Certamente você já tentou em algum momento começar uma "vida nova". Quis mudar os hábitos alimentares, eliminar o uso de estimulantes, fazer exercícios,
Certamente você já tentou em algum momento começar uma “vida nova”. Quis mudar os hábitos alimentares, eliminar o uso de estimulantes, fazer exercícios, parar de ver novelas, dedicar-se mais à família e, ainda, achar tempo para estudar. E quis fazer tudo isso de uma só vez.
No entanto, muitos projetos de “vida nova” naufragam em poucas semanas, em geral por motivo de “força maior”. Existem dores misteriosas, gripes, dificuldades no trabalho, festas imperdíveis ou programas televisivos excelentes. É tamanha a pressão que se torna imprescindível aliviar o sofrimento usando os meios de que tínhamos resolvido nos livrar. Passamos a achar que merecemos aquela cerveja ou aquele doce, talvez um cigarro ou uma noite inteira de ócio… Tudo isso é nosso inconsciente procurando restituir o quadro anterior e pôr fim à tentativa de progredir, que está perturbando o equilíbrio.
Nos últimos anos, ajudei dezenas de milhares de pessoas a realizar mudanças de vida. A chave para a solução é invariavelmente a mesma: a possibilidade de mudança positiva sempre se baseia na honestidade. Reconheça, portanto, os fatos que tornam necessária a mudança em seu caso e os motivos que o levaram a se encontrar na presente situação. O segredo está no fato de que, ao abandonarmos o idealismo desonesto, alcançamos o estado ideal da sinceridade.
As 7 leis a seguir determinam o êxito na realização de mudanças e a probabilidade de que sejam duradouras:
1 . Procure mudar hábitos e atividades
A pessoa que está de dieta e não para de olhar o espelho e a balança pode ficar deprimida. O número no mostrador oscila e o peso baixa tão devagar que não aguentamos a comparação entre meta e realidade.
Você só joga vôlei para ganhar? Aqueles que viraram prisioneiros de seus objetivos não se mostram satisfeitos com avanços aparentemente insignificantes e sucumbem à frustração.
A atitude mais proveitosa é fazer com que o único objetivo seja a mudança imediata no comportamento. Que diferença faz que o cinto esteja apertado se hoje conseguimos comer apenas alimentos leves? O que é uma partida de vôlei perdida se jogamos com bravura e ganhamos um set? Estabeleça metas de que você possa se orgulhar. Concentre-se nas oportunidades do momento e vai achar que o esforço compensa.
Não devemos dar atenção aos problemas que não podemos resolver agora. Tenha cuidado com a tirania do objetivo, injustamente comparando o que você é hoje com um resultado distante.
2 . Busque apoio nos que estão no mesmo barco
Acredite ou não, há quem não queira nos ver alcançar nossos fins. A pessoa que tenta avançar na vida faz as outras se sentirem empacadas no mesmo lugar. Muitos foram considerados “loucos” quando, na empolgação, caíram no erro de contar sobre a mudança em progresso. Há aqueles que oferecem um drinque a quem parou de beber e uma fatia de bolo a quem está tentando emagrecer.
O melhor é recorrer àqueles que partilham de nossos objetivos. O apoio mútuo é o que norteia tanto os Alcóolicos Anônimos quanto os Vigilantes do Peso. Divida seu entusiasmo, portanto, com aqueles que o compreendem. Busque ajuda no lugar certo e com as pessoas certas: outros “loucos”. Juntos, somos mais fortes.
3 . Arrume um canto de cada vez
É difícil viver numa casa que esteja passando por um reforma geral. Se você decide endireitar de uma só vez uma série de aspectos de sua vida, é provável que não alcance nada. Obstáculos físicos, mentais e sociais tornarão a mudança desagradável. Os velhos hábitos, seguros e anestesiantes, voltarão com facilidade, e quase sempre serão bem-vindos.
Se seu desafio consiste em uma miscelânea de sintomas comece por um deles. Deixe os hábitos restantes servirem como portos seguros temporários quando a aversão à mudança se tornar insuportável.
Um hábito que nos governa é como uma obsessão. Indica segurança para a mente assustada. Quando nos abstemos de um hábito compulsivo, comer em excesso é uma forma natural de compensar a segurança perdida. Se mudamos tudo de uma só vez, é possível que a angústia seja tão terrível que nos faça desistir.
Para você se fortalecer, é necessário que se submeta a anos de esforços e sacrifícios. Um amigo meu passou décadas tentando se livrar de hábitos nada saudáveis, mas as tentativas eram sempre frustradas pelo desejo de transformar tudo de uma só vez. Só com paciência e cinco anos de empenho ele conseguiu. Agora, a cabeça ordena e o corpo obedece.
Você pode começar substituindo o sofá por uma partida de futebol ou um par de patins. Pense o quanto pode ser divertido: exercício e bons momentos com uma criança. Depois, poderia continuar, trocando aqueles lanches apetitosos por torradas de centeio, e o fumo por algum outro “vício” sadio. Em alguns casos, as pessoas passaram da bebedeira ao consumo comedido. Quando avançamos com passos pequenos, nossa identidade se fortalece e a capacidade de encarar os desafios seguintes aumenta.
4 . Não desista de nada
Não queremos renunciar ao que consideramos importante. Em vez disso, sempre buscamos mais. É essa a essência do ser humano que a evolução produziu.
Por que o método desenvolvido pelos Vigilantes do Peso – dieta e exercícios aliados ao espírito de grupo – acaba atingindo melhores resultados do que qualquer dieta milagrosa, cujos efeitos, no entanto, podem ser imediatos? As pessoas que procuram os Vigilantes não precisam abrir mão de nada. Pelo contrário: além de perder quilos, são capazes de comer melhor e fazer uma porção de amigos! É mais sensato interpretar nossas mudanças levando em conta o que ganhamos.
5 . Aprecie o progresso lento
Quanto mais rápido se pretende alcançar resultados permanentes,mais improvável será o êxito e mais transitórias serão as conquistas.
Quando emagrecemos apenas contando calorias, nosso metabolismo diminui, o armazenamento de gordura se acelera e é provável que haja uma recaída. Quando perdemos peso aos poucos, o corpo e a mente se ajustam à mudança.
Decidiu poupar? É possível que um programa rígido de economia provoque uma sensação de austeridade, que pode fazê-lo voltar ao esbanjamento. Se, pelo contrário, você guarda 5 reais por dia (ou 150 reais ao mês) alcançará a independência econômica antes que suas forças se esgotem.
6 . Dê lugar a suas qualidades
As pessoas não querem mudar e talvez não sejam capazes de fazê-lo. O que somos hoje é , em essência, o que éramos na juventude, e também é difícil que mudemos muito nas próximas décadas.
No entanto, podemos evoluir e crescer com o auxílio de nossas qualidades, como dons, talentos e habilidades. A mudança ocorrerá apenas se fizermos uma nova interpretação de nós mesmos, sempre ligada a nosso mundo anterior. Dessa forma, definiremos nossa identidade através dos hábitos modificados.
Os escravos do tabaco e do álcool não fumam cigarros ou bebem simplesmente; são fumantes e alcoólatras. Se raras vezes fumamos ou bebemos, e sempre numa ocasião especial, estamos livres para escolher nossa relação com essas substâncias. Há uma grande diferença entre fazer uso do álcool e embebedar-se.
Ninguém alcança a perfeição, por mais competente que se torne em alguns setores da vida. Transforme-se no que você é. Aceite e controle suas fraquezas, mas deixe que suas qualidades as contrabalancem.
7 . Pare de se sentir culpado
Não podemos largar o cigarro sem esforço. Não é nos sentindo culpados que vamos deixar de comer em excesso. Frases como “Adoraria ser mais magro” ou “Deveria parar de fumar” só trazem a sensação de culpa e impotência. Elas consolidam o comportamento que originou a culpa e do qual queremos nos livrar.
“Estou tentando” é o grito de guerra de mentirosos e covardes. “Eu deveria” é uma forma de culpar a si próprio antes que os outros tenham tempo de fazê-lo. “Preciso” tira o prazer de qualquer empreitada. “Espero” é uma carta a Papai Noel escrita por um irresponsável que nunca cresceu.
Uma “obsessão sadia” preenche o espaço deixado pelo vício nocivo de que nos livramos. Em outras palavras, precisamos de uma alternativa como substituto: é mais fácil abandonar o cigarro se desenvolvermos uma pequena obsessão, como o exercício físico, que tome seu lugar. A comida calórica e pouco nutritiva é logo esquecida se adotamos a prática de saborear pratos saudáveis. Entretanto, não almeje a perfeição, porque ela é o maior dos inimigos quando tentamos realizar algo.
Os prisioneiros devem. Os infelizes precisam. Os componentes recebem. Os felizes querem. É tudo mais ou menos o mesmo; a diferença está na atitude.
POR JARI SARASVUO