Atriz, escritora e roteirista, Fernanda Torres está de volta à TV na segunda temporada de “Filhos da Pátria”. Falante e bem-humorada, de imediato ela
Atriz, escritora e roteirista, Fernanda Torres está de volta à TV na segunda temporada de “Filhos da Pátria”. Falante e bem-humorada, de imediato ela contou que para dar conta da agenda puxada de compromissos profissionais e pessoais precisa recarregar as energias com uma boa noite de sono. Sim, dormir bem é fundamental.
Além disso, movimentar-se é preciso! E isso não inclui idas à academia. Pelo contrário. Atividades ao ar livre são as suas preferidas no dia a dia.
“Não gosto de academia, aquela coisa de ficar presa, pegando em ferro. Nem pensar! Eu preciso me mexer, estar em movimento, senão nem consigo fazer as coisas direito. Adoro caminhar ou correr na praia, dar boas pedaladas na orla aqui no Rio, eu sou assim, bem ativa. E claro: não existo sem uma noite bem dormida, isso é fundamental”, explica.
Ontem e hoje juntos
Feliz da vida com a segunda temporada de “Filhos da Pátria” – escrita por Bruno Mazzeo, com a sua segunda temporada ambientada agora no início dos anos 1930, da Era Vargas – Fernanda Torres afirma que apesar da trama ser de época muitos assuntos são bem atuais, e estão refletidos na sociedade de hoje.
“A série é repleta de observações de hoje em dia. Muita coisa que a Maria Teresa e os outros personagens dizem, vivemos isso também agora. A primeira temporada acabou no Império e começou na Independência. Agora, na trama, acabou a República do Café com Leite e começou a Era Vargas. O que era a corrupção no Paço Imperial, a troca de favores na época, isso tudo continua atual no contexto de hoje”, dispara.
Sobre a personagem, Fernanda Torres conta que Maria Teresa é um eco do que estamos vivendo no Brasil de hoje.
“Aliás, não só ela, mas todos os personagens são eco para algo do agora. Ela tem dificuldade de enxergar os direitos da empregada doméstica, dela ter folga, isso é um absurdo na cabeça dela. A Maria Teresa é uma loucura, diz coisas absurdas, mas você acaba tendo um carinho por ela, que é uma monstra, uma mãe gentil, e se pararmos para pensar, hoje em dia, nós temos várias ‘Marias Teresas’ por aí. É algo presente na nossa sociedade”, reflete.
Brasil de agora
Mesmo sendo um trabalho de época, a atriz acredita que o seriado traz grandes reflexões sobre o Brasil de agora.
“A série é uma excelente reflexão sobre a nossa sociedade. E o que eu acho bom nela é que independente do que está acontecendo no momento, as mazelas da escravidão, do patriarcalismo, estão presentes; essas questões não resolvemos, continuam até hoje, são problemas da fundação do país. Esse trabalho é uma excelente reflexão de nós mesmo, independente de quem esteja no poder”, afirma.
E completa: “O Brasil vive de zerar. Nós temos isso: República Nova, Cruzeiro Novo, Cruzado Novo. Eu assistia em toda a minha vida tanto o novo, o novo e o novo, que é sempre essa ideia: o de jogar tudo o que foi feito fora, no lixo. O Brasil parece que nunca acumula o que aprendeu ou salva algo que foi feito de bom. Eu nasci na ditadura, vivi a redemocratização, esse sonho que a sociedade seria diferente em muitos aspectos e foi. Por outro lado, a democracia nos provou que não há santos e que o problema no país é estrutural”, finaliza.