Estudo publicado na revista "The Lancet" confirma primeiro caso de varíola dos macacos em um cão doméstico.
Redação | 17 de Agosto de 2022 às 16:07
Um estudo publicado na revista científica “The Lancet” apresentou o primeiro caso de varíola dos macacos em um cachorro. O caso foi registrado na França, em um cão doméstico da raça galgo italiano e a hipótese é de que ele tenha contraído a doença dos tutores.
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De acordo com o relato publicado na última quarta-feira (10), a contaminação teria acontecido em junho de 2022, após os tutores, dois homens infectados pelo vírus, terem deitado na mesma cama que o cão. Segundo o relato, o casal tinha o costume de permitir que o pet deitasse na cama e mantiveram o hábito sem saber do risco de contaminação.
O cão contaminado é um macho de quatro anos de idade e desenvolveu lesões doze dias após seus donos apresentarem os sintomas. O cachorro apresentou lesões muco cutâneas, incluindo pústulas no abdômen e uma ulceração anal fina.
Os tutores do animal informaram que o pet não teve contato com outros humanos ou animais de estimação desde o surgimento dos primeiros sintomas.
O galgo italiano testou positivo para o vírus da varíola dos macacos através de um teste PCR adaptado. Realizaram nele uma raspagem de lesões na pele, cotonete na boca e no ânus.
Coletada as amostras, as sequências de DNA do vírus do cão e do seu tutor foram comparadas por sequenciamento. Ambas continham o vírus clado hMPXV-1, linhagem B.1, que está se espalhando em países não endêmicos desde abril de 2022.
De acordo com os exames, o vírus encontrado no animal apresentado pelo estudo é totalmente compatível com o encontrado em seus tutores. Dessa forma, os pesquisadores apontam que a transmissão do vírus da varíola de macacos ocorreu do humano para o cão.
Mesmo em países onde a varíola dos macacos é endêmica, a infecção entre animais domésticos nunca foi registrada. Dessa forma, o caso publicado pela revista “The Lancet” torna-se o primeiro caso confirmado de animal doméstico infectado pelo vírus.
Os Estados Unidos já registraram a transmissão do vírus em cães da pradaria, uma espécie de roedor, e na Europa, já foi detectado o vírus em primatas em cativeiro que tiveram contato com animais infectados.
A equipe da revista “The Lancet” defende um debate a respeito do isolamento dos animais de estimação dos humanos infectados.