O governo russo pretende começar a imunização no início de 2025.
Com a expectativa de mortes causadas por câncer duplicarem até 2050, segundo estudo publicado na revista JAMA Network, a doença é um grande problema de saúde em todo o mundo. Consequentemente, é também objeto de diferentes pesquisas científicas, que buscam entender sua natureza e encontrar outras abordagens de tratamento e prevenção.
Dessa forma, a notícia de que o governo Russo começará a disponibilizar vacinas contra câncer a partir de 2025 pegou muitas pessoas de surpresa com tamanho avanço. No entanto, alguns especialistas também fizeram alertas sobre a confiabilidade do imunizante.
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A Rússia está investindo em dois imunizantes para o câncer
Com informações da agência de notícias Tass, reproduzidas pelo jornal O Globo, o diretor geral do Centro de Pesquisa Médica em Radiologia do Ministério da Saúde da Rússia, Andrey Kaprin afirmou que o plano é lançar a distribuição gratuita da vacina no início de 2025. Há duas opções sendo produzidas.
A primeira vacina usa a tecnologia de de RNA mensageiro (RNAm), que, segundo o site Zero Hora, indica ao sistema imunológico instruções sobre como identificar e combater células específicas, permitindo uma abordagem individualizada para cada organismo, bem como acontece com os imunizantes para Covid-19 da Pfizer/BioNTech e Moderna. Essa tecnologia também é utilizada em uma vacina promissora em estado de testes em alguns países europeus.
No entanto, uma crítica levantada é sobre a escassez de informações e publicações sobre as pesquisas realizadas para obter a vacina, apenas sabe-se que as doses são produto da colaboração de diferentes centros de pesquisa. Não foi divulgado também quais para quais tipos de câncer o imunizante vai funcionar, nem a quantidade de doses disponíveis.
"É bem provável que existam estudos em andamento com o uso desta tecnologia, mas o ideal seria entender como esse procedimento será realizado. Acredito que deva estar sendo planejado um estudo com uma amostragem de pacientes, e não a aplicação da vacina direta para a população como uma terapia já aprovada para uso", explicou oncologista clínica e membro do Comitê de Tumores Gastrointestinais da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Maria Ignez Braghiroli, ao O Globo.
Há ainda um segundo imunizante, o EnteroMix, que trata-se da combinação de quatro vírus não-patogênicos que podem destruir células malignas e ativar a imunidade de pacientes contra um tumor, segundo a Agência Brasil. Nesse caso, vai ser necessário aguardar a divulgação de mais dados sobre as duas vacinas russas e a aprovação do imunizantes pelas agências reguladoras.