As reuniões de família nem sempre são fáceis. Mas, com nossas dicas para manter a calma, você chegará à sobremesa de bom humor.
Douglas Ferreira | 4 de Dezembro de 2019 às 12:05
Está na hora de encarar os fatos: precisamos de um guia de sobrevivência para atravessar a temporada de festas de fim de ano. No filme Feriados em família, de 1995, Claudia Larson retorna à casa dos pais e tem de enfrentar a realidade maluca e difícil da família. “Você olha em volta, querendo saber: Quem são essas pessoas? De onde eu vim?”, pergunta ela.
De acordo com Andrew Sofin, psicoterapeuta e orientador de famílias e casais, essa sensação é comum. “Criamos histórias em torno da família”, diz ele. “Criamos essa ideia de que as famílias deveriam ser entidades bem homogêneas. A ideia é que sua família deveria refletir quem você é, e levamos para o lado pessoal quando alguém é diferente.”
Embora alguns tentem aliviar os dissabores comendo, existem outros mecanismos que engordam menos. “Em primeiríssimo lugar, deixe suas expectativas no lado de fora da porta”, aconselha Sofin. Antes da ceia de Natal com a família, escreva a lista de convidados e acrescente duas frases junto a cada nome: uma sobre o que gosta, outra sobre o que não gosta na pessoa. “Você vai entrar com um estado de espírito diferente”, diz ele. Por exemplo, se houver uma tia muito intrometida, lembrar-se de que ela também é amorosa, receptiva e gentil ajudará você a perceber que a curiosidade dela vem do coração.
Embora não haja regras rígidas de etiqueta, criar uma estratégia pode lhe trazer uma noite de vitórias. Aqui, examinamos cinco personalidades bem difíceis e comuns com as quais você pode dividir a mesa nessa temporada de festas. Nossos conselhos especializados vão ajudá-lo a enfrentar as situações com elegância, dignidade e compaixão – ou, pelo menos, a chegar inteiro à sobremesa.
As festas de Natal e Ano-Novo trazem empolgação e podem exacerbar o comportamento indisciplinado de uma criança. “Em geral, as crianças só querem atenção”, diz Whitmore, acrescentando que lhes dar essa atenção costuma melhorar seu comportamento. “Dependendo da idade, tente trazer a criança para a conversa”, diz ela.
Há uma diferença entre a criança que se comporta mal e a criança que tem um comportamento do qual você simplesmente discorda. “Talvez você não concorde com a roupa da criança, mas fique fora disso”, diz Sofin. “Não cabe a você decidir.” Por outro lado, se a criança se põe em perigo ou traz risco a outras pessoas, diga-lhe que pare sem se irritar e avise aos pais. “Se você se mantiver calmo e objetivo, não haverá brigas. Os pais só vão agradecer.” Se não houver uma mesa para as crianças, peça com antecedência para se sentar junto de um parente com quem gostaria de conversar, em vez de ficar a refeição inteira sentado junto de uma criança problemática.
Todos já ouvimos a frase “Mamãe sabe tudo”. Mas, seja a mãe, o pai, o tio ou a irmã mais velha e metida, receber conselhos indesejados dos parentes pode provocar ressentimentos. “Os familiares tendem a ser muito mais opiniosos uns com os outros do que com desconhecidos, por causa da intimidade da vida familiar”, diz Sofin. Embora alguns deem conselhos com vontade genuína de ajudar, outros usam essa técnica para dominar a conversa.
Seja agradável, não leve nada para o lado pessoal e lembre-se de que a intenção é boa: a pessoa quer realmente ajudar ou simplesmente procura um jeito de se comunicar com você.
“Para lidar com essa pessoa, talvez baste dizer ‘Obrigado, sei que você quer meu bem-estar, mas isso não está me preocupando agora’”, sugere Jacqueline Whitmore, especialista em etiqueta.
Não é necessário seguir nenhum conselho, mas é importante valorizar o sentimento. “Então o outro se sentirá bem, você sairá da conversa e poderá interagir com outra pessoa”, acrescenta Sofin.
Os familiares costumam saber muito mais sobre nós do que gostaríamos, e talvez você tenha um determinado parente que seja mais curioso do que os outros. Quando alguém fizer perguntas pessoais em excesso, não se esqueça de que talvez a pessoa esteja genuinamente interessada em você e em sua vida. “Essa pessoa tenta se aproximar e se conectar com você”, esclarece Sofin.
“Se não quiser contar tudo sobre sua vida, tente ser o mais vago possível”, diz Whitmore. “Faça graça ou responda à pergunta com outra pergunta, dependendo do que estiverem querendo saber.”
Para mudar de assunto, Whitmore recomenda preparar três tópicos de conversa que geralmente são muito bons em festas: uma lembrança carinhosa da família, viagens e comida. “Todo mundo gosta de viagens e comida, mas, se realmente quiser estimular uma conversa animada, conte a lembrança mais querida ou engraçada que você tem da família e peça que todos contem a sua também.”
Com as crenças políticas mais polarizadas, é provável que haja alguém em seu próximo evento de família cuja opinião não seja a mesma que a sua. “Não é preciso concordar com tudo”, afirma Whitmore. “Na verdade, acho saudável que existam opiniões contrárias. Se todo mundo concordasse, a discussão não seria estimulante.”
Antes de entrar na discussão, lembre-se de que sua família não é obrigada a compartilhar das suas crenças, e que as opiniões dos parentes não dizem nada negativo sobre você. “Temos a ideia de que a família deveria refletir quem somos e levamos para o lado pessoal quando alguém tem opinião política diferente”, diz Sofin. “Mas, no fim das contas, só temos poder e controle sobre nós mesmos.”
Dependendo do calor da discussão, tente mudar de assunto ou vá para outro cômodo, com ou sem a outra pessoa. “Às vezes, pode ser necessário dizer: ‘Sabe, teremos de concordar em discordar sobre esse assunto’”, sugere Whitmore.
Na melhor das hipóteses, quem exagera no vinho provoca vergonha; na pior, pode ser uma ameaça a si e aos outros. Se você for o anfitrião, lembre-se de que é responsável pelos convidados. “Caso veja alguém perdendo o controle, afaste a pessoa com discrição”, diz Whitmore. Não se esqueça de que, em geral, há um motivo para exagerar, e talvez seja a mesma ansiedade social que você está sentindo. “Há uma razão para o setor de bebidas ser multitrilionário”, diz Sofin. “O álcool é sedativo. Acalma e deixa as pessoas menos ansiosas e estressadas.”
Como anfitrião, minimize os danos não servindo mais seu convidado desregrado e disponibilizando bastante água, bebidas não alcoólicas e comida. Pergunte-se também por que a pessoa está bebendo tanto. “Estará preocupado porque a ex está aqui?”, pergunta Sofin. “Será que acabou de descobrir que deve muito dinheiro em impostos?”
Sem entrar em confronto, converse com o convidado e talvez consiga trazer seus problemas à tona, o que tem efeito calmante. Mas não se esqueça de que sua tarefa não é ser o psicólogo da família nem o policial da festa. Basta se oferecer para chamar um táxi ou arranjar uma cama para o convidado passar a noite.