Aprenda aqui mais sobre o tabagismo, os motivos de ser tão nocivo e quais são os perigos do vício em cigarro, além dos já conhecidos!
Rebecca Henze | 25 de Agosto de 2021 às 16:06
A maioria das pessoas associa o tabagismo à doença pulmonar, mas, na verdade, fumar é tão nocivo para o coração quanto para os pulmões. A fumaça do cigarro atua no sistema cardiovascular de várias formas, todas elas prejudiciais.
O fumo é a causa evitável mais importante de doença crônica e de morte precoce, sendo responsável por um quarto de todas as mortes de pessoas de meia-idade. Seu papel no câncer de pulmão foi comprovado primeiro, embora a doença cardiovascular seja a responsável pela maioria das mortes prematuras relacionadas ao hábito de fumar.
Ao fumar um cigarro, as folhas de tabaco queimadas transferem nicotina para gotículas de alcatrão, que são inaladas e chegam aos pulmões. A droga é rapidamente absorvida pela corrente sanguínea, com muitos e intensos efeitos no sistema nervoso – pequenas doses de nicotina atuam como estimulantes, ao passo que altas doses causam paralisia dos nervos.
A nicotina atua sobre as glândulas suprarrenais e terminações nervosas, causando a liberação dos hormônios adrenalina e noradrenalina. A adrenalina aumenta a frequência cardíaca e a capacidade de contração do coração; a principal ação da noradrenalina é o estreitamento das artérias.
Esses dois efeitos aumentam a pressão arterial, a frequência cardíaca e o volume de sangue bombeado pelo coração em até 20%. Os níveis elevados de adrenalina e noradrenalina em fumantes aumentam o risco de distúrbio do ritmo cardíaco, resultando em arritmias.
Isso pode manifestar-se apenas como um incômodo, com palpitações ocasionais, ou como uma irregularidade dos batimentos cardíacos, que reduz a eficiência de bombeamento do coração. Em alguns casos, porém, as arritmias podem ser fatais, com colapso circulatório completo. As arritmias são a causa mais comum de morte súbita em pessoas com doença coronariana.
O tabagismo prejudica o sistema cardiovascular, e pode afetar seriamente a sua pele. Causa angina (dor no peito), infartos, doença vascular periférica, aneurisma aórtico e derrame cerebral. Acredita-se que seus efeitos prejudiciais sejam exercidos de três formas principais na vascularização.
O tabagismo provoca acúmulo de placa nas paredes arteriais. O colesterol é o material bruto da placa de gordura, mas é a lesão do delicado endotélio que reveste internamente os vasos sanguíneos que permite a deposição de colesterol e de outras moléculas e células. Isso provoca um processo inflamatório que resulta na formação da placa obstrutiva.
Com a lesão do endotélio, o fumo causa edema das células endoteliais. À medida que as placas crescem e seu formato muda, sua superfície se modifica e pode se romper, expondo, assim, o colágeno e outras moléculas que ativam o sistema de coagulação do corpo. Acredita-se que esse seja o desencadeante da maioria dos infartos e derrames cerebrais.
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Para viver, o corpo deve equilibrar constantemente a formação e a decomposição dos coágulos sanguíneos. A coagulação é essencial para a vida, sem ela, sangraríamos até a morte após um pequeno corte. Mas, se não fosse controlada, o sangue se transformaria em geleia e o fluxo cessaria.
O tabagismo altera esse delicado equilíbrio, tornando possível a obstrução de um vaso sanguíneo por coágulo ou trombose. Os coágulos sanguíneos são formados por pequenas células do sangue (plaquetas) unidas por cadeias de fibrina – uma proteína filamentar – e outras moléculas.
O hábito de fumar aumenta a ligação e a adesão plaquetária ao endotélio, em parte mediante elevação da concentração de ácidos graxos no sangue. Também aumenta a formação de fibrinogênio, que forma fibrina.
Associado ao uso de contraceptivos orais combinados, o tabagismo pode aumentar ainda mais o risco de trombose nas mulheres. Para saber mais sobre a trombose venosa, veja a nossa matéria completa sobre o assunto.
O corpo decompõe naturalmente possíveis coágulos que possam se formar na corrente sanguínea por um processo denominado trombólise. Mas o tabagismo atrapalha esse processo, reduzindo a atividade do “exterminador de coágulos” do próprio corpo – o ativador do plasminogênio tecidual.
A fumaça do cigarro contém gases tóxicos, incluindo monóxido de carbono. Essa substância química tóxica se liga às moléculas de hemoglobina no interior das hemácias, incapacitando-as para o transporte de oxigênio.
Em fumantes inveterados, até 15% de suas hemoglobinas podem ser impedidas de transportar oxigênio. Esse efeito reduz muito a capacidade de praticar exercícios no fumante.
Ao respirar perto de um fumante, você inala não apenas a fumaça do cigarro, mas também o ar expirado pela pessoa que contém partículas de fumaça e gases.
Assim como o tabagismo ativo, o tabagismo passivo aumenta a frequência cardíaca, a pressão arterial e os níveis sanguíneos de monóxido de carbono. Também diminui a capacidade de transporte de oxigênio do sangue e o nível de colesterol HDL (bom), aumentando a adesividade plaquetária e danificando o revestimento dos vasos sanguíneos.
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Há novas indicações de que o fumo passivo pode aumentar em 25% o risco de doença coronariana. Este é menor do que o risco estimado no tabagismo ativo (70%), mas parte da população adulta e crianças é exposta ao tabagismo passivo em suas próprias casas ou em locais públicos; eis aí um grande problema de saúde pública.
De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS/2019), os números de fumantes passivos está caindo, mas ainda é importante ficar atento. Estima-se que o número de fumantes passivos em casa seja 7,9% e 8,4% no trabalho, em ambientes fechados.
Segundo pesquisas, em 1989, 34,8% da população acima de 18 anos era fumante no Brasil. Um percentual que vem caindo ao longo dos anos no país por causa das inúmeras ações desenvolvidas pela Política Nacional de Controle do Tabaco.
Os dados mais recentes, do ano de 2019, coletados na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) apontam para um percentual total de 12,6% de adultos fumantes. Considerando o período de 1989 a 2010, a queda percentual de fumantes no Brasil foi de 46%.
O quadro abaixo, publicado em um estudo na PLOS Medicine, em 2012, ilustra a relação da queda do consumo de cigarro entre o público feminino e masculino e as políticas de controle do tabaco no Brasil.
Quando o assunto são os adolescentes, as pesquisas realizadas no Brasil na última década apontam que o cigarro ocupa o segundo lugar no ranking de drogas mais experimentadas pelos jovens. Em geral os jovens brasileiros experimentam o tabaco pela primeira vez aos 16 anos.
A maioria dos fumantes quer abandonar o cigarro. No Brasil, o índice chega a 78% deles. Na maioria dos casos, o sucesso depende da motivação individual e do apoio daqueles ao seu redor.
Cada pessoa tem um método um pouco diferente para deixar de fumar, e você deve encontrar a estratégia certa para o seu caso. De fato, táticas comuns foram, no entanto, úteis para muitas pessoas e podem aumentar suas chances de sucesso a longo prazo.
Então, se não tiver sucesso na primeira vez, continue tentando. A maioria dos fumantes faz várias tentativas antes de se livrar para sempre do vício. As estatísticas mostram que, embora apenas 3% dos fumantes consigam parar sozinhos, o índice sobe para 30% quando buscam ajuda médica.
Lembre-se ainda de que você pode obter ajuda da família e dos amigos, e fique atento a esses quatro produtos que podem te ajudar a parar de fumar!
Para saber mais sobre dados e números da prevalência do tabagismo, veja o relatório completo do Instituto Nacional do Câncer (INCA).