Pais ocupados constantemente passam a exercer o papel de sargento instrutor na vida dos filhos apenas para conseguir que todos façam as tarefas que lhes
Douglas Ferreira | 17 de Abril de 2020 às 21:00
Pais ocupados constantemente passam a exercer o papel de sargento instrutor na vida dos filhos apenas para conseguir que todos façam as tarefas que lhes cabem na rotina diária. Essa atitude não só é ineficaz, como também deixa pais e filhos irritados e infelizes.
De que forma você deve dizer às crianças para fazerem o que você quer? As soluções de especialistas para cinco problemas comuns apresentados aqui devem motivar seus filhos à cooperação, à responsabilidade e à afabilidade – atributos que lhes serão úteis durante a vida inteira.
Reação imediata: “De novo! Você é mesmo desajeitado!” O que você precisa fazer agora para resolver esse problema?”
A forma como os pais solucionam os pequenos incidentes causados pelos filhos – desde o leite derramado até os brinquedos – pode levar à aproximação e à confiança ou ao afastamento e à hostilidade, diz a terapeuta de família Jane Nelsen.
Às vezes é difícil se conter ou resistir a pegar a caixa e servir você mesmo o leite. Mas as reações bruscas não vão ensinar seu filho a ser mais cuidadoso. E se você sair berrando ordens (“Limpe isso imediatamente!”), a limpeza vai parecer mais uma punição do que uma consequência lógica das ações das crianças.
A chave é envolvê-la na solução do problema. Não deve haver acusações, apenas uma declaração de que a situação precisa ser resolvida.
Reação imediata: “Trate de arrumar tudo isso agora, senão…” Em vez disso, diga: “Limpe agora ou daqui a dez minutos. A decisão é sua.”
Os pais costumam cair na armadilha de fazer ameaças vagas que raramente motivam crianças e adolescentes. O resultado? Uma guerra de vontades que pode com rapidez atingir proporções gigantescas.
Evite dar ultimatos. Mostre o lado positivo. “Seu quarto vai ficar lindo quando os brinquedos e as roupas estiverem no lugar!” Ao dar a seu filho uma escolha limitada acerca do momento em que a arrumação pode ocorrer, você evita as disputas de poder.
Reação imediata: “Levante-se! É a última vez que chamo você.” Em vez disso diga: “Bom dia! São sete horas. O que devia estar fazendo agora?”
Como pais, frequentemente assumimos responsabilidades no lugar de nossos filhos. Não é de admirar que eles aguardem o milésimo chamado para se levantarem. As crianças sabem, por meio da experiência, que vamos continuar a tentar persuadi-las e não deixar que se atrasem.
Censurar seu filho não vai ensiná-lo a ser responsável, diz Jane Nelsen. Num fim de semana, converse sobre formas de acabar com essa mania matinal. Por exemplo, ele pode separar a roupa e os livros escolares na noite anterior. Compre um despertador e ensine a criança a ajustá-lo para despertar na hora certa. Decida o que vai fazer, em vez de decidir o que vai andar seu filho fazer. Explique que não vai levá-lo de carro se ele perder a carona ou o ônibus escolar. Naturalmente, essa estratégia será possível apenas se a criança puder andar até a escola ou usar um transporte público.
Mantenha-se firme: talvez ela tenha para entrar depois da hora ou ganhar uma anotação no boletim.
Reação imediata: “Você é muito preguiçoso. Precisa se esforçar mais!” Em vez disso, diga: “O dever é seu, não meu. Tenho certeza de que vai conseguir fazê-lo.”
É comum essa batalha em torno do dever de casa. Às vezes as crianças são negligentes. Mas dar ajuda excessiva não resolve.
Passe a responsabilidade para a criança. Primeiro, diga-lhe que acredita na capacidade dela (“Você encontrou uma solução criativa na semana passada”), depois estabeleça regras claras par ao estudo. Sugira um lugar tranquilo onde ela possa fazer as tarefas escolares, longe de irmãos barulhentos e da televisão.
Não fique rondando a criança enquanto ela estuda: isso vai deixá-la dependente demais. Em vez disso, explique-lhe o dever, se ela não tiver certeza do que precisa fazer, depois saia de perto, diz Dorothy Rich, criadora do método educativo MegaSkills.
E nunca faça o trabalho por seu filho – isso é contraproducente, pois a criança não estará aprendendo nada dessa forma. O importante é transformar o dever de casa em uma rotina, não em um obstáculo emocional diário.
Reação imediata: “Quando vai aprender a ser mais responsável aqui em casa?” Em vez disso, diga: “Não posso servir o jantar enquanto a mesa não estiver posta.”
Às vezes é um verdadeiro desafio conseguir que as crianças auxiliem nas tarefas domésticas. Comece estabelecendo regras claras quanto a quem precisa fazer o quê e quando. Chame as crianças para ajudarem você a elaborar um cronograma e pendure-o num lugar visível. Quando as tarefas não forem feitas, vincule consequências à negligência delas. Por exemplo, recuse-se a servir o jantar até que a mesa esteja posta. Seja firme, mesmo se as crianças forem para a cama com fome uma noite.
Faça o mesmo com as roupas sujas. Não mande as crianças recolher as peças do chão aos berros; lave apenas as que estão na cesta de roupa suja. Se a blusa predileta de sua filha não estiver lavada quando ela quiser usá-la, a menina aprenderá a planejar com antecedência.
Prepare-se para o momento em que as crianças fizerem você perder a paciência. Quando isso acontecer, dê uma resposta breve e simples. E lembre-se: a situação pode piorar no começo, antes de melhorar. Mas, a longo prazo, o esforço extra despendido em envolver as crianças na solução dos problemas é um preço pequeno a pagar diante da recompensa que é criar filhos motivados.