A última semana foi movimentada para a Apple. A marca da maçã sediou sua tradicional feira para desenvolvedores (WWDC 2022), na Califórnia, e aproveitou
Redação | 10 de Junho de 2022 às 10:00
A última semana foi movimentada para a Apple. A marca da maçã sediou sua tradicional feira para desenvolvedores (WWDC 2022), na Califórnia, e aproveitou para anunciar novidades aos consumidores, dentre elas, o Apple Pay Later. De forma resumida, o serviço nada mais é do que uma espécie de “crediário gourmet”, para pagar parcelado com o já conhecido Apple Pay, a carteira digital da companhia.
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Ainda não há muitos detalhes sobre o funcionamento do Apple Pay Later, já que ele só deve chegar aos usuários em setembro, com o lançamento do iOS 16 em versão estável para o público geral.
Mas o simples anúncio do Apple Pay Later já causou bastante burburinho, especialmente no exterior. Por lá, toda essa conversa de pagamento a prazo não é tão comum quanto no Brasil, e o mercado de crediário digital enfrenta instabilidade.
Você pode estar se perguntando o que muda, ou qual é o diferencial do BNPL. Acredite, não tem muito segredo: é basicamente o que temos aqui com o nosso bom e velho crediário.
A empresa responsável pelo serviço de parcelamento cobra uma taxa de varejistas para que elas possam ofertar pequenos empréstimos em até quatro prestações, com ou sem juros, a depender do acordo.
No caso do Apple Pay Later, as parcelas são pagas a cada duas semanas, e não mensalmente, como estamos acostumados.
O modelo “Buy now, pay later” (BNPL) vem ganhando os holofotes recentemente nos Estados Unidos — impulsionado principalmente pelo efeito que tem sobre geração Z (nascidos entre 1997 e 2012). O crediário digital virou febre entre esse público mais jovem — que compõe 73% da base de clientes de BNPL nos EUA.
Mas 43% desses usuários admitem já ter deixando de pagar ao menos uma parcela. Em alguns casos, as pessoas deixam de pagar aluguel ou pensão alimentícia para quitar uma compra feita a prazo.
Nada de novo sob o sol… para nós, brasileiros.
Por outro lado, como explica este artigo do Verge, os serviços BNPL podem virar uma armadilha, especialmente quando usado para compras não-essenciais.
A necessidade do pagamento parcelado para a nossa economia não é exatamente algo que devemos comemorar. Está diretamente relacionado ao contexto econômico de país em desenvolvimento em que vivemos — afinal, você consegue imaginar o nosso varejo sem essa “regalia”?
Ainda assim, enquanto nos viramos há um bom tempo para equilibrar parcelas, quitar dívidas e adquirir produtos e serviços como podemos, muitas pessoas em diversos países nunca precisaram fazer esse tipo de planejamento.
Os serviços BNPL estão agora jogando uma luz sobre possíveis impasses envolvendo questões financeiras, incluindo educação e fiscalização.
Nos EUA, a Agência de Proteção Financeira ao Consumidor já manifestou preocupação com o acúmulo de dívidas, coleta de dados, entre outros tópicos relacionados ao modelo de pagamentos. O Reino Unido, no que lhe concerne, enrijeceu as políticas regulatórias para empresas que operam com esses serviços em 2021.
É curioso que uma empresa de tecnologia majoritariamente conhecida por fabricar celulares seja a responsável por alimentar ainda mais essa discussão relacionada ao crediário digital nos EUA. Não é um player com pé no e-commerce como a Amazon, ou uma fintech como o PayPal, é a Apple.
Ao mesmo tempo, é empolgante ver a companhia liderada por Tim Cook avançar em mais uma frente na estratégia de diversificar receitas — expandindo ainda mais a área de serviços, que já conta com tentáculos na parte de software (com a Apple Store) e de streaming (Music e Apple TV+).
Por enquanto, o que se sabe sobre o Apple Pay Later é que ele também será gerenciado pela Apple. A empresa criou uma subsidiária para não depender de bancos parceiros no que diz respeito a análise de crédito e demais operações de empréstimo.
Resta aguardar para descobrir quais são os outros planos da companhia para o segmento (que podem incluir assinatura de iPhones, entre outros serviços).