Estudo feito por cientistas da UCSF constata que quanto maior o tempo que crianças passam em frente às telinhas, maior é o risco de desenvolveremTOC.
Gabriela Botafogo | 16 de Dezembro de 2022 às 21:00
O vício em smartphones e jogos eletrônicos, principalmente entre crianças, têm ascendido um alerta para especialistas da área da saúde que estudam o desenvolvimento humano. Além de aumentar as chances de desenvolver compulsão alimentar, um novo estudo constatou que crianças que passam muito tempo em frente às telas tem maiores chances de desenvolver TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo).
De acordo com especialistas, o uso excessivo de telas se torna cada vez maior conforme as crianças vão crescendo e tendo autonomia, o que é muito perigoso já que longos períodos de exposição à luz de telas pode prejudicar a visão além de acarretar em outros prejuízos para o organismo.
Em um estudo recente publicado por cientistas da UCSF (Universidade da Califórnia em São Francisco) no Journal of Adolescent Health constatou-se que a cada hora que as crianças passam assistindo vídeos o risco de desenvolverem TOC aumenta 13%. Já esse mesmo período jogando videogame, diminui o risco para 11%, mas continua sendo muito prejudicial.
De acordo Jason Nagata, professor e assistente de pediatria na UCSF e principal autor do estudo, o vício causado pelos aparelhos é o principal problema.
"Os vícios em telas estão associados à compulsividade e à perda do controle comportamental, que são os principais sintomas do TOC", esclarece o especialista.
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Assistir vídeos de forma exagerada pode causar uma visualização complusiva de conteúdos semelhantes, impulsionada pelos algoritmos e anúnicos das principais plataformas de consumo. Já no caso dos videogames, o estudo adverte que pessoas que passam muito tempo jogando tendem a sentir a necessidade de jogar cada vez mais e não conseguem parar apesar de tentarem.
"Pensamentos intrusivos sobre o conteúdo do videogame podem se transformar em obsessões ou compulsões", completa Nagata.
Para chegarem à essa conclusão, os cientistas perguntaram a 9.204 crianças de 9 a 10 anos quanto tempo elas gastavam nas mais variadas plataformas, exceto nas plataformas de fins educativos. A média foi de 3,9 horas por dia.
Dois anos após essa primeira pesquisa, os pesquisadores perguntaram aos responsáveis pelas crianças se elas apresentaram algum tipo de sintoma ou foram diagnósticas com TOC. O resultado foi que 4,4% desenvolveram o transtorno obsessivo-compulsivo.
De acordo com o estudo, as mídias sociais, chamadas de vídeos e trocas de mensagens não apresentaram relação direta com os casos de TOC, provavelmente porque as crianças que participaram na pesquisa não utilizavam tais recursos.
Nagata alerta que mesmo com os benefícios que o tempo de tela podem trazer, como educação e socialização, os pais devem estar cientes dos riscos potenciais, principalmente para a saúde mental.