Estudos comprovam que fazer a "voz de bebê" é algo universal. Entenda por que os pequenos gostam tanto da mudança do timbre.
Douglas Ferreira | 21 de Agosto de 2020 às 17:00
As pessoas que nunca tiveram filhos, ou têm pouco contato com crianças, costumam ficar intrigadas ao ouvir a “voz de bebê” com a qual os pais por vezes usam para se comunicar com seus filhos.
Ao usar a “voz de bebê” a pessoa muda o tom de voz, fala mais lentamente, num tom mais agudo e com entonação mais cadenciada. Além disso, também usa frases mais simples e muito mais curtas. Cientificamente está comprovado que o bebê prefere ouvir as pessoas falarem assim. Por isso, diante da opção entre um estranho falando normalmente ou falando como sua mãe, ele escolherá a segunda opção. Mesmo que seja numa língua diferente. Isso mostra que para a criança não importam muito as palavras. E sim a cadência, a entonação e a forma como são pronunciadas.
É provável que essa preferência comece ainda no útero. Onde, graças ao líquido amniótico, o feto ouve mais o tom e a entonação do que os sons específicos da fala. Com relação ao sistema auditivo do bebê, existem alguns fatores que explicam a preferência pela linguagem infantil.
O sistema nervoso do bebê normalmente processa as informações auditivas numa velocidade duas vezes mais lenta que o de um adulto. Por isso, é possível que seja mais fácil para ele acompanhar o ritmo cadenciado da “voz de bebê” do que o fluxo normal de uma fala.
Outro fator é que a audição da criança também é menos sensível que a do adulto. Por isso, ela às vezes tem dificuldade em diferenciar os sons. Algumas pessoas acham que a criança prefere esse tipo de falar porque o tom é mais alto.
O timbre mais agudo ajuda o bebê a se concentrar na fala da mãe (ou outra pessoa que esteja cuidando dela) em vez de ficar perdida em meio à miríade de sons aos quais as crianças costumam ser expostas. Na linguagem infantil também é comum o adulto repetir as frases. E assim, ajuda a criança a aprender as palavras e a estrutura gramatical da sua língua.
Outra característica que facilita a compreensão são as vogais e consoantes alongadas, assim como a enunciação clara das palavras. Finalmente, os pais que usam essa linguagem com seus filhos demonstram maior sensibilidade no trato com a criança. E, dessa forma, estimulam seu desenvolvimento intelectual.
Falar de maneira infantilizada pode ser benéfico na relação entre pais e filhos, transmitindo afeto e segurança à criança. No entanto, quando a criança cresce e passa a ter contato com outras pessoas, essa fala infantilizada pode prejudicar o seu desenvolvimento. Por isso, é importante que os pais fiquem atentos para as fases de aprendizado da criança; eles devem passar a falar de forma correta assim que observarem que a criança está começando seu processo de fala. Dessa forma, a criança se apropriará do vocabulário de maneira adequada.
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