O Facebook planeja a adoção do Home Office de forma permanente – ou seja, mesmo após o fim do isolamento social instituído para combater a Covid-19.
Ana Marques | 22 de Maio de 2020 às 10:00
O Facebook planeja a adoção do Home Office de forma permanente – ou seja, mesmo após o fim do isolamento social instituído para combater a Covid-19. Enquanto muitas empresas lutam para se adaptar à nova rotina e às ferramentas digitais durante a pandemia, a companhia de Mark Zuckerberg, uma das maiores potências de tecnologia do mundo, começa agora a dar o primeiro grande passo em direção a uma nova nova logística: a contratação remota.
Em uma transmissão feita na última quinta-feira (21), em seu próprio perfil na rede social, Zuckerberg revelou expectativas de que em até 10 anos, metade dos funcionários do Facebook (cerca de 24 mil pessoas) trabalhem à distância. Segundo ele, a empresa será uma das pioneiras na migração em massa para o novo cenário.
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Em entrevista ao portal The Verge, Mark Zuckerberg afirma que o árduo trabalho em ferramentas para comunicação à distância, bem como os esforços em desenvolvimento de tecnologias com base em Realidade Virtual e Realidade Aumentada são parte do caminho que os levou a acreditar no sucesso do trabalho remoto.
Também na quinta-feira (21), Andrew Bosworth (Boz), chefe do departamento de Realidade Aumentada e Virtual do Facebook, utilizou seu perfil no Twitter para compartilhar um vídeo com imagens reais obtidas por meio de um teste experimental com protótipos de hardware e software que visam aumentar a produtividade.
Nele, é possível ver a mistura entre o mundo real e o virtual: enquanto o usuário pode digitar por meio de um teclado físico, as imagens são projetados no ar, ocupando bem menos espaço e fornecendo um ambiente dinâmico de trabalho. Confira abaixo:
Isso quer dizer que mesmo com toda a tecnologia que já existe à disposição do Facebook, ainda há muito o que fazer para que o trabalho à distância seja, de fato, uma experiência completa, sem grandes impasses. E enquanto alguns negócios estão começando agora a fase de adaptação ao “mundo digital”, profissionais de tecnologia “quebram a cabeça” para encontrar soluções cada vez mais avançadas que facilitem as conexões sociais e a interação com softwares de produtividade, mesmo à distância. Portanto, não é o momento para tirar conclusões precipitadas sobre esse modelo de trabalho.
Para os funcionários do Facebook já contratados, Zuckerberg pretende permitir a solicitação para Home Office permanente de forma gradual, começando pelos mais experientes. Ele também contou ao The Verge que, diferentemente do que muitos esperavam, as coisas não desmoronaram quando todos tiveram que se isolar por conta do novo coronavírus, mas que ainda assim, existem setores que precisam do contato social – o que levanta questões sobre criatividade e a importância das conexões com outras pessoas na rotina de trabalho.
Ainda de acordo com a fala do criador do Facebook, as empresas também não deveriam enxergar o trabalho remoto como uma forma de cortar despesas. Por mais que consigam fazer isso, é necessário investir em novos modelos e dinâmicas que motivem os funcionários e os mantenham engajados. Mark Zuckerberg afirma que o corte de custos não é algo esperado pelo Facebook – acredita que o que será gasto com o transporte de funcionários para eventos especiais, de forma ocasional, para treinamentos e integração, pode acabar compensando a verba poupada com salários e imóveis.
Além das ferramentas que são, de certo modo, incipientes, o Home Office compulsório ao qual estamos submetidos atualmente não é exatamente o retrato do que será o trabalho remoto daqui a alguns anos. Isso porque não podemos esquecer o fator pandemia – além de trabalhar em casa, estamos presos às nossas paredes e impossibilitados de sair para encontrar amigos e familiares, ir à praia ou a uma cafeteria, por exemplo. Não podemos planejar uma viagem de uma semana para o interior, para trabalhar de lugares diferentes e inspiradores. Além do Home Office, temos o Homeschooling, a convivência com o mesmo grupo de pessoas 24 horas por dia, ou mesmo a solidão completa, para quem mora sozinho. Por isso, é preciso ter calma.
O próprio Facebook parece estar dando um passo de cada vez. O primeiro deles, de acordo com seu próprio criador, começa com a abertura de processos seletivos à distância – o que acontece a partir desta sexta-feira (22). A empresa passará a fazer as contratações de forma remota, não mais considerando a proximidade ao escritório como um fator decisivo.