Condição conhecida como síndrome edemigênica pode ser provocada pelo mau funcionamento de alguns órgãos ou devido a desequilíbrios no organismo.
Walter Farias | 13 de Dezembro de 2022 às 15:00
Desde a última terça-feira (29), o ex-jogador Pelé encontra-se internado no Hospital Albert Eintein. Com confusão mental, inchaço generalizado e outros sintomas, o ex-atleta, que luta contra um câncer de cólon desde setembro de 2021, agora foi diagnosticado com a síndrome edemigênica.
Recentemente, a síndrome ficou mais conhecida no Brasil após outro grande nome do país enfrentar o mesmo problema. O cantor e compositor Erasmo Carlos foi a óbito em 21 de novembro, devido a complicações causadas pelo quadro. Mas você sabe do que se trata a síndrome edemigênica e quais os sinais? Para responder essa e outras perguntas, nós preparamos um guia completo!
Segundo o nefrologista Luís Trindade em entrevista ao jornal Estado de Minas, nós precisamos em primeiro lugar compreender que a síndrome não é uma doença. Segundo Luís Trindade, a síndrome edemigênica é um conjunto de sinais e sintomas consequentes de alguma patologia. A grosso modo, trata-se de um acúmulo exagerado de líquidos nos tecidos do corpo. E sua origem pode estar em mais de um lugar
Assim, também é importante saber que "o termo é usado quando o paciente tem um edema e a causa ainda é desconhecida. Então, quando a pessoa tem um inchaço sem causa definida, essa pessoa tem a síndrome edemigênica", complementa o Nefrologista.
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Como explicado acima, a síndrome edemigênica surge por conta de algum outro problema em nosso organismo. Mas que problemas são esses? Geralmente doenças relacionadas ao coração, fígado ou rins, ou quando o corpo manifesta desequilíbrio bioquímico.
Segundo especialistas, a resposta para essa pergunta ainda é incerta. Mas acredita-se que seja de alta incidência. Isto porque, como dito anteriormente, ela possui diversas origens. Outro ponto que faz os especialistas crerem na alta incidência são os dados divulgados pelo Ministério da Saúde referentes à cirrose hepática.
Em 2017, a cirrose hepática foi a décima maior causa de morte no Brasil. Por ano, ela é responsável por cerca de 2,4 milhões de mortes no país e acredita-se que pelo menos 10 milhões de brasileiros possuem a doença. Acontece que, a cirrose é uma doença renal crônica, que pode se originar de uma síndrome edemigênica. Portanto, é possível que a síndrome fuja do quadro de raridade.
O paciente mais suscetível é aquele com alto risco de desenvolvimento de doenças no coração, fígado e rim. Logo, entende-se que pessoas de idade avançada, hipertensos, pessoas diabéticas, tabagistas, com algum tipo de obesidade e portadores de doenças autoimunes são algumas das pessoas que possuem maior tendência de apresentar o quadro.
A síndrome por si só não leva ao óbito. Entretanto, um paciente com este diagnóstico deve seguir de forma disciplinada e contínua as recomendações médicas. Entre elas estão o consumo de diuréticos e restrição hídrica. Fora isso, o órgão em mau funcionamento precisa receber tratamento e também é necessário ser identificado onde se encontra o maior acúmulo de líquidos.
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Mas isto não quer dizer que não há riscos. A quantidade exacerbada de líquido gerada pela síndrome, pode sobrecarregar o sistema do paciente. Um edema pulmonar, por exemplo, costuma levar o paciente diagnosticado ao óbito, porque gera insuficiência respiratória.
Não é certo de que isto irá acontecer, porém, há sim um aumento de chances de ocorrer uma trombose em pacientes com síndrome edemigênica. E qual é a razão disto? Quando há grande quantidade de líquido saindo do vaso sanguíneo, o sangue que circula dentro do vaso fica mais espesso, logo, levando ao aumento de risco.
Antes de falar do tratamento, é importante ressaltar que o médico passará uma bateria de exames antes de realizar o diagnóstico e consequentemente o tratamento. Somente após um profissional da saúde realizar a consulta e exames laboratoriais e traçar o diagnóstico, é que se terá a certeza do quadro completo e a melhor forma de tratar o paciente. Isso porque o tratamento pode ser feito de diferentes maneiras dependendo do quadro. Afinal, devemos lembrar que há mais de uma origem para a síndrome, portanto, deve-se encontrar a causa do inchaço para ser realizado o tratamento adequado.
Todavia, enquanto não se chega a uma conclusão, é possível que o médico trate do edema apresentado pelo paciente. Na maioria dos casos este tratamento é feito com antidiuréticos, mudanças na dieta e comportamento do paciente.
Já entendemos que a síndrome gera o aumento exacerbado de líquidos nos tecidos, mas o que causa edema? Bem, o edema assim como a síndrome pode ocorrer por diferentes razões. Pode ser um enfraquecimento da parede dos vasos sanguíneos ou até mesmo o consumo desmedido de alimentos ricos em sódio.
Se a causa do edema for descoberta rapidamente, é possível sim realizar uma cura. Então é fundamental procurar um médico assim que os sintomas aparecerem.
O edema pode apresentar um inchaço estranho em determinadas partes do corpo, como: pés, mãos e braços. Mas também pode aparecer de forma generalizada. Fora isso, em casos menos comuns, o edema não irá se manifestar em sinais físicos.
Caso o edema não desapareça depois de algumas horas, ou então em caso de dor (leve ou moderada), ou a pele ficando sensível; são estes os momentos em que deve-se ter atenção e ir de encontro ao médico mais próximo para realizar uma valiação.
Quando o edema não é tratado da maneira correta ou com a devida atenção, ele pode evoluir para maiores complicações. Uma das mais preocupantes é o surgimento de edema pulmonar.
Atenção: Esta matéria tem caráter informativo e não substitui a consulta médica especializada. Para ter o diagnóstico correto dos seus sintomas e fazer um tratamento eficaz e seguro, procure orientações de um médico.
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