Atriz carioca Carolina Dieckmann conversou com a nossa coluna sobre isolamento social, a vida nos Estados Unidos e muito mais.
Em mais uma temporada morando nos Estados Unidos, em Miami, na Flórida, ao lado do marido Tiago Worcman e do filho caçula, José (ela também é mãe de Davi, fruto da relação com o ator Marcos Frota), Carolina Dieckmann tem seguido firme em seu isolamento social. A atriz garante que tem refletido e aprendido muito nesta fase atual da quarentena.
“É o primeiro momento, desde que comecei a passar algumas temporadas nos Estados Unidos, que não sinto que estou fora do Brasil. Sigo firme no isolamento, então, não faz muita diferença onde estou. Fico em casa e sinto que o grande aprendizado é reaprender a viver sob novas condições. E isso vai desde as coisas mais simples, como colocar uma máscara e lavar as mãos, até entender as necessidades reais que a gente tem. Quais são os desejos que temos e como isso tudo precisa ser modificado e aprimorado? Acho que o grande aprendizado é se adaptar a uma realidade que talvez não seja tão passageira para a humanidade. Estamos todos aprendendo muita coisa com tudo isso que estamos vivendo”, fala.
Por aqui no ar com a reprise da novela “Laços de Família”, dando vida à personagem Camila, Carolina Dieckmann relembra momentos marcantes da trama. E um deles foi a cena em que raspa a cabeça – tendo ao fundo a música Love By Grace, de Laura Fabian –, escolhida por ela como uma das mais marcantes do folhetim.
“Essa cena sempre vai ter um impacto grande para mim, pois envolve outros sentimentos. Meus medos e inseguranças, e orgulho de ter enfrentado tantas emoções, sendo tão nova… Tenho muita memória emotiva em mim. Esse momento ficou gravado na minha trajetória como um rito de passagem, uma iniciação. E fico ainda mais realizada pelo fato da cena não ter sido forte só para mim, mas para quem assistiu. Ela teve muita importância para minha vida e carreira”, explica a atriz, que relembra o clima dos bastidores da trama ao lado de Vera Fischer e Reynaldo Gianecchini.
“A minha relação com a Vera (Fischer) era incrível. Ela é aquela atriz exuberante, linda e generosa. Com o Giane (Reynaldo Gianecchini), por ele estar fazendo sua primeira novela, tudo era novidade e ele se entregava ao trabalho. Tive uma troca intensa com os dois”.
Questionada se toparia fazer outra personagem em que tivesse que de raspar de novo a cabeça, Carolina afirma que sim e não vê problema de mudar o visual por conta de um trabalho.
“Faria tudo de novo e um pouco mais. Sempre acho que posso fazer mais. Meu corpo está ligado ao meu trabalho. Nunca usei vaidade para dosar o que iria fazer ou não nos trabalhos. Para mim, o começo do barato é se entregar de corpo. Adorei ficar careca. Até aquele momento eu não me achava bonita. Era pouco vaidosa, nem espelho grande tinha em casa. Lembro que o primeiro espelho que tive na minha vida, que comprei para me ver de corpo inteiro, para conferir a roupa, foi na época da novela ‘Mulheres Apaixonadas’. Eu não tinha uma percepção estética sobre mim e, quando fiquei careca, percebi que meu rosto ficou forte e comecei a me achar interessante. Foi careca que comecei a me curtir. É estranho, mas é verdade”, dispara.
Momento marcante
A reprise de “Laços de Família” nas tardes da TV Globo trouxe lembranças fortes para a atriz porque foi na época da novela que Carolina estava escolhendo se de fato iria seguir a profissão de atriz.
“Embora eu já tivesse feito alguns trabalhos como atriz, eu tinha acabado de ter o meu primeiro filho, estava cheia de dúvidas, questionamentos, tentando entender o que eu ia querer fazer daquele momento em diante e aí veio ‘Laços de Família’ como um chamado para eu realmente me conectar de novo com a profissão. Foi definitivo porque foi ali que entendi o que é ser uma atriz, o ofício, o tamanho da entrega. Foi esse trabalho que me apresentou a profissão como algo que eu estava escolhendo fazer”, explica.
Com boas lembranças sobre a construção da personagem Camila, ela conta que teve que se adaptar ao universo do autor Manoel Carlos, que tem suas tramas ambientadas no bairro do Leblon, no Rio de Janeiro, algo que, na época, era distante do seu dia a dia.
“Tratava-se de um universo muito particular, que não fazia parte da minha vida e precisei entender. Fui criada em Santa Teresa, no Centro do Rio, em outro contexto. Comecei a trabalhar cedo, enfim, a Camila era diferente de mim nesse sentido e com o universo ao redor muito distinto, particular, que é o da Zona Sul carioca”, diz.
Sobre o sucesso da trama na reprise vespertina na TV Globo, a atriz atribui ao fato de Maneco (como é carinhosamente chamado por muitos) falar do cotidiano de uma maneira íntima, simples e fácil de ser identificado no dia a dia de várias pessoas.
“Essa crônica do dia a dia dele é irresistível. E falando dessa novela especificamente, acho que o drama da doença da minha personagem, de fato, é muito forte. Mas a abordagem da trama sobre uma mãe e uma filha que se apaixonam pela mesma pessoa foi interessante. E tinham as tramas paralelas, como a da Capitu (Giovanna Antonelli) e da Íris (Deborah Secco), também deliciosas de se acompanhar”, finaliza.