Estudos recentes sugerem que o exemplar é o primeiro crânio completo de um grupo pré-histórico pouco compreendido.
Na China de 1933, um operário da cidade de Harbin trabalhava na construção de uma ponte quando descobriu o crânio do Homem-Dragão. O homem escondeu a descoberta, e apenas em 2018 o fóssil foi recuperado. As informações são da CNN Brasil.
Ainda conforme o veículo, a peça foi doada para Universidade GEO de Hebei e em 2021 saíram os primeiros estudos sobre o crânio datado com pelo menos 146 mil anos de idade. Tudo isso despertou grande interesse dos cientistas, já que ele não correspondia a nenhuma espécie conhecida de humanos pré-históricos.
No entanto, estudos recentes apontam evidências que podem mudar não somente a visão acerca do Homem-Dragão, como também impactar na compreensão sobre a evolução humana.
Homem-Dragão pode pertencer aos denisovanos
Em 2021, na época dos primeiros estudos sobre o Homem-Dragão, os pesquisadores sugeriram classificar aquele exemplar como uma nova espécie humana, sendo assim batizado de Homo longi — derivado da província em que foi encontrado, Heilongjiang, ou "Rio do Dragão Negro".
Por outro lado, alguns levantaram a hipótese do crânio pertencer aos denisovanos. Segundo a BBC, nem os cientistas compreendem totalmente os denisovanos, mas acredita-se que são um parente extinto dos humanos modernos que viveram na Sibéria e no leste da Ásia.
Os primeiros vestígios do grupo foram encontrados em 2008, e em 2010 o o geneticista alemão Johannes Krause estava extraindo DNA mitocondrial do que pensava ser um osso de dedo de neandertal encontrado na caverna de Denisova, mas tratava-se dessa nova linhagem.
Porém, um empecilho no estudo dos denisovanos foi a carência de fósseis significativos, uma vez que os pesquisadores só tinham alguns pequenos fragmentos de ossos e dentes. Apenas após várias tentativas que os cientistas conseguiram extrair material genético do crânio do Homem-Dragão, indicando uma ligação entre a amostra e o genoma conhecido dos denisovanos.
Resultados dos estudos apontam essa relação
A nova pesquisa, descrita em dois artigos publicados nesta quarta-feira, 18, foi liderada pela professora do Instituto de Paleontologia e Paleoantropologia da Academia Chinesa de Ciências, em Pequim, Qiaomei Fu.
No primeiro dos artigos, publicado na Revista Cell, Fu e sua equipe relataram que conseguiram recuperar o DNA mitocondrial do Homem-Dragão a partir do cálculo dental, a camada endurecida de resíduos que se forma nos dentes ao longo do tempo. Embora seja menos detalhado que o DNA nuclear, já foi o suficiente para indicar a ligação do crânio ao grupo dos denisovanos.
O segundo estudo, publicado na Revista Science, descreveu a recuperação de fragmentos de proteínas das amostras do osso petroso, cuja análise também sugeriu que o crânio do Homem-Dragão pertencia a uma população denisovana.
Tais conclusões sugerem que o Homem-Dragão pode ser o primeiro crânio completo denisovano. Entretanto, o professor do Instituto de Paleontologia e Paleoantropologia de Vertebrados em Pequim, expressou à CNN certa cautela quanto aos resultados, já que os pesquisadores utilizaram métodos experimentais e que o cálculo dental poderia estar exposto à contaminação.
Portanto, mais pesquisas são necessárias para determinar essa relação. Ainda assim, caso o pertencimento do Homem-Dragão aos denisovanos seja confirmado, isso vai possibilitar maior entendimento sobre as características dessa espécie que deixa os estudiosos tão intrigados.