Populações como os Ianomâmis, o povo de Oknawa e os Inuítes, nas quais a doença cardíaca é muito rara, ingerem alimentos com baixo teor de gorduras saturadas, alto teor de gorduras monoinsaturadas e poli-insaturadas, além de ricos em vitaminas e minerais. Como está o seu cardápio?
Os Ianomâmis, os Inuítes e o povo de Oknawa têm uma boa alimentação para o coração; e belas paisagens também. Enquanto a doença cardíaca alcançava proporções epidêmicas em muitos países do Ocidente, cientistas descobriam algumas sociedades – desde a América do Sul até o Pacífico e o Ártico – onde sua disseminação era muito menor. A pesquisa identificou fatores comuns nessas populações.
Algumas décadas atrás quando os primeiros estudos globais mostraram disparidades com relação à doença cardíaca, os cientistas quiseram saber por quê. O que eles descobriram em comunidades com coração saudável, como as três abaixo, tem apresentado indícios vitais e ajuda especialistas em saúde a orientar e educar nações muito mais ricas.
Os Ianomâmis
Em um estudo de 52 populações nos quatro continentes, os indígenas ianomâmis do Brasil foram mostrados como os que apresentavam os níveis de pressão arterial mais baixos. Os números do estudo INTERSALT (que analisou a relação da ingestão de sal e a hipertensão arterial) foram dramáticos – a média dos ianomâmis era 95/61 comparada a 120/80-140/90 mmHg das pessoas no Reino Unido. O segredo deles? Uma dieta que quase não contém sal ou álcool, além do estilo de vida ativo. Os homens caçam e pescam, e as mulheres cultivam verduras e legumes, o que representa 80% do que eles consomem na alimentação.
Alimentos Ianomâmis
● Frutas, legumes e verduras – Bananas ricas em potássio, mangas repletas de caroteno, batatas-doces, mamão papaia e aipim (ou mandioca, abundante em amido) com grandes proporções de manganês (mineral antioxidante) e de vitamina C.
● Rãs com alta concentração de proteína e de saudáveis ácidos graxos ômega-3, vitaminas B12 e C, ácido fólico e minerais (magnésio, cálcio, cobre, zinco, fósforo e ferro).
● Frutos oleaginosos, ricos em gorduras insaturadas.
● Mel, que contém vitaminas e minerais, além de níveis altos de bactérias amigas.
O povo de Okinawa
O povo das ilhas de Okinawa, no Japão, consome uma dieta com baixo teor de gorduras saturadas, e rica em minerais, antioxidantes e fitonutrientes essenciais – os compostos que conferem as cores às frutas e aos legumes e verduras. O Estudo com Centenários de Okinawa, lançado em 1975, atribuiu, de modo surpreendente, as baixas taxas de doença cardíaca em grande parte a essa dieta. E o fato de muitos dos mais jovens em Okinawa abandonarem a dieta tradicional e estarem se tornando vítimas da doença cardíaca ressalta o valor dessa forma de alimentação.
Alimentos de Okinawa
● Cogumelos shiitake, teores de selênio e vitamina D.
● Kombu, alga rica em iodo.
● Vegetais como quiabo chinês e mamão verde, ricos em vitaminas, minerais e fitonutrientes.
● Batata-doce, o principal alimento à base de amido em vez de arroz. É rico em betacaroteno e tem baixo índice glicêmico.
● Produtos à base de soja como tofu e miso, os quais diminuem os níveis de colesterol no sangue, elevam o HDL, o bom colesterol, e reduzem os triglicerídeos.
● Peixes e carnes magras em pequenas quantidades.
● Cúrcuma, condimento rico em curcumina, que baixa o colesterol e tem propriedades anti-inflamatórias.
● Daikon (nabo japonês) contém altos níveis de enzimas que ajudam na absorção de gorduras e carboidratos, vitamina C e fitonutrientes.
Os Inuítes
Nos anos 1970, Hans Olaf Bang e Jorn Dyerberg, pesquisadores dinamarqueses, ficaram intrigados com o fato de que os inuítes da Groenlândia praticamente estavam livres de doença cardíaca, apesar de consumirem enormes quantidades de gordura e proteína, e poucas frutas, verduras e legumes. A explicação: uma dieta rica em ácidos graxos ômega -3.
Alimentos dos Inuítes
● Mamíferos como baleia e foca, com alto teor de gorduras monoinsaturadas e ácidos graxos ômega -3, selênio e vitaminas A, D, E.
● Peixes oleosos como salmão e truta-da-fonte (salvelino ártico).
● Peixes crus, como pescado branco cru congelado, em fatias.
● Alimentos fermentados, ricos em bactérias probióticas, para uma flora intestinal saudável. Iguaria: nadadeira de foca fermentada.
● Carnes e aves de caça, como o alce americano, que apresentam baixo teor de gorduras saturadas, alto teor de gorduras insaturadas saudáveis, além de serem ricas em vitaminas B, C e E.
De acordo com seu hábitat, seus costumes e suas necessidade de nutrientes, eles têm se mantido afastados das doenças cardíacas. Podemos aprender com eles o valor nutricional da base de sua alimentação e mudar hábitos que já sabemos que fazem muito mal ao nosso coração.
Texto extraído do livro Os segredos de saúde mais bem guardados do mundo.