Muitas pessoas, em troca de resultados mais rápidos na mudança corporal, fazem uso de anabolizantes. Entenda por que podem ser perigosos.
Muitas pessoas, em troca de resultados mais rápidos na mudança corporal, fazem uso de anabolizantes, substâncias que prometem melhorar a performance nos treinos e maximizar o ganho de massa muscular. No entanto, seu uso indiscriminado e sem prescrição médica apresenta sérios riscos à saúde, tanto de homens quanto de mulheres.
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“Os anabolizantes têm indicações expressas e são usados para o tratamento do hipogonadismo masculino (diversas doenças que cursam com a falta de produção dos hormônios esteroides masculinos), e podem ser indicados em pacientes com doenças que cursam com a caquexia, como HIV, DPOC, alguns tipos de cânceres, na osteoporose. No mundo, existem muitos estudos clínicos já realizados que parecem mostrar benefícios para uso de esteroides podendo estes serem opções terapêuticas futuras para ajudar na recuperação e qualidade de vida do paciente”, explica a Dra. Adriane Pitta Rivero Rodrigues, endocrinologista do dr.consulta.
No entanto, muitas vezes os usuários de anabolizantes não fazem uso por razões medicinais — mas estéticas. E isso porque esses esteróides provocam o aumento da retenção de líquidos no interior das células musculares. Este inchaço, associado à malhação, faz com que os músculos cresçam mais rápido.
No Brasil, a Anvisa regula a venda e a comercialização dos EAA e é necessário prescrição médica em receituário controlado.
O que são os anabolizantes?
A Dra. Adriane Pitta explica que os anabolizantes, ou chamados de Esteróides Anabólico-Androgênicos (EAA), referem-se aos hormônios esteróides da classe dos hormônios sexuais masculinos.
“Dentre eles a testosterona e seus derivados, que são fabricados sinteticamente com o objetivo de promover ação mimetizadora dos hormônios esteróides naturais produzidos pelo córtex da glândula adrenal (que fica situada acima dos rins) e pelas gônadas (testículos nos homens e ovários nas mulheres).”
Os hormônios masculinos têm papel importante no organismo e podemos destacar que eles mantêm as características sexuais associadas ao sexo masculino e também do status anabólico de diversos tecidos do corpo.
“Em geral, quando se usa um anabolizante, ou seja, um EAA, se busca melhorar desempenho e adquirir corpos musculosos, porém seu uso crônico pode causar diversas alterações patológicas relacionadas à dose, a frequência e padrões de uso”, explica a endocrinologista.
Efeitos colaterais dos anabolizantes nos homens
Muitos praticantes de musculação utilizam anabolizantes com o intuito de aumentar a performance nos treinos e a hipertrofia muscular. No entanto, há riscos e efeitos colaterais para os homens.
“O problema ocorre quando há uso indiscriminado, não indicado e até abusivo destes hormônios. Muitas vezes, não há acompanhamento médico, controle de procedência nem indicação de uso. É muito comum o uso abusivo de anabolizantes por atletas e não atletas com o objetivo de aumentar o rendimento e massa magra”, explica a médica.
A endocrinologista explica que muitas vezes são usados diversos tipos de drogas, por longos períodos – o que pode aumentar ainda mais os efeitos colaterais. “Em geral, empregam ciclos de 8 a 16 semanas, intercalados por períodos de abstinência que duram meses a anos (chamados de ciclagem). Durante os ciclos, são usadas doses e quantidades de drogas crescentes e muitas vezes há uma mistura de 5 a 6 tipos de drogas para se alcançar o objetivo. Isso pode representar doses até 100 vezes maiores que doses usadas para tratar doenças, e o uso de múltiplas doses aumenta os efeitos colaterais e os riscos para o usuário, com alto risco de complicações graves”, acrescenta.
Os efeitos adversos dos anabolizantes incluem danos aos sistemas:
- hepático,
- cardiovascular,
- reprodutivo,
- musculoesquelético,
- renal,
- imunológico e ainda eventos psicológicos e psiquiátricos.
“No caso dos rins, o uso abusivo dos anabolizantes pode levar a um quadro de inflamação, que leva à perda grave de proteínas e sangue pela urina, e pode levar a falência permanente do rim, demandando a diálise renal”, explica a Dra. Adriane Pitta Rivero Rodrigues. Assim, os rins param de funcionar, e é necessário o uso de uma máquina para fazer seu papel, que é filtrar o sangue para excretar dejetos metabólicos.
Efeitos colaterais dos esteroides em mulheres
A testosterona também é um hormônio muito importante para mulheres, inclusive o corpo feminino também a produz. Porém, usar análogos não fisiológicos desse hormônio pode causar, na mulher, diversas complicações.
“Infertilidade, virilização, aumento do clitóris, modificação da voz, queda de cabelo (às vezes definitiva), crescimento indesejado de pelos e maior risco de infarto e arritmia cardíaca”, explica a médica, que acrescenta: “Na endocrinologia, a máxima ‘Menos é Mais’ é regra de ouro. Hormônios são substâncias muito específicas, e o corpo produz em micro, e muitas vezes, nano doses.”
Assim, saber o motivo, quando e quanto usar é papel do médico especialista.
“Porém, se lançar num mundo desconhecido sem ter o devido conhecimento da implicação que pode acarretar, é arriscar num universo de perigos, muitas vezes com consequências e sequelas irreversíveis”, adverte.