Você está pensando em pedir demissão ou está sentindo que será demitido? Aprenda o que fazer diante de uma possível demissão e fique no controle da situação
Você está insatisfeito com o seu trabalho e pensando em pedir demissão? A empresa está mal das pernas e você acha que pode ser mandado embora? Se você respondeu sim a uma dessas perguntas saiba que você não está sozinho! O número de brasileiros nessa mesma situação é enorme – principalmente com o país em crise onde a oferta de empregos formais é menor. Mas especialistas dizem que o segredo é não se desesperar e saber como agir diante da possibilidade de perder o emprego.
A primeira coisa a se fazer é criar uma reserva de emergência para evitar ficar sem dinheiro de uma hora para outra. Mas além de guardar dinheiro há também algumas medidas que você pode tomar para se sentir mais seguro. Veja abaixo 7 dicas do que fazer quando você sentir que será demitido.
1 . Peça referências
Parece loucura pedir referências a alguém que acabou de demiti-lo? Quais são as chances de conseguir uma recomendação positiva? Bem, certamente não é loucura e as chances de sair com uma referência decente são maiores do que você pensa. Na verdade, sempre vale a pena tentar essa negociação antes de esvaziar a mesa e o armário e sair. Assegurar algum tipo de referência irá ajudá-lo a dissipar preocupações que possa ter em relação à explicação de sua saída para futuros empregadores.
Hoje os empregadores começam a se preocupar com possíveis problemas legais que possam resultar do ato de dar uma referência ruim e o que você vai perceber é que eles vão evitar entrar em detalhes. Normalmente, vão confirmar as atribuições de seu trabalho e informar o período em que você trabalhou na empresa. A menos que você tenha sido demitido por justa causa, os empregadores não tendem a mencionar aspectos negativos, no máximo recusarão o seu pedido de uma carta de referência.
2 . Aborde um gerente amigável
Se a empresa não lhe fornecer referência, procure um colega bem posicionado hierarquicamente – um supervisor, um gerente em outro departamento com quem você tenha trabalhado regularmente ou um veterano respeitado com quem você tenha boas relações. Mesmo que essa pessoa não possa fazer isso oficialmente por meio de uma carta formal em seu nome, é muito possível que concorde em ser listada como referência e falar de você e do seu trabalho caso seja contatada por um futuro empregador seu.
3 . Avise sobre sua demissão
Você deve se lembrar de alguma cena de filme em que alguém diz: “Você não pode me demitir porque eu me demito.” Mas na vida real, demitir-se antes que uma desagradável dispensa ocorra faz mais sentido se a pessoa estiver verdadeiramente insatisfeita com o trabalho. Seu chefe pode ter notado algo que você não notou – que seu desempenho vem caindo ultimamente. A realidade, nesse caso, pode ser algo que você vem escondendo de si mesmo – que anda relaxando porque odeia o seu trabalho. Talvez, inconscientemente, queira ser demitido. Se for esse o caso, a solução é começar a procurar outro emprego de imediato.
Não se demita simplesmente – o melhor momento para procurar emprego é quando se está empregado. Você vai manter a segurança de um salário regular e permanecerá no mercado de trabalho com toda a energia e as conexões que existem nele, em vez de ficar dando telefonemas da mesa da cozinha. Não se sinta culpado por procurar outro emprego enquanto está trabalhando; na realidade, é bem provável que você passe a executar seu trabalho bem melhor, com energia renovada por finalmente ter tomado uma decisão construtiva sobre seu futuro.
Seja honesto com possíveis empregadores sobre sua situação atual. E informe seu chefe sobre seus planos também – mas não logo de primeira. Para começar, decida o que realmente vai procurar. Então, envie muitos currículos e espere até obter respostas favoráveis e a possibilidade de uma oferta de emprego para só então dar a notícia. O seu chefe pode ficar magoado, ou mesmo zangado, mas se seu desempenho ruim e sua atitude foram notados, ele também se sentirá aliviado com o fato de a situação caminhar para uma solução que exclua uma demissão complicada.
Se conseguir uma recolocação, negocie um prazo para iniciar no novo emprego. Evite pagar uma multa ao seu antigo empregador, dando o “aviso prévio”. Você deverá continuar trabalhando por mais trinta dias, podendo faltar os últimos sete dias corridos ou sair duas horas mais cedo todos os dias. O aviso prévio é uma forma de evitar a surpresa da outra parte. Quando o empregador é quem demite o empregado, ele tem de dar o mesmo aviso. Quem não o fizer, paga uma multa no valor de um salário mensal.
4 . Peça uma promoção
Aqui está uma variação da estratégia preventiva “bata o martelo”. Depois de pensar bastante, você decide que está tão insatisfeito com o trabalho que se demitir é a melhor solução. O próximo passo é marchar direto para a sala do chefe – não para dizer que está indo embora, mas para expor suas queixas. Diga como se sente, expresse claramente o que você quer e pergunte se a empresa tem planos para você no futuro.
Se você planeja sair, de qualquer modo, deve estar pensando por que tomar essa iniciativa de ir à sala do chefe. Bem, essa é a melhor hora para fazê-lo. Expressar seus desejos fornecerá elementos sobre sua situação quando você avisá-lo de sua saída e pode até ajudá-lo a tornar o que você está procurando mais claro na sua própria cabeça, enquanto procura um novo emprego. Mas preste atenção: seu empregador pode ficar solidário com seus problemas e oferecer ajuda para melhorar as condições no emprego. Talvez você acabe nem pedindo demissão. Às vezes, o chefe não tem a menor ideia de que o funcionário está com dificuldades no trabalho e, se você é eficiente, ele poderá esforçar-se para resolver suas preocupações. E, caso você não seja importante o suficiente para eles, saberá que a decisão de sair foi acertada.
5 . Transforme a demissão em vantagem
A hora da verdade chegou – quando o entrevistador pergunta por que você deixou o emprego anterior. Não entre em pânico. Você pode lidar com isso se souber o que as pessoas que o estão entrevistando realmente pensam. Futuros empregadores não estão interessados em bancar o juiz ou júri, nem em recuperar sua carreira. O que eles tentam averiguar é se existe um problema com suas atitudes e sua abordagem em relação ao trabalho.
Não tente se defender com explicações detalhadas sobre o que “eles” fizeram com você. Não seja rabugento ou expresse raiva ou amargura sobre a situação. E o mais importante: não fale mal de ninguém. Tudo o que irá conseguir com esse tipo de comportamento defensivo é convencer seu possível empregador de que o assunto da demissão ainda o incomoda. E ele pode ficar preocupado com a sua maneira de lidar com assuntos profissionais.
Em vez disso, componha uma resposta bem elaborada antes da entrevista. Por exemplo, diga que você deseja novos desafios e aprendizados, que não havia mais espaço para crescimento no antigo emprego, que você não estava satisfeito com as condições de trabalho ou com os benefícios e decidiu buscar uma oportunidade melhor, que a empresa estava passando por dificuldades financeiras e teve de enxugar o quadro de funcionários. Ensaie esse pequeno discurso várias vezes, até que comece a soar convincente. Ele vai fazer com que o entrevistador pense em como você poderia continuar no emprego naquelas circunstâncias. Se o entrevistador insistir no motivo de sua demissão, encerre seu discurso com algo assim:
“Foi uma dessas situações infelizes que acabariam por culminar com um rompimento e eles o fizeram antes de mim. Eu entendo agora que deveria ter expressado minhas preocupações em relação ao trabalho e às minhas oportunidades futuras, em vez de deixar que as coisas chegassem àquele ponto. Mas aprendi com a experiência.”
Se você der esse tipo de versão positiva para a situação, um empregador em potencial normalmente irá aceitar e talvez até se impressionar com sua habilidade de lidar com problemas e aprender algo com eles.
6 . Procure orientação
Mesmo que seu empregador tenha pago todos os seus direitos (como saldo de dias trabalhados, aviso prévio, multa de 40% sobre o FGTS, proporcional do décimo terceiro salário e das férias, acréscimo de férias constitucional etc.) e mantido o recolhimento do INSS e do FGTS em dia, você pode entrar em contato com uma DRT (Delegacia Regional do Trabalho) ou com seu sindicato, para descobrir quais benefícios estão disponíveis para você e quando poderá requerê-los. Existem muitas opções a serem oferecidas, dependendo das circunstâncias nas quais você deixou o emprego. Confira se não está perdendo algo a que tem direito. Ligue imediatamente – receber benefícios pode demorar mais do que você imagina. Se tiver dúvidas, aproveite o dia da homologação da demissão para esclarecê-las. Você também pode ter direito a receber um auxílio desemprego dependendo do tempo que trabalhou.
7 . Está envergonhado? Deixe disso!
Talvez você nunca pudesse imaginar que alguém tão habilidoso e talentoso como você poderia ficar sem emprego remunerado por um período de tempo prolongado. E mais: a idéia de se candidatar ao seguro-desemprego pode parecer desagradável para algumas pessoas. É como se estivesse pedindo esmola, quando não é exatamente um mendigo. Supere esse bloqueio. Se seu carro ou sua casa sofressem algum dano, você de bom grado aceitaria dinheiro da seguradora para cobrir custos com qualquer reparo necessário e outros problemas que pudessem aparecer. Seguro-desemprego é apenas outra forma de seguro, que por acaso é administrado pelo governo. De qualquer forma, você vinha contribuindo com seu dinheiro suado – ano após ano, enquanto estava sendo remunerado – para um fundo do qual o benefício que recebe é retirado. Não se sinta constrangido em requerê-lo. Fique com a consciência tranquila – afinal, você trabalhou muito para isso.