Bebês de pais que utilizaram monoxidil estão nascendo com excesso de pelos no corpo e podem sofrer com complicações em órgãos vitais
A hipertricose, popularmente chamada de síndrome do lobisomem, é uma condição rara que provoca o crescimento anormal e excessivo de pelos em várias regiões do corpo. Recentemente, na Espanha, o caso de 11 bebês diagnosticados com hipertricose chamou atenção, destacando a importância de debates sobre a segurança no uso de medicamentos, como o minoxidil.
Produtos como loções à base de minoxidil são disponíveis sem necessidade de prescrição em farmácias. Os produtos com esse ativo pometem reverter queda de cabelo. No entanto, geralmente, não são classificados como medicamentos que geram efeitos colaterais significativos. Até o momento.
O Centro de Farmacovigilância de Navarra, na Espanha, identificou que bebês cujos pais fazem uso desses medicamentos podem apresentar um quadro clínico incomum e potencialmente sério: a hipertricose.
O que é a hipertricose?
Segundo a Rede D'or São Luiz, a hipertricose é extremamente rara, também conhecida como “síndrome do lobisomen”. O paciente que sofre de hipertricose apresenta um crescimento excessivo de pelos em todo o seu corpo, e conforme a doença se desenvolve, apenas seus pés e mãos, em sua parte interna, ficam sem apresentar pelos.
O paciente pode nascer com a hipertricose, sendo que os pelos temporários que os bebês possuem, bem finos e conhecidos como “lanugos” não desaparecem. Mas a hipertricose também pode surgir apenas na vida adulta.
O que causa hipertricose?
A causa exata da hipertricose ainda não é completamente conhecida, mas acredita-se que a condição esteja ligada a uma mutação genética. Por esse motivo, é comum que mais de um membro da mesma família apresente a condição.
Em certas situações, a hipertricose pode ser adquirida, manifestando-se como resultado do uso prolongado de alguns medicamentos específicos ou como uma consequência associada ao câncer.
Na ocorrência registrada na Espanha, o crescimento excessivo de pelos foi associado ao uso de minoxidil tópico, um medicamento amplamente empregado no tratamento da alopecia androgênica (calvície).
A situação foi descoberta após a análise de casos em que pais que utilizavam o minoxidil tiveram contato direto com seus filhos, expondo os pequenos acidentalmente ao produto. Em todos os casos relatados, os sintomas regrediram assim que os pais suspenderam o uso do medicamento.
O Monoxidil realmente é seguro de ser usado?
O minoxidil é amplamente reconhecido por sua eficiência no combate à calvície, tanto em homens quanto em mulheres. Comercializado em concentrações tópicas de 2% e 5%, o produto funciona como um vasodilatador, promovendo o crescimento dos fios.
A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) atualizou recentemente a bula do minoxidil, destacando o risco de hipertricose em crianças devido à exposição acidental. Esse aviso reforça a importância de os usuários seguirem as instruções com cuidado, como lavar bem as mãos após a aplicação e evitar o contato do produto com crianças.
“Com base nos dados disponíveis [...] o Comitê de Farmacovigilância (PRAC, na sigla em inglês) considera que a relação causal entre o uso de minoxidil (formulação tópica) e a hipertricose em lactentes após uma exposição tópica acidental é uma possibilidade razoável, no mínimo. O Comitê conclui que as informações dos medicamentos que contêm minoxidil (formulação tópica) devem ser alteradas de forma correspondente”, consta no documento da EMA que analisa o caso.
Como proteger as crianças da síndrome do Lobisomem?
Episódios como esses destacam a importância de manusear e aplicar o medicamento com cuidado redobrado, especialmente em ambientes onde há bebês.
De maneira geral, as orientações para prevenir esses casos incluem lavar cuidadosamente as mãos após a aplicação das loções, um procedimento já indicado nas bulas dos medicamentos, e evitar que os lactentes entrem em contato com as áreas do corpo onde o produto foi aplicado, algo que agora é enfatizado nas novas bulas.