A estreia do breaking nas Olimpíadas só gerou um assunto: Rachel Gunn. Vamos entender sua história.
Esther Ramos | 16 de Agosto de 2024 às 13:03
Não é preciso ser um especialista em breakdance para perceber os problemas nas apresentações de Rachel Gunn, conhecida como Raygun, nas Olimpíadas de Paris. Aos 36 anos, ela competiu três vezes nos Jogos e perdeu todas por ampla margem. Muitos dos movimentos que Raygun exibiu durante suas apresentações são típicos de alguém que pratica breakdance por diversão nos fins de semana.
Em uma de suas performances, ela imitou um canguru, deitou-se de lado no chão enquanto girava em círculos, e puxou a perna direita em um movimento semelhante a um alongamento pré-jogo de vôlei. Os vídeos de suas apresentações rapidamente viralizaram nas redes sociais, tornando-se alvo de piadas.
Vamos entender um pouco mais sobre a sua seleção e como ela tem lidado com os comentários em relação a sua performance.
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Rachel Gunn é uma professora universitária e dançarina com doutorado em Estudos Culturais e bacharelado em música contemporânea pela Universidade Macquarie, uma das 200 melhores do mundo. Seu principal foco acadêmico é o estudo das normas de gênero no breakdance feminino.
Seu artigo mais influente, uma autoetnografia intitulada "‘Não se preocupe, é apenas uma garota!’ Negociando e desafiando as presunções de gênero na cena de break dance de Sidney," explora como o potencial das mulheres no break dance é culturalmente regulado.
Outros trabalhos dela seguem abordagens semelhantes, como o artigo "Rearticulando as normas de gênero por meio do break dance." Rachel busca questionar os critérios de sucesso no break dance, apontando o machismo presente nesse universo.
Apesar de não parecer, a participação de Raygun nas Olimpíadas não foi sua primeira experiência em grandes competições. A atleta competiu no Campeonato Mundial em 2021, 2022 e 2023 representando a Austrália, com resultados semelhantes. Ela ficou em 42º lugar entre 78 competidoras em 2021, 73ª de 114 em 2022, e 64ª de 80 em 2023, sempre à frente das outras australianas.
A história de Raygun ganhou atenção devido a suspeitas de manipulação no processo de seleção para representar a Austrália nas Olimpíadas. Uma petição por um pedido de desculpas de Rachel Gunn reuniu 40 mil assinaturas antes de ser retirada por conter informações falsas. A página alegava que Rachel usou sua influência no limitado cenário de break dance australiano para garantir sua vaga olímpica.
Em resposta, o Comitê Olímpico Australiano divulgou um comunicado garantindo que o processo de seleção foi "transparente e independente," com a participação de juízes da Federação Mundial de Esportes de Dança (WDSF) no evento de qualificação.
Nesta quinta-feira (15), Raygun se pronunciou pela primeira vez após sua participação nas Olimpíadas. Em um vídeo publicado no Instagram, ela afirmou ter sido alvo de ataques injustos e agradeceu aos que a apoiaram, mencionando também as mensagens de ódio que recebeu.
"Estou feliz de ter trazido alguma alegria para a vida de vocês. Foi o que eu esperava. Não imaginei que isso também abriria as portas para tanto ódio, o que é francamente devastador", disse Raygun, destacando que deu o seu "máximo" nos jogos.
Com o break dance incluído nas Olimpíadas de Paris como teste, mas excluído dos jogos de 2028 em Los Angeles, Rachel Gunn agora terá tempo para se dedicar a um novo artigo autoetnográfico.
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