Votar pelo celular, sem sair de casa, ainda é um sonho distante no Brasil. Em outras regiões do mundo, no entanto, as eleições via internet – e, mais
Ana Marques | 24 de Janeiro de 2020 às 10:04
Votar pelo celular, sem sair de casa, ainda é um sonho distante no Brasil. Em outras regiões do mundo, no entanto, as eleições via internet – e, mais especificamente, por meio de smartphones – já são realidade. A implementação mais recente diz respeito ao sistema utilizado em King County, condado que abriga a cidade de Seattle, nos Estados Unidos.
Cerca de 1,2 milhão de habitantes poderão participar da votação para o Conselho de Supervisores diretamente de suas residências, utilizando o smartphone, entre 22 de janeiro e 11 de fevereiro de 2020. A expectativa é de que a novidade atraia mais eleitores devido à facilidade do processo, transformando e fortalecendo a democracia – nos EUA, o voto não é obrigatório.
“Aqui, nas eleições do condado de King, estamos sempre procurando melhorar o acesso e engajar nossos eleitores, e essa eleição pode ser um passo fundamental para avançar em direção ao acesso e retorno de eleitores por toda a região”, explica Julie Wise, diretora de eleições de King County.
De acordo com informações do portal NPR, menos de 1% das pessoas com direito ao voto compareceram às urnas para eleger seus candidatos ao Conselho de Supervisores nos últimos anos. O conselho é responsável pela arrecadação de impostos, construção e manutenção de estradas e pontes, administração de programas de previdência social, entre outras funções.
A polarização e as discussões sobre possíveis falhas e fraudes do novo sistema de votos pelo celular são esperadas, principalmente devido ao histórico com Fake News nas eleições presidenciais de 2016. Não por acaso o projeto conta com a parceria do Centro Nacional de Cibersegurança dos Estados Unidos, que fornece serviços colaborativos de segurança cibernética ao país.
Entretanto, os impactos positivos são ressaltados por Bradley Tusk, fundador e CEO da Tusk Philanthropies, uma das organizações sem fins lucrativos responsáveis pelo projeto no condado de King. De acordo com Tusk, a melhoria na acessibilidade causada pelo sistema de votação via celulares pode colaborar para diminuir a falta de comprometimento dos candidatos e aumentar a representatividade social.
“Se você pode usar a tecnologia para aumentar exponencialmente a participação, isso determinará como os políticos se comportam em todas as questões”, explica o executivo.
A votação online poderá feita por meio de um site que deverá ser acessado pelo navegador web diretamente pelo celular. O eleitor terá que fazer o login com seu nome e data de nascimento. Após preencher suas cédulas, os indivíduos deverão verificá-las e assiná-las por meio do próprio smartphone.
No estado de Washington (que abriga o condado de King e a cidade de Seattle), os eleitores podem votar pelo correio, o que significa que já existem autoridades aptas para a identificação da veracidade das assinaturas enviadas pela internet.
Os eleitores também têm a opção de preencher as cédulas pela internet, e posteriormente imprimi-las para enviar pelos correios ou depositar em locais designados.
Os Estados Unidos já testaram a votação feita por aplicativo de celular em 2018, na Virgínia Ocidental, para permitir que militares e eleitores que vivem no exterior pudessem indicar seus candidatos. Em Utah, o sistema também é permitido para pessoas com deficiência. Nesses casos, há o uso de blockchain, o que significa que cada voto é protegido por criptografia – sendo, portanto, um processo mais seguro.
É importante ressaltar que os EUA não são os primeiros na corrida por um processo eleitoral feito pela internet. A Estônia é pioneira, com um sistema de votos eletrônicos criado em 2005, que é utilizado por cerca de 30% dos estonianos. Por lá, os eleitores têm uma espécie de RG digital com um código único que identifica cada indivíduo.