A crescente onda de desinformação e os discursos de ódio são assuntos em alta no Brasil. Para combater as verdadeiras máfias que montam correntes para
Ana Marques | 14 de Agosto de 2020 às 10:00
A crescente onda de desinformação e os discursos de ódio são assuntos em alta no Brasil. Para combater as verdadeiras máfias que montam correntes para atacar empresas e indivíduos (em geral, politicamente ativos), grandes nomes de tecnologia têm adotado ferramentas e mão de obra (humana) para a curadoria de conteúdo.
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É o caso do Facebook – a companhia de Mark Zuckerberg, que também é dona do Instagram e do WhatsApp, passou a divulgar um relatório trimestral com dados sobre a sua atuação em questões referentes à remoção de fake news e posts de ódio em suas plataformas.
Apesar da atuação sobre 22,5 milhões de posts de ódio, número duas vezes maior do que o do primeiro trimestre de 2020, a empresa admitiu que houve queda na análise de publicações relativas a suicídio e automutilação no Facebook, e à nudez infantil e exploração sexual infantil no Instagram – ainda que casos mais graves tenham sido priorizados.
Em tempos de Covid-19, a gigante afirma ter tido problemas para reunir revisores que pudessem identificar e treinar a tecnologia para o reconhecimento de conteúdo que viola as políticas da empresa nesse sentido.
Mas o que leva o Facebook a atuar sobre um tema e não sobre outro? É fácil entender: recentemente a companhia sofreu diversos boicotes de marcas, que deixaram de investir em publicidade na plataforma, como forma de protesto contra a enxurrada de posts de ódio que circula nesses sites e apps.
No Brasil, o PL das fake news aborda a movimentação de grupos que promovem a propagação de informações falsas e discurso de ódio. O assunto é um dos mais discutidos em todos os âmbitos sociais atualmente, devido ao seu alto teor político.
É importante ressaltar que o suicídio é a segunda maior causa de mortes entre jovens e adultos de 15 a 29 anos, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), e que muitas pessoas expressam em redes sociais, como Facebook e o Instagram, sinais de depressão, ansiedade ou outras doenças que possam levá-las a tirar a própria vida.
No Brasil, a taxa de tentativas de suicídio cresceu 7% em seis anos, também de acordo com a OMS. Com a pandemia, a estimativa é um aumento desse índice, de acordo um com artigo publicado no Lancet Psychiatry.
Já o combate à pedofilia é um assunto altamente explorado nas redes atualmente – mas de forma criminosa, pelo Gabinete do Ódio, que aponta figuras inocentes como possíveis responsáveis por crimes de abuso e exploração sexual de menores.
Uma das vítimas recentes foi o youtuber Felipe Neto, após seu depoimento ao The New York Times criticando o governo Bolsonaro. Durante as eleições de 2018, o candidato à presidência Fernando Haddad (PT), também foi alvo desse tipo de ataque. Em ambos os casos, uma corrente de perfis (fakes e reais) inundaram as redes com falsas acusações.
Os verdadeiros casos, no entanto, podem acabar ficando impunes. Com menos braços e esforços tecnológicos de grandes empresas nesse tipo de caso, e mais “sujeira” proveniente dos movimentos criminosos que espalham desinformação para limpar, é possível que vítimas reais de problemas como este passem despercebidas.
Em tempos sombrios como esses que vivemos, é importante que os usuários também façam a sua parte. Além de relatar potenciais casos nas redes sociais, é importante procurar as autoridades e órgãos competentes que possam agir para evitar mortes ou outras consequências graves. Em casos de tentativa de suicídio, se mostrar disponível para conversar, não subestimar o problema do outro e recomendar a procura de uma rede de apoio, como o Centro de Valorização da Vida (CVV), são ações de extrema importância.