O pequeno morreu após seis horas de "sofrimento e agonia" de acordo com o processo
Vitória Tedeschi | 2 de Agosto de 2023 às 17:58
O Hospital Sírio-Libanês foi condenado em segunda instância, por decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo, a indenizar os pais de um menino de um ano de idade que morreu - de acordo com o processo - por erro e negligência médica, após seis horas de "intenso sofrimento e agonia".
Segundo o UOL, o hospital e dois médicos que integravam seu quadro de funcionários em abril de 2018 terão que pagar cerca de R$ 969,6 mil aos pais de Pedro de Assis Cândido, valor que será ainda acrescido de juros e correção monetária.
Além disso, a decisão ainda citou a obrigação com o ressarcimento das despesas com tratamentos psicológicos. Ainda cabe recurso da decisão em instâncias superiores.
A demora na avaliação do paciente lhe tirou a única chance de sobrevivência", afirmou a desembargadora Hertha Helena de Oliveira, relatora do processo, na decisão. "É estarrecedora a conduta da médica."
Apesar da decisão, vale citar que o hospital e os médicos negam que tenha ocorrido falha ou negligência.
Pedro de Assis Cândido era portador de uma rara doença autoimune chamada doença granulomatosa crônica (DGC), que prejudica o sistema imunológico dos portadores, impedindo o combate do organismo à infecções causadas por fungos e bactérias e prejudicando o funcionamento de órgãos vitais. A doença não tem cura, apenas tratamento.
Ele foi internado no Sírio em março de 2018 para fazer um transplante de medula óssea, onde também recebeu uma dose de quimioterapia com o objetivo de destruir a medula doente e prepará-lo para receber a nova.
No entanto, na sequência, ainda de acordo com o processo citado pelo UOL, começou a demonstrar sinais de incômodo, que se transformaram em dores intensas na barriga, náuseas e vômitos e gritos de desespero na sala cirúrgica. Segundo os pais, a médica responsável ministrou o remédio e deixou a sala.
Eles afirmam que buscaram ajuda dos profissionais, que apenas ministraram doses de morfina ao garoto. Após isso, o casal procurou o posto de enfermagem do hospital quando Pedro sofreu uma parada cardiorrespiratória e faleceu.
"Os réus deixaram de prestar socorro à criança que estava em síndrome hemorrágica e cuja sobrevivência dependeria de uma avaliação médica e de seu encaminhamento imediato à UTI", afirmaram à Justiça os advogados Tiziane Machado, Leandro Oliveira e Patrícia Gavronski, que representam os pais da criança.