Já passou da meia-noite, e o pai está deitado no sofá da sala, assistindo ao fim de um filme. De repente, surge o filho pequeno. Com os olhos bem abertos,
Julia Monsores | 29 de Janeiro de 2020 às 11:00
Já passou da meia-noite, e o pai está deitado no sofá da sala, assistindo ao fim de um filme. De repente, surge o filho pequeno. Com os olhos bem abertos, a criança começa a falar coisas incompreensíveis, e, logo em seguida, tenta sem sucesso abrir a porta de entrada da casa. Após mais algumas frases ininteligíveis, o filho retorna ao quarto e volta a dormir. No dia seguinte, quando o pai comentar o que aconteceu, ele não vai se lembrar de nada.
A cena descrita é uma situação típica de sonambulismo infantil, mas não se assuste: entre as crianças, o sonambulismo pode ser considerado um fenômeno normal, relacionado ao processo de amadurecimento do cérebro, e em 65% dos casos existe um componente genético de predisposição a esse fenômeno.
O sonambulismo infantil é um transtorno do sono em que a criança, embora esteja dormindo, parece estar acordada, podendo se sentar, falar, andar pela casa, abrir portas, janelas, gavetas, e até mesmo se alimentar.
Normalmente, ocorre entre os três e os sete anos de idade, época em que o desenvolvimento do sistema nervoso é muito intenso, o que pode refletir na qualidade do sono.
Os episódios podem durar poucos minutos, ou se prolongar por até 40 minutos. O sonambulismo não indica que a criança apresente problemas psicológicos ou emocionais, e na maioria dos casos dispensa tratamento à base de medicamentos. Mas, se os episódios forem muito frequentes e começarem a interferir no dia a dia da criança, é indicado o auxílio profissional.
No entanto, embora não se trate de uma condição preocupante, uma criança andar dormindo pela casa requer uma série de cuidados. Primeiramente, nunca tente acordá-la no meio de um episódio de sonambulismo. O recomendável é falar com muita calma e reconduzi-la, com cuidado, para o quarto até que o sono se normalize. É preciso deixar fora do alcance objetos cortantes, como facas e tesouras, e manter o quarto livre de brinquedos espalhados pelo chão, para não correr o risco de possíveis tropeços e machucados.
É muito importante trancar as portas da casa e retirar as chaves, bloquear o acesso às escadas e colocar telas de proteção nas janelas. Agora, importante mesmo, é que os pais fiquem calmos e transmitam segurança à criança, pois o sonambulismo infantil normalmente desaparece na adolescência. E fique sabendo que aquela imagem clássica do sonâmbulo caminhando lentamente pelo corredor, com os braços esticados à frente, não passa de uma cena de cinema.