Vacina brasileira contra o câncer começa a ser testada nos EUA

A vacina brasileira contra o câncer de próstata e o registro oficial do medicamento pode ter registro oficial em 2 anos

Luana Viard | 29 de Novembro de 2024 às 18:13

A vacina é produzida com fragmentos do tumor já existente no paciente. - Polina Tankilevitch / Pexels

Uma vacina inovadora contra o câncer de próstata, fruto de 25 anos de pesquisas lideradas pelo médico Fernando Thomé Kreutz, está agora em fase de testes clínicos nos Estados Unidos. Este avanço coloca o Brasil em destaque no cenário científico internacional.

A imunoterapia, aprovada pela FDA (Food and Drug Administration), adota uma abordagem personalizada, utilizando fragmentos do próprio tumor do paciente para desencadear uma resposta imune direcionada, com o objetivo de diminuir a taxa de recorrência da doença de 36,8% para 11,8%.

Se os resultados forem favoráveis, o processo de registro oficial do medicamento poderá ser concluído em até dois anos. Ensaios anteriores conduzidos no Brasil já demonstraram resultados encorajadores, reforçando o potencial da vacina para avançar no tratamento do câncer.

Como o medicamento foi criado?

“Eu estava fazendo um experimento e tinha três tubos de ensaio sobrando. Então, decidi testar mais um controle negativo. Para minha surpresa, o resultado que deveria ser negativo, foi positivo. Depois de investigar, entendi que seria possível modificar as células tumorais para que elas atuassem no sistema imunológico.”, explicou o médico e cientista Fernando Thomé Kreutz. 

Como a vacina age no corpo?

O profissional explica que a vacina é terapêutica age de forma diferenciada em cada indivíduo. Essa forma de ação aumenta as chances de cura do paciente, “assim como o organismo, cada câncer é diferente”. “Em laboratório, uma amostra do tumor é fragmentada e as células tumorais são cultivadas para modificação. As partículas modificadas são expostas à radiação e, por fim, implantadas na formulação da vacina”, detalha o pesquisador.

A vacina já foi testada no Brasil

Nos testes conduzidos no Brasil, a recorrência do câncer foi observada em 36,8% dos pacientes no grupo de controle. Entretanto, entre os tratados com a imunoterapia personalizada, essa taxa caiu para 11,8%. Além disso, a mortalidade dos pacientes tratados foi reduzida em 8,5%, destacando a eficácia promissora da vacina no combate à doença.

Os estudos são focados no poder da vacina contra o câncer de próstata, mas as inovações científicas acabam se mostrando eficazes para outras finalidados ao longo dos anos. Essa vacina pode ser útil para combater tumores no pulmão e na pele, devido à utilização de antígenos que são específicos e compartilhados por diferentes tipos de tumores.

O desenvolvimento do projeto recebeu suporte de agências de incentivo à pesquisa, como a Finep e o CNPq, além de contar com investimentos privados e parcerias acadêmicas. “Esse projeto realmente pode ser um novo padrão de tratamento global”, reforça o cientista.

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