Confira algumas curiosidades sobre os exames de DNA que prometem mapear a sua ancestralidade que ninguém nunca te contou e surpreenda-se.
Redação | 8 de Outubro de 2020 às 14:00
Saber que através de um “simples” teste de DNA você pode descobrir seus ancestrais étnicos e até mesmo se conectar com parentes desconhecidos é tentador e impressionante. Contudo, tem algumas coisas que você precisa saber sobre exames de DNA. Confira abaixo 13 fatos surpreendentes sobre exames de DNA que você precisa saber!
Se você mandar seu DNA a duas empresas diferentes para descobrir seus ancestrais, talvez acabe com dois resultados diferentes. Segundo Sheldon Krimsky, Ph.D., professor da Universidade Tufts e diretor do Conselho pela Genética Responsável, isso acontece porque não se exige certificação das empresas que fazem os testes, e seus métodos não são validados de forma independente. “Eles podem acertar na ideia básica, por exemplo, que você tem pouco menos da metade vinda do norte da Europa”, diz ele. “Mas, quando dizem que você é 30% daqui e 60% dali, esse é um palpite estatístico baseado no banco de dados exclusivo deles e no método estatístico que usam.”
Seu resultado será menos preciso se você não for europeu. Quanto mais gente de sua região ancestral houver no banco de dados da empresa, mais exatos serão os resultados, diz Hank Greely, diretor do Centro de Legislação e Biociência da Escola de Direito de Stanford. Muitas pessoas no continente americano descendem de europeus ocidentais e do norte, e alguns indícios mostram que eles têm mais probabilidade de fazer exames de DNA. “Os resultados do sul e do leste da Europa serão menos exatos”, explica Greely.
Se você for afrodescendente, por exemplo, nenhum exame de DNA poderá lhe dizer a que tribo pertenciam seus ancestrais. As empresas que afirmam fazer isso estão enganando você, diz Greely.
É possível descobrir seu risco de ter doenças como câncer e Alzheimer com um kit de teste de DNA para fazer em casa, mas um laboratório qualificado para exames médicos lhe dará um resultado muito mais conclusivo. Um pequeno estudo descobriu que 40% dos kits para testes em casa erraram na previsão de anormalidades genéticas. Alguns médicos apoiam os testes feitos em casa para que as pessoas possam tomar providências preventivas mais cedo.
O resultado de seu exame genético pode vir a afetar sua capacidade de fazer seguro. Nos EUA, por exemplo, a lei proíbe as seguradoras de saúde de negar cobertura com base no resultado de exames genéticos, mas não se aplica a seguros de vida, incapacidade física e tratamento de longo prazo. Na maioria dos estados americanos, as seguradoras podem, legalmente, pedir o resultado de seu exame de DNA. “Se planeja fazer um seguro de vida ou de tratamento de longo prazo, faça antes do exame”, sugere Greely.
Cada vez mais, os órgãos de combate ao crime estão usando bancos de dados genealógicos de DNA para solucionar casos, como foi feito na prisão de um ex-policial acusado de ser o Golden State Killer (assassino, ladrão e estuprador em série que apavorou a Califórnia de 1974 a 1986). Os detetives californianos recolheram resultados do DNA de várias cenas de crimes, procuraram semelhanças parciais em bancos de dados genealógicos públicos e acabaram encontrando quem buscavam.
É claro que isso também significa que o DNA de um parente pode transformar você em suspeito, mesmo que seja inocente. Primeiro caso: o cineasta Michael Usry, de Nova Orleans, foi identificado como suspeito de homicídio com base numa amostra genética que o pai apresentara anos antes como parte de um projeto genealógico da igreja. Usry só foi inocentado depois que outros exames mostraram que seu DNA não combinava com os indícios da cena do crime. Os defensores da privacidade se opõem ao uso pelo governo do DNA familiar, e o estado de Maryland e o distrito federal, Washington, proíbem seu uso em casos criminais.
Suas informações genéticas podem ser vendidas a quem pagar mais – seja uma universidade ou empresa farmacêutica que queira usá-las em pesquisas, seja uma empresa garimpando atrás de lucro, diz Peter J. Pitts, presidente do Centro pela Medicina no Interesse do Público. Pergunte à empresa de exames ou leia as letrinhas miúdas antes de assinar qualquer coisa.
Outro problema de privacidade: em 2017, os e-mails e senhas de mais de 92 milhões de usuários do site de genealogia myheritage.com foram haqueados, enquanto o servidor Ancestry’s RootsWeb expôs e-mails, nomes de usuário e senhas de 300 mil pessoas.
O mercado também está se enchendo de empresas que afirmam ser capazes de identificar o produto correto – para a pele ou para emagrecer, por exemplo – com base num exame de DNA. Veja-as como diversão e não como ciência de verdade, diz Greely. Um estudo constatou que as dietas baseadas em exames genéticos não ajudaram a emagrecer.
Ainda assim, os exames de DNA podem responder perguntas que você já fez sobre si mesmo – e outras que você nem sabia fazer. Por exemplo, por um custo adicional, a empresa 23andMe incluirá em seu resultado mais de 25 características individuais, como se você tende a ser mais matutino, se seu ódio ao coentro é genético e se sua cera de ouvido é seca ou úmida.
Dezenas de empresas anunciam exames de DNA a pais e treinadores e afirmam prever a possibilidade atlética da criança. Mas há pouca ciência por trás disso, de acordo com mais de uma dúzia de especialistas em genômica e desempenho atlético.
Seu exame de DNA pode revelar segredos de família. Numa de muitas histórias parecidas, um usuário da 23andMe que testou a si e aos pais para um curso que estava dando sobre genética desenterrou um meio-irmão. A revelação “desarrolhou” emoções na família, escreveu ele em vox.com, e seus pais acabaram se divorciando.