Vacina contra crack e cocaína? Cientistas brasileiros desenvolvem cura para o vício

O imunizante apresentou a capacidade de cortar o efeito das drogas no cérebro

Cadu Guarieiro | 31 de Maio de 2023 às 12:03

O imunizante está sendo desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) - Imagem: Inside Creative House/iStock

Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), estão desenvolvendo uma vacina para tratar a dependência de cocaína e outras drogas derivadas dela, como o crack. A pesquisa está sendo produzida desde 2015, e agora depende de recursos para iniciar os testes em humanos.

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O medicamento de nome Calixcoca já foi testado em ratos, e teve resultados positivos. De acordo com o estudo, anticorpos produzidos pelo imunizante impedem que a cocaína seja transportada pelo sangue para o sistema nervoso, evitando assim a dependência química.

Frederico Garcia, pesquisador responsável pelo desenvolvimento da vacina e professor do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da UFMG, acredita que a vacina possa impedir a percepção dos efeitos da cocaína nos cérebros humanos, impossibiliante o paciente de desenvolver compulsão à droga.

Em entrevista à Folha, Garcia afirmou que, diferente das vacinas contra a dependência química que estão sendo produzidas pela John Cristal e pela George Koob, ambas as empresas dos Estados Unidos, a Calixcoca é feita através de uma molécula sintética, não proteica. Assim, além de tornar sua produção mais simples e barata, permite uma logística menos trabalhosa, sem a necessidade de cadeia fria.

O imuzante é um dos finalistas do Prêmio Euro de Inovação em Saúde - América Latina, da farmacêutica Eurofarma, que concederá meio milhão de euros para o destaque da edição. Além do vencedor, outros 11 prêmios receberão 50 mil euros para prosseguirem com suas pesquisas.

A vacina pode ser capaz de proteger fetos de dependentes grávidas

O ponto de incentivo da pesquisa foram as mulheres grávidas e dependentes de crack que chegavam ao ambulatório da universidade. De acordo com Frederico Garcia, o Calixcoca também apresentou eficácia na proteção das mães e seus fetos. Reduzindo o número de abortos espontâneos, gerando o ganho de peso nos fetos e os protegendo da dependência.

"Elas sofrem muito com o conflito de tentar proteger seus bebês e a compulsão pela droga. À época, conversei com o professor Angelo de Fátima, do departamento de Química da UFMG, que conseguiu construir essa nova molécula que estamos desenvolvendo", disse o professor.

Além do tratamento contra a dependência da cocaína, Frederico Garcia afirmou que vacinas contra a compulsão de outras drogas, como opioides e metanfetamina, também estão sendo desenvolvidas.

 

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