Reportagem exibida no programa Fantástico do último domingo (25) acendeu um alerta aos pais.
Cadu Guarieiro | 26 de Junho de 2023 às 12:19
No último domingo (25), uma reportagem exibida no programa Fantástico, da Rede Globo, acendeu um alerta aos pais sobre outro aplicativo da internet: o Discord. A matéria abordou como uma quadrilha de adultos abusava violentamente de meninas menores de idade através da ferramenta.
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De acordo com o programa, as crianças eram violadas, chantageadas, expostas e catalogadas, tendo em vista que um dos criminosos possuia diversos aparelhos de armazenamento com pastas contendo conteúdos de nudez e até automutilação das vítimas, que eram obrigadas a escrever o apelido dos agressores no corpo com lâminas, para não ter fotos intímas expostas ou enviadas aos pais. As pastas eram organizadas com o nome de cada uma das meninas.
No entanto, os crimes não se limitavam ao universo virtual, um episódio de abuso sexual físico aconteceu com uma das vítimas. A menina de 13 anos, moradora de Joinville, em Santa Catarina, foi convencida a viajar em um carro de aplicativo até São Paulo.
Na capital paulista, a jovem ficou em uma casa junto de outros adolescentes que também fugiram de casa. No local, sofreu agressões físicas e foi estuprada.
Mariana Fernanda Balsalobra, promotora de justiça alertou durante a reportagem sobre o uso do Discord como uma ferramenta de criminosos:
"É importante que fique muito claro que não se trata de desafios que estão sendo praticados por adolescentes. Tratam-se de criminosos, a grande maioria maiores de idade, que utilizam a insegurança dessa plataforma, a grande maioria maiores de idade, que utilizam a inseguraça dessa plataforma em relação a crianças e adolescentes para praticar crimes gravíssimos contra essas meninas."
O Discord é um aplicativo que oferece chat de voz, texto e vídeo, e se popularizou muito entre o público gamer durante os jogos online.
Disponível no Windows, Mac, Android ou iOS, o Discord possui a capacidade de organizar canais e subcanais de conversa, além da inserção de bots que criam tarefas automatizadas entre elas, como gerar imagens ou tocar música.
Ainda que algumas funções da ferramenta sejam pagas, o aplcativo pode ser utilizado em sua totalidade de maneira gratuita.
Além da responsabilização individual dos agressores, o Ministério Público de São Paulo também está investigando o próprio Discord, a fim de entender se a plataforma é ou não segura para os usuários.
"Nós estamos apurando, através de um inquérito civil, a falta de segurança da plataforma Discord. Crimes individuais sempre vão ocorrer na internet. O que diferencia é a detecção de que nessa plataforma está ocorrendo um discurso estruturado de ódio. Um local propício para que eles planejem ataque e vítimas e, principalmente, transmitam o conteúdo do crime", disse Danilo Orlando, promotor de justiça de São Paulo.
O porta-voz do Discord, em entrevista ao Fantástico, afirmou que a plataforma não tolera comportamento odioso. "Nós somos um produto gratuito para mais de 150 milhões de usuários ao redor do mundo, e de tempos em tempos, conteúdo mau e comportamento mau vão acontecer. Nós trabalhamos ativamente para remover esse conteúdo."
Fábio Pinheiro Lopes, delegado responsável pelo caso, atenta aos pais sobre alguns cuidados que devem ser tomados.
"A gente espera que os pais conversem preventivamente, busquem se os filhos têm alguma lesão, se ficam muito tempo dentro do quarto. O diálogo é importante", disse a autoridade.
Através de uma entrevista com mais de três mil pessoas, Hugo Monteiro Ferreira, especialistas em estudos da criança, pontua como a violência está mais presente na juventude através da internet.
"Você tinha um fenômeno que já ocorria, e a pandemia colocou uma tonelada sobre esse fenômeno. Quando eu vou para o mundo da internet, presencio pessoas que querem me manipular, presencio elementos de violência. Eu aprendo a me suicidar, aprendo a atacar escolas, aprendo a como é me autolesionar."
Um ponto abordado por Letícia Oliveira, jornalista que monitora grupos de ódio e violência nas redes sociais há dez anos, é sobre a falta de sensibilidade dos adolescentes com a violência.
"Cada vez mais, elas vão vendo conteúdo mais extremo e isso acaba levando elas a cometerem atrocidades, porque elas estão tão dessensibilizadas, estão tão acostumadas com a violência. É urgente que a gente entenda o que está acontecendo para tentar mudar isso."
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