Banco Central trabalha em app para centralizar serviços de todos os bancos dos quais você é cliente; entenda a novidade!
A digitalização do setor financeiro evoluiu rapidamente durante a pandemia. Com a expansão das fintechs e adaptação de bancos tradicionais aos novos métodos de pagamentos, atendimento e prestação de serviços, é comum vermos pessoas com diversas contas. Muitas feitas de forma totalmente digital. Cada uma com acesso a partir de um determinado aplicativo — mas não por muito tempo.
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Em uma apresentação nesta semana, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, fez uma introdução à plataforma que reunirá diversos recursos financeiros, como o Pix.
A ideia é que um mesmo app seja a porta de entrada para serviços de todos os bancos dos quais você é cliente. Fazendo a analogia ao mundo físico, é algo parecido com a ida ao Banco24Horas, um totem que reúne os serviços de diversas instituições, sem que você precise correr atrás de um caixa específico.
Integração é chave do Open Finance
A construção desse sistema integrado do Banco Central é possível graças ao Open Finance, a evolução do Open Banking. Por meio desse projeto, instituições financeiras compartilham de forma segura e legalizada os dados de clientes visando uma oferta de serviços mais assertiva.
Além de dar o acesso à conta de cada banco, o app do Banco Central poderá mostrar ofertas de crédito, integrar o Real Digital e permitir pagamentos instantâneos internacionais — ainda que estes últimos sejam projetos em desenvolvimento.
“Não é razoável imaginar que daqui há 3, 4 ou 5 anos as pessoas ainda vão ter que abrir individualmente os aplicativos dos bancos que têm conta. Isso não vai acontecer, vai ser tudo integrado.”, argumentou Campos Neto.
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Conceito de app integrado do Banco Central (Imagem: Divulgação/BC)
Desafios técnicos
A empolgação do Banco Central com sua plataforma única, no entanto, fica em segundo plano ao lembrarmos dos impasses técnicos referentes aos serviços digitais no Brasil.
Nos últimos meses, tornou-se bastante comum a interrupção de aplicativos de diversas instituições. Ainda que as empresas não deixem claro o motivo por trás da queda de suas plataformas, não é difícil fazer algumas associações.
Casos em que uma instituição não consegue processar transações via Pix têm ocorrido bastante próximo a datas comerciais de pagamento, sugerindo sobrecarga. Além disso, o próprio Banco Central já comunicou por duas vezes o vazamento de dados de usuários que de alguma forma utilizaram o método de pagamentos.
Diante dessas e de eventuais outras incertezas técnicas, me parece arriscado depender de apenas um aplicativo para serviços tão importantes. Fica a dúvida quanto à capacidade de infraestrutura para tais propostas.
Nos resta, portanto, aguardar para entender de que forma o BC pretende reforçar a prestação de serviços digitais e proteção de dados.