Como você lida com o desperdício de comida? Conheça a iniciativa de uma ONG que aproveita as sobras de restaurantes pra alimentar moradores de rua.
Redação | 6 de Março de 2018 às 10:00
E se, ao final de cada ano, pudéssemos fazer uma grande ceia de Natal para alimentar 19 milhões de pessoas? Isso seria possível se as cerca de 40 mil toneladas de alimentos desperdiçados por dia no Brasil fossem aproveitadas. O número alarmante, divulgado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), é fruto principalmente do desperdício ao longo do preparo das refeições: batatas que se vão junto com a casca mal cortada, tomates “feios” e pedaços de carne extirpados com as nervuras indesejadas são apenas alguns dos exemplos.
A partir desses dados, a agência de publicidade Africa Rio juntou-se à ONG paulistana Make them Smile (“Faça-os sorrir”, em português). Embarcando na tendência dos food trucks, os furgões-restaurante que ganham cada vez mais espaço no Brasil, criaram o Feed Truck. É um furgão-restaurante que alimenta moradores de rua. A ideia é simples: recolher alimentos que seriam descartados em grandes restaurantes e transformá-los em novas refeições, servidas a cada noite em diferentes pontos da cidade.
“Nossa ideia é chamar a atenção para a questão do descarte e promover a noção de que é preciso dar mais valor ao que jogamos no lixo”, explica Diogo.
Com o apoio de nomes importantes da gastronomia, como Roberta Sudbrack, David Marcos (Confeitaria Colombo) e Ronaldo Cunha (Quadrucci), entre outros, apenas na primeira fase, ao longo dos meses de abril e maio, o Feed Truck coletou mais de uma tonelada de alimentos e distribuiu cerca de mil refeições. Diogo Mello, diretor de criação da Africa, diz que a repercussão tem sido incrível. “Recebemos muitos comentários de gente incentivando e parabenizando a iniciativa, muitos interessados em participar e ajudar. Nossa ideia é chamar a atenção para a questão do descarte e promover a noção de que é preciso dar mais valor ao que jogamos no lixo”, explica Diogo.
Ele conta ainda que existem marcas e instituições interessadas em viabilizar o projeto fora do eixo Rio-São Paulo, mas explica: “No Rio de Janeiro, a lei que autoriza esse tipo de serviço foi aprovada há pouco tempo, então aproveitamos. Queremos expandir o projeto, mas infelizmente ele não poderá acontecer em todos os lugares por conta das legislações locais.”
Para evitar o desperdício, é possível se voluntariar entrando em contato com a ONG. Quem está fora do Rio de Janeiro pode ajudar em escala global, adotando medidas simples. Por exemplo, fazer escolhas mais conscientes no supermercado, congelar sobras, pedir meias porções no restaurante e, especialmente, doar o que entrou na despensa e não teve uso (mas antes que expire o prazo de validade!).