliação do constelado (pessoa que participa falando sobre o seu problema) com os familiares do presente ou antepassados e com a sua própria história. De acordo com Bert Hellinger, cada ser que nasce carrega consigo um histórico familiar de crenças e esquemas de comportamento que podem ser os causadores de dores e dificuldades no presente.
Vale ressaltar que a Constelação Familiar não tem nenhuma ligação com qualquer religião. Além disso, ela não possui o poder de cura, busca apenas orientar um novo comportamento e um novo ponto de vista sobre os problemas apresentados.
Portanto, ao se reunir em sessões de constelação familiar, o constelado relata o seu problema e é orientado pelo representante (pessoa que ouve e ajuda durante a terapia) a alcançar a raiz dessa dor. A ideia principal é identificar padrões de comportamento que se repetem e estão interligados ao histórico familiar de cada um e descobrir por que eles se repetem e causam esses conflitos. Muitas vezes o comportamento que tanto criticamos no outro é o mesmo que repetimos sem perceber. Pois a ligação entre os membros de uma família é real e interfere no dia a dia de cada um. Essa conexão é chamada de consciência familiar, ou seja, toda a herança de traumas dos antepassados e de informações geracionais que carregamos.
A Constelação Familiar pode ser feita individualmente ou em grupo. Entretanto, a pessoa que apresenta um problema com os pais ou os filhos, ou outro membro da família, não precisa levá-los ao encontro. As mudanças alcançadas pelo constelado serão refletidas em toda a família naturalmente. Além disso, não é aconselhado que crianças com menos de 8 anos participem; a menos que tenham a autorização dos pais. Também não é recomendada a participação de mulheres com gravidez de risco ou nos três primeiros meses, pois o aprofundamento emocional pode acarretar problemas para o bebê e até um aborto espontâneo. A Constelação Familiar também não é indicada para pessoas com depressão, traumas profundos e problemas psiquiátricos.
É importante informar que a Constelação Familiar Sistêmica não tem reconhecimento como terapia pelo Conselho Federal de Psicologia e nem pelo Conselho Federal de Medicina. Portanto, não substitui o acompanhamento psicológico quando for necessário.
Geralmente, cada constelado consegue ter uma orientação satisfatória e perceber melhoras com apenas uma sessão. Contudo, se for necessária outra sessão, é preciso esperar um mês.
Para que a Constelação Familiar apresente bons resultados, é preciso seguir seus fundamentos, que são chamados de leis do amor. Essas leis, de acordo com seu fundador, são essenciais para que haja harmonia nas relações e desenvolvimento comportamental em todas as áreas da vida. Ao colocá-las em práticas, as mudanças ocorrem consciente e inconscientemente em todas as ligações humanas.
Entende-se que cada pessoa tem o seu lugar de direito dentro da família. Nesse aspecto inclui-se bebês que foram abortados, familiares que cometeram crimes e foram reclusos, pessoas rejeitadas por sua orientação sexual etc. Todo mundo deve ter o seu lugar reconhecido, caso isso não ocorra outra pessoa ocasionalmente repetirá os mesmos atos para ocupar esse mesmo lugar, pois todos os espaços de um sistema familiar precisam estar ocupados e cada um precisa ser reconhecido dentro desse sistema. Ninguém pode ser excluído.
O princípio dessa lei determina que cada membro da família deve ser reconhecido pela sua posição, independentemente dos atos que cometeu ou dos reveses da vida. Portanto, uma mãe, mesmo abandonando seu filho, sempre será mãe. Uma tia, mesmo tendo criado seu sobrinho como filho, sempre será tia. Um bebê natimorto deverá sempre ser incluído na ordem de chegada na sua família. O papel de cada um e sua hierarquia devem ser validados por todos.
Um sistema familiar deve manter um equilíbrio entre seus componentes. Quando uma pessoa se sente mais importante do que a outra, as consequências podem ser desastrosas, como brigas, desrespeito e mágoa. A única relação aceita de grau de superioridade dentro do ambiente familiar é entre pais e filhos. Os pais sempre terão importância maior sobre os filhos, pois são responsáveis pela criação e educação. Quanto às outras ligações de parentesco, o respeito pela igualdade de importância e a busca pelo equilíbrio nas relações devem ser consideradas.
Para entender melhor sobre as dores emocionais e como elas se manifestam nas diversas fases da vida, veja como identificar cada uma delas.